quarta-feira, 30 de abril de 2014

Só conferindo...



ranking-educacao-oecd-brasil-penultimo

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mantém um ranking da educação em 36 países, no qual o Brasil atualmente amarga a penúltima posição, à frente somente do México. Como critérios avaliados pela organização estão o desempenho dos alunos no PISA, a média de anos que os alunos passam na escola e a porcentagem da população que está cursando ensino superior.

Como destaques no ranking aparecem Finlândia, Japão e Suécia. E você? Acha que a educação no Brasil vai alcançar esse nível algum dia?

Fonte: OECD Better Life Index

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Alguns comentários: (de outros)

Julio Zochi
ha ha ha até que enfim ganhamos do México !!

frank há 48 minutos 30/4/2014 18:56
Viva a política na sala de aula, viva a Paulo Freire e a pedagogia do oprimido.

leonarfo  há 1 hora  30/4/2014 18:33
Alinhar por cima e fácil somente paises de primeiro mundo normal da veja

Bruno Petra
Chupa México, não pera...
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A prudência me aconselha a ficar quieta... envergonhada com a notícia e pasmada com os comentários que vêm reiterar a informação.
Enfim... seja o que Deus quiser.

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Muito útil - Furoshiki

Você já ouviu falar em furoshiki?
Trata-se de uma antiga arte japonesa, que envolve dobraduras e amarrações, na qual qualquer objeto pode ser embrulhado. Para isso, basta unir as extremidades de um tecido com um nó mágico.
Não há restrição, tudo pode ser embrulhado com rapidez e versatilidade: marmitas, joias, objetos pessoais.
É possível, inclusive, reaproveitar lenços e panos que antes tinham outras finalidades. Dessa forma, você une o conceito de sustentabilidade, tão presente nos dias atuais, com a praticidade dessa técnica japonesa.

Traduzindo ao pé da letra, furoshiki nada tem a ver com embrulho de objetos em tecido. Segundo Sofia Nanka Kamatani, designer idealizadora do Furoshiki no Brasil, esses acessórios foram vistos pela primeira vez há 1.200 anos. Eram os panos onde se embrulhava o tesouro imperial do Período Nara (no Japão, de 710 a 794 d.C.).
No período Edo (de 1603 a 1868, também no Japão), eles começaram a ser usados pelos senhores feudais para forrar o chão, enquanto tomavam banhos públicos. Daí surgiu o nome Furoshiki: Furo é o nome do local onde senhores tomavam banho. Shiki é o ato de forrar o chão.

Qualquer tecido serve?

Sim. Vale lembrar apenas que, para carregar objetos mais pesados, tecidos mais resistentes são a melhor alternativa. Para objetos delicados, até uma seda pode ser utilizada. "No Japão o tecido mais tradicional é o chirimen. Ele imita a textura da seda, só que é mais resistente. Porém, atualmente o algodão tem sido mais utilizado por ser mais barato e não necessitar de cuidados especiais na lavagem", explica Claudio Sampei, responsável pelo Movimento Mottainai Brasil (Movimento japonês voltado para educação ambiental).

Geralmente, a amarração fica mais fácil se o tecido é quadrado, ou seja, tem os lados em medidas iguais. Mas o essencial mesmo do furoshiki é o nó dado na amarração. "Ele deve ser feito com um 'nó mágico'. Ele é de suma importância porque é um nó resistente, mas que conseguimos desatar com facilidade", ensina Sofia Nanka Kamatani.

Como fazer o nó mágico?

É bem fácil. Aprenda neste vídeo tutorial aqui!

terça-feira, 29 de abril de 2014

"Let it be"

Até agora, nada de técnico da SKY. Não sei se estou realmente sentindo falta. Já comentei que tecnologia demais acaba enchendo o saco.
Dei uma olhada no facebook mas não estou com vontade de interagir. Não estou muito bem de ânimo e prefiro não deixar transparecer. Ainda não consigo fingir muito bem.

Pensando bem, estou dando muita atenção a coisas sem importância.
Vou é ficar quieta, cuidando das minhas coisas.


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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Do word

Itatiaia, 27 de abril 2014 – Domingo à noite

Em casa, depois de passeio em Penedo com Liliane, os netos e Terezinha (a outra avó do Henrique); almoçamos no Costa, onde encontramos a Marga (vovó da Tatiana), conversamos um pouquinho e foi muito agradável.
Andamos um pouco, fizemos umas comprinhas, enfim, um domingo gostoso.

Aqui, o problema das conexões continua. Sem internet (escrevo no word - quando voltar a conexão, passo para o blog Avesso), sem TV – o técnico da SKY não veio configurar a geringonça – e o sinal do celular também está precário.  Fora esses ‘perrenguinhos’, está tudo bem.

Ultimamente anda me batendo um desânimo; ainda não estou bem certa sobre a mudança para Resende, pois depende da venda da casa. Fico naquela de não saber o que faço. Há outros probleminhas a serem resolvidos... A verdade e que está cada vez mais chato ficar aqui.
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Hoje - segunda feira, 28 de abril - a internet voltou (mais ou menos...).
Fui ao facebook só para dar bom dia ao pessoal. De cara, uma conhecida - "amiga" entre muitas aspas - começou perguntando se estava tudo bem (claro, sempre está, né?) só para mandar a grossura que lhe é peculiar. O lance dela é a fofoca, a falsidade e ela pensa que me faz de besta. Respondi (com falsidade também) o que ela queria saber. Logo em seguida ela disse que ia 'cuidar da vida' e se despediu. Graças a Deus! Ia cuidar da vida dos outros, isso sim.

Então... viver é assim mesmo: ontem, encontro com gente educada, agradável; hoje, tomar cuidado com pessoas invejosas e falsas.  Haja saúde mental e paciência...

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Ciência e Poesia

Chamou minha atenção hoje, logo pela manhã, um lead no jornal UOL sobre a descoberta de um planeta. Tanto o assunto quanto a forma de apresentá-lo fogem à crueza costumeira nestes dias de insensibilidade e desprezo pela linguagem.  O que me fez lembrar, também, dos textos de Marcelo Gleiser,  físico e astrônomo que escreve poeticamente sobre ciência sem, no entanto, perder a objetividade que a matéria exige.
Diz a chamada no jornal de hoje:


Perdido no espaço
Cientista nos EUA descobre planeta órfão, sem sol para orbitar

Um planeta órfão e solitário, vagando pelo espaço sem a companhia de uma estrela-mãe
Um planeta órfão e solitário, vagando pelo espaço sem a companhia de uma estrela-mãe
(foto jornal UOL)

Um planeta sem sol
POR SALVADOR NOGUEIRA
25/04/14  06:04

Um cientista americano acaba de descobrir um planeta órfão, que não tem sol. Ele está flutuando pelo espaço, não muito distante do Sistema Solar. O achado vem se somar a outros para consolidar cada vez mais a noção de que é difícil estabelecer uma separação clara entre planetas e estrelas.

O novo objeto, que atende pela feiosa designação WISE J085510.83–071442.5, tem entre 3 e 10 vezes a massa de Júpiter — é um gigante gasoso, portanto — e, como seria de se esperar de um astro que não gira em torno de uma estrela, é frio. Sua temperatura estimada gira entre -48 e -13 graus Celsius. Aliás, só não é mais frio que isso porque provavelmente ainda retém algum calor proveniente de seu processo de formação. E ainda bem, porque é o fato de não ser completamente congelado que permitiu sua detecção, por meio de um suave brilho em luz infravermelha detectado pelo satélite Wise, da Nasa.

O achado tem chamado a atenção dos astrônomos por duas razões: primeiro porque é o astro mais frio desse tipo já detectado. Segundo porque ninguém sabe direito como chamá-lo. O autor da descoberta, Kevin Luhman, da Universidade Estadual da Pensilvânia, preferiu defini-lo como uma “anã marrom”. Essa classe de objetos é composta por estrelas “abortadas”, que não conseguiram reunir massa suficiente para iniciar a fusão de hidrogênio em seu núcleo e, por isso mesmo, não “acenderam”. Só que parte da comunidade astronômica traça a linha entre planetas e anãs marrons num limite de 13 vezes a massa de Júpiter. Seguindo esse critério, o achado seria um planeta órfão, e não uma anã marrom.

A sugestão vem do fato de que, com mais massa que isso, o objeto consegue ao menos fundir deutério (versão mais pesada do átomo de hidrogênio, com um próton e um nêutron no núcleo), gerando uma módica quantidade de energia térmica. Agora, se ele tem menos de 13 massas de Júpiter, nem isso ele consegue. É uma bola morta de gás, que vai se resfriando conforme o calor interno da formação se esvai, ao longo de bilhões de anos. Bem a cara de um planeta gigante gasoso, só que sem uma estrela para chamar de mãe.

Luhman está pintando e bordando em tempos recentes com os dados do satélite Wise. Num estudo recente, ele praticamente descartou a presença de um planeta X nas profundezas do Sistema Solar (para a tristeza dos nibirutas), e noutro ele conseguiu analisar o padrão de nuvens de uma anã marrom pertencente a um par binário que ele mesmo descobriu. A descoberta do WISE J085510.83–071442.5 (para os íntimos, WISE 0855–0714) é o terceiro trabalho bombástico em sequência. O astrônomo americano está rapidamente se tornando o rei das anãs marrons. Esse último artigo foi publicado na última segunda-feira no “Astrophysical Journal Letters”.

PLANETAS SOLITÁRIOS (E PRÓXIMOS)

O achado, na prática, demonstra que pelo menos um certo tipo de planeta — gigantes gasosos maiores que Júpiter, mas menores que as anãs marrons — pode se formar sozinho no espaço, pelo mesmo processo que leva ao surgimento de estrelas.

Também é muito interessante observar a proximidade que esse astro recém-descoberto guarda do Sistema Solar. O objeto está a 7,1 anos-luz da Terra, uma distância que faz dele o quarto sistema mais próximo (perdendo apenas do trio em Alfa Centauri, da anã vermelha conhecida como Estrela de Barnard e do par binário de anãs marrons descoberto anteriormente pelo próprio Luhman). Não chega a ser uma distância para encorajar nibirutices, mas me faz pensar em algo que o físico britânico Freeman Dyson disse, ao refletir sobre viagens interestelares.

Costumamos pensar que uma viagem até a estrela mais próxima (Proxima Centauri, a 4,2 anos-luz) significa que a humanidade terá de atravessar essa imensa distância (cerca de 40 trilhões de quilômetros) numa pernada só. Isso, por sua vez, faz muitos pensarem que voo interestelar é impraticável. Dyson, contudo, destaca que há muita coisa nesse suposto vazio entre uma estrela e outra. Ele sugere que viagens interestelares podem ser feitas mais ou menos do mesmo jeito que os antigos polinésios atravessaram o oceano Pacífico — pulando de ilha em ilha.

Já sabemos que há muitos objetos de porte razoável além de Netuno (planetas anões como Plutão e Éris), que poderiam nos receber e abrigar colônias humanas instaladas em ambientes controlados, a despeito do frio intenso. De lá, podemos saltar para objetos que ora se aproximam daquela região, ora se afastam, como o Quaoar. Numa terceira parada, teríamos os possíveis planetas anões presentes na nuvem de Oort, que se estende até um ano-luz de distância do Sol. De lá, quem disse que não encontraremos planetas órfãos — pequenas ilhas no vazio cósmico — que nos ajudem a atravessar os três anos-luz restantes?

Além de planetas que não conseguiram virar anãs marrons, podemos encontrar astros de todo tipo que nasceram em torno de estrelas, mas depois foram ejetados de seus sistemas planetários de origem e agora seguem órbitas em torno do centro da Via Láctea. Eles são praticamente invisíveis para nós daqui, visto que são pequenos, distantes e gelados, mas talvez possam ser detectados pela humanidade do futuro, que já tiver estabelecido uma estação de pesquisa em Quaoar.

Além de turvar a distinção que fazemos de planetas e estrelas, esses astros órfãos realçam a incrível variedade do cosmos. E nos fazem lembrar que não podemos restringir nossa imaginação aos próximos dez anos, ou mesmo ao próximo século. O Homo sapiens já tem 200 mil anos. Se continuar existindo por outros 200 mil, o que não poderá estar fazendo no longínquo ano de 202.014? Gosto do Dyson sobretudo porque ele não tem medo de pensar grande. Quando você se vê diante do tempo em escala astronômica, nada parece impossível.

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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Surpresa fotográfica - Otacílio Rodrigues

Devidamente autorizada, em Resende-RJ

"Esta foto, feita no dia 26 de junho de 2012, às 12:17, nunca foi publicada antes por razões que eu próprio desconheço. Mas me lembro bem como tudo aconteceu.
Da janela de casa, eu observava, há alguns dias, o ipê roxo florescer do outro lado do rio. Quando achei que era hora, apontei a câmera para o alvo e descobri, através da teleobjetiva, que atrás do roxo do ipê tinha o laranja da estrutura do novo (na época) ponto de ônibus próximo à rodoviária velha.
E o que já parecia bonito ficou ainda mais exuberante com a mistura de cores formada por essas duas fontes tão distintas: uma árvore florida e uma estrutura metálica.
Para completar o cenário, faltava só a presença humana, que se materializou - no instante exato do clique - na figura de uma mulher de casaco e chapéu azuis, descendo solitariamente a rampa da Ponte Velha."

Otacílio Rodrigues - fotógrafo


Escrever


"...tudo o que a gente escreve na vida são cartas, né? 
Certo é que elas ganham outros nomes por aí, no meio do caminho. Mensagens, recados, missivas, canções, literatura, peças de teatro, receitas médicas. 
Mas são sempre cartas." (...)

André J. Gomes - "Revista Bula"

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sábado, 19 de abril de 2014

Celebrações...


Pintura de Leonardo da Vinci feita na parede do refeitório
do convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão.”
Admiro profundamente essa obra de Da Vinci. Momento em que Jesus se reúne pela última vez com seus apóstolos.
Início da Paixão de Cristo. Entrada festiva em Jerusalém, traição de Judas Iscariotes, julgamento, condenação, tortura até o Calvário. Depois, no domingo, a ressurreição.

Assim me foi contada a mais bela história.

Entretanto, apesar da tentativa de ensinamentos à humanidade, do jeito que o mundo caminha penso ser de uma enorme hipocrisia todas essas celebrações de eventos religiosos durante o ano.
Natal e Páscoa, por exemplo: tendo sido educada com as tradições cristãs, é claro que esses rituais se enraizaram na minha formação, mas com o passar do tempo foram perdendo, para mim, o significado aprendido. Mesmo porque tive sempre a curiosidade de conhecer o surgimento de tais tradições e a maioria delas se mistura a festas pagãs e a muitas outras formas de religião.

Hoje, no meu modo de ver, ficaram apenas as convenções, a repetição de comemorações do passado como tradição histórica. Sinto um certo cansaço em explicar como isso aconteceu.
A vida, a vida que segue arredondando as nossas arestas, corrigindo nossa trajetória, ensinando-nos o tempo todo a não esperar senão o que nos está destinado.
Apenas o ciclo. Independentemente da nossa vontade ele se cumpre.

Temos na família - filhas, genros e netos - o hábito de nos reunirmos com certa frequência.
Nada impede que, desta vez, em mais uma celebração da vida, eu os receba neste domingo com uma bela feijoada, a pedido de uma das filhas.
Nada impede, também, que a reunião seja entendida como comemoração da Páscoa.


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terça-feira, 15 de abril de 2014

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - Corruptelas

Corruptelas 
Luis Fernando Veríssimo - no "Blog do Noblat"

‘Corrupção” vem do latim “rumpere”, ou romper, quebrar. Da mesma origem latina vem a palavra “rota”, através de “ruptura”, que virou “rupta” (um caminho aberto) no latim vulgar e está na origem do francês “route”, rota, e também de “rotina”.
“Corrupção” e “rotina” vão se encontrar no Brasil moderno. A culpa não é do nosso caráter, é da etimologia.

Quem busca as origens das palavras pode, muitas vezes, se ver atacado por elas, por trás.
O francês que for procurar no Google, como eu, a origem do anglicismo “cocktail” esperando descobrir alguma coisa envolvendo o galo e seu rabo descobrirá que a palavra vem de “cocklay”, uma corruptela, na língua “creole” do Sul dos Estados Unidos, de “coquetier”, um cálice para ovos — em francês.
O que não o impedirá de continuar pedindo “um coctel” sempre que quiser “um dry Martini” ou “um old fashioned” antes de comer “um biftek”, que vem do inglês “beefstake”, ou steak de “beef”, corrupção inglesa do francês “boeuf”.

O mesmo francês, enquanto joga golf acompanhado de “um caddie”, palavra que vem da Escócia, mas só estava lá de passagem, porque é uma adaptação do francês “cadet”, pode comentar que esteve no México e se maravilhou com as bandas de “mariachis”, sem saber que “mariachi” vem de “marriage”, pois era a música tocada nos casamentos durante a ocupação do México por quem?
Pelos franceses.

O mesmo francês, quando usa “les jeans” pensando que são uma invenção americana não sabe que a palavra vem da pronúncia inglesa de “Gênes”, Gênova em francês, pois era em Gênova que fabricavam o tipo de tecido usado nas primeiras calças jeans.

E você quer saber de onde vem a palavra “sicofanta”, também muito em moda no Brasil de hoje?
Antigamente queria dizer informante, ou, em grego, quem mostrava onde estavam os figos. “Sukon” era figo e “phantes” o que mostra. Isto porque havia um animado tráfico de figos na época e os contrabandistas da fruta eram perseguidos pelas autoridades.
Sempre o tráfico.

O que seria de nós sem o Google?"

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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Nostalgia de Outono

Talvez porque tenha assistido ontem à entrevista de Michel Légrand no Programa do Jô ; talvez porque tenha amanhecido hoje essa chuvinha de outono ;  talvez porque esteja cansada das notícias de sempre, da indiferença geral, dos sons ensurdecedores ; talvez uma saudade do meu piano, sei lá...


Música tema do filme "Les Parapluies de Cherbourg" ("Os guarda-chuvas do Amor" em português), um musical de Jacques Demy, de 1964. 
A partir desse filme é que Catherine Deneuve se torna conhecida.

Simples historinha de amor (o que foi que eu disse? Histórias de amor nunca são 'historinhas' e muito menos simples...) sem maiores pretensões, mas que a trilha sonora valorizou sobremaneira.

É isso.

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domingo, 13 de abril de 2014

Uma crônica de Graça Taguti


Ninguém consegue viver de janelas fechadas
Graça Taguti - "Revista Bula"


Imagine abrir sua janela ao acordar e, do mesmo modo que as lagartas magicamente se borboleteiam pelas paisagens da vida, encontrar uma fruta que se oferece a você.
Clama por seu gesto de sorvê-la inteira. Entregando assim sua gratidão a um dos tantos presentes que a natureza diariamente lhe dá, sem exigir nada em troca.

Saber receber é uma arte. Abrir os braços, o sorriso, o corpo e o coração e dispor-se aceitar quem estende o afeto a você.
Receber exige coragem. Integridade. Desejo. Iniciativa. Transparências do querer genuíno.
Quantas vezes ansiamos por algo ou por alguém, mas amortecemos as vontades, anulando-as até, enquanto trancamos nossas demandas nas gavetas da privação.

Por absurdo que pareça é mais fácil morrermos de fome. Agarrarmo-nos a uma soberba imbecil, estruturada na deplorável e ilusória onipotência de sermos autossuficientes. Autotróficos como as plantas, que extraem do solo a nutrição de que necessitam.

Mais fácil esbofetearmos os ventos da amorosidade que nos acariciam os sentimentos. Cuspirmos na possibilidade de promovermos sinergias junto a alguém.
Seja no trabalho, nos relacionamentos sociais, ou nos pares que pretendem abrir-se para os aconchegos da intimidade.

O medo de perder anuncia-se sob várias roupagens e disfarces – e é, além de costumeiro, renitente visitante da nossa existência. Enraizado nas couraças do espírito e aparentemente irrevogável.

Por que provarmos do mel, acendermos nossa gula se poderemos perdê-lo repentinamente? Melhor equivaler seu gosto ao do fel — recusando, então, o favo que nos provoca.

Você pode apossar-se da faca que reina afiadíssima em sua cozinha. Enterrá-la de vez no cérebro, sem qualquer anestesia. Expulsar do crânio sangrento e agonizante os neurônios que julga imprestáveis. Soldados do exílio voluntário. Apologistas das vantagens da solidão. Guardiões de silêncios nefastos, porque avessos às manifestações de carinho. Como, por exemplo, a dedicação às causas sociais deste mundo apodrecido que tanto nos constrange.

Coma a fruta, vai. Aceite a flor. Namore a borboleta que baila suas cores, bem diante dos seus olhos surpresos. Ela apresenta seu espetáculo, ondulando no ar da poesia, toda feliz e de graça.
Coma a fruta, vai. Aceite a ajuda de um parceiro de caminhada para chegar àquela cachoeira tão bela quanto escondida dos visitantes nas matas.
Prefere pêssegos, caquis, mangas — uma goiaba madura e vermelha?

Jogue o orgulho no lixo. Você mora só, jura ser independente por todos os poros, mas não consegue dar o nó na gravata. Subir o zíper do vestido. Matar a barata enorme e cascuda que o encara feroz no teto da sala.

A vergonha de pedir ajuda é tão estúpida quanto a sua recusa em declarar amor a quem o rodeia. Fraqueza solicitar auxílio. Disso você não duvida.
Outro gesto impensável é pedir perdão. Esta humilhação inadmissível não pode manchar seu currículo atitudinal.

E assim vamos sobrevivendo — ou melhor levitando, como autômatos neste planeta. Roubando romances jamais experimentados de páginas literárias já gastas. Angariando sonhados momentos, valendo-nos das muletas da imaginação que tingem de cores atraentes algumas cenas do filme a que resolveu assistir.

Quanta covardia. Esconder a premência do amor atrás das portas do cotidiano. Esmagar a linda borboleta com suas mãos cegas e insanas. Arrancar do galho a fruta mais desejada e atirá-la ao chão, triunfante, num arremedo de falido desdém.

Nem sempre percebemos o inverno que nos invade. Tiritamos de frio, porém permanecemos inconscientes.
Expomo-nos a pneumonias na alma.
Vestidos de acintosa nudez, trocamos nossos braços de abraçar pelo repúdio dos galhos secos e mortos.

Felizmente a vida se revela em ondas, ciclos, luzes distintas. Nada permanece igual. Nem mesmo a maldade, a tristeza ou a insensibilidade. Nem mesmo o medo agarrado a você como uma criança pequena e indefesa.

Pode ser que as janelas agora estejam fechadas. Mas estamos sujeitos a descuidos, distrações ou aos ímpetos de ventanias.
É neste instante que as frutas se oferecem novamente. E mais uma vez você tem a chance de colhê-las.
*            *            *

Ah, Rio de Janeiro...




Linda cidade para ser vista assim...




Fotos de Marcos Estrella

sábado, 12 de abril de 2014

Filme de ontem - TAXI DRIVER


Ontem foi um dia estranho...e para encerrar a estranheza assisti à reprise de um filme que, não sendo do meu gênero preferido, considero um dos clássicos no tema.
Dirigido por Marin Scorcese, "Taxi Driver" (1976) tem no elenco dois nomes que se tornariam estrelas maiores em Hollywood: Robert De Niro e Jodie Foster.

Travis Bickle (De Niro) é um jovem de 26 anos, de origem simples, rude, sem instrução e demonstra ser um pouco perturbado. Sua família é do meio-oeste dos Estados Unidos.
Diz ter pertencido ao Corpo de Fuzileiros Navais e agora se encontra em Nova Iorque.
Como sofre de insônia, busca e consegue emprego de taxista para trabalhar durante a madrugada.
Em seus momentos de folga perambula pelos piores lugares da cidade, a periferia de Manhattan, as zonas de prostituição, frequentando bordéis e salas de cinema onde assiste a filmes pornográficos. É tudo o que conhece do mundo de uma cidade grande.
De seu táxi observa a movimentação noturna e isso o enraivece.
Não gosta do modo como as pessoas se comportam, tenta ficar à margem das cenas que costuma presenciar e pensa que aquilo tem que parar, alguma coisa deve ser feita por alguém.
Nessas suas observações acaba conhecendo uma moça que trabalha no comitê de um político e a tentativa frustrada de iniciar um namoro o deixa ainda mais revoltado com a vida.


Decide, então, ele mesmo, agir como 'justiceiro' e livrar a cidade dos tipos mais abjetos. Compra armas, treina, faz um corte de cabelo no estilo moicano (símbolo de situação de comando na Guerra do Vietnã) e sai para as ruas.
Depois de muito observar determinado ponto de prostituição resolve proteger uma menina (Jodie Foster, aos 14 anos) tirando-a daquela vida e enviando-a de volta à família, o que consegue após uma cena de extermínio violentíssima em um dos mafuás que alugava quartos.

Uma Nova York sombria, suja, ameaçadora na década de 70, mostrada em tons de vermelho, o vermelho do ódio, do sangue, da exacerbação.
Pessoas solitárias preocupadas apenas em ganhar a vida em termos materiais, tornando-se cada vez mais isoladas. Usam a frieza e distanciamento uns dos outros como uma couraça para se proteger do mal que exala das ruas.
Retrato cruel - mas realista -  das grandes cidades. As pessoas se introvertem, se escondem pela descrença no ser humano, pela maldade implícita no simples olhar do semelhante, pelo desrespeito da sociedade.
Daí a atualidade do filme, infelizmente.

Lembrei-me, então, de outros dois grandes filmes na mesma linha:  "Um dia de fúria" com Michael Douglas e "Um dia de cão" (com Al Pacino dirigido por Sidney Lumet).

Na verdade, são filmes cujo tema vai além da violência física. O grito da solidão, do desamor da falta de sentido na vida que leva as pessoas à loucura.

Mas, sem dúvida, grandes filmes realizados por nomes respeitados na indústria do cinema.

É... foi mesmo um dia esquisito.

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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sou eu do lado do avesso...

Hoje estou mesmo do lado do avesso...
Depois de um post que se pretendeu "polêmico" - ô palavrinha besta que a maioria usa inadequadamente - e que rendeu, sim, comentários os mais variados e estapafúrdios, fiquei pensando, sem ter nada com isso, diga-se, no raio da área da Educação no país, o saco de mentiras que guarda a hipocrisia da Escola.
A tal postagem se referia a uma das "belas" notícias que ultimamente preenchem as colunas dos jornais: a prova de Filosofia que trouxe uma questão, ao meu ver, de nenhuma relevância.

Foto: |POLÊMICA|
Foto: |POLÊMICA|

Valesca Popozuda é chamada de grande pensadora e 'Beijinho no Ombro' vira questão de prova no DF. A questão pedia que os alunos completassem um trecho da música. Teste foi parar nas redes sociais e virou alvo de críticas e piadas. http://glo.bo/1kkTDEg
Valesca Popozuda é chamada de grande pensadora e 'Beijinho no Ombro' vira questão de prova no DF. A questão pedia que os alunos completassem um trecho da música. Teste foi parar nas redes sociais e virou alvo de críticas e piadas. http://glo.bo/1kkTDEg

Quem postou pedia 'comentários' e eu disse o seguinte:

Comentar o quê?! Está aí, não está? A escola agora quer ser simpática e trazer "para debate" o óbvio. Perde, com isso, sua especificidade. Imagino que tipo de "pensador" será o aluno daqui em diante... A popozuda é mais um símbolo do que a sociedade contemporânea vê como diversão, distração, entretenimento, só isso. Ela está aí também e todos veem. Não é preciso tratar disso na escola; estão confundindo as coisas. (Acabei comentando, hein? hahaha!)
Ontem às 08:19 · Editado · Curtir · 2

Tem mais: não duvido - do jeito que as coisas caminham - que isso se torne tese de mestrado, doutorado, pós e poses.... hahaha!!!
Ontem às 08:21 · Curtir · 3

Pois bem, eu saí do post uma vez que já havia 'comentado', mas voltava para ver os comentários de outras pessoas só para me certificar de que é isso mesmo: o campo das ideias atualmente se prende a coisas como essas... É de pasmar!

Minha opinião - que ninguém pediu, mas sou livre para dar o que é meu, tá?  - (e viva o verbo 'dar' !) - é justamente sobre o saco de mentiras.

A proposta de todos (TODOS) os especialistas para a solução do caos em que se transformou a Educação é outra palavrinha enganosa, "inclusão".
Inclusão de quê? De gracinhas inovadoras (será?) como a dessa prova?
Nisso o aluno já é incluído, querendo ele ou não. A mídia está aí insistindo, atormentando para que seja esse o parâmetro de pensamento do nosso jovem. Ele ouve isso o tempo todo.

Mas ele é excluído, sim, de se preparar para a leitura e compreensão dos realmente grandes pensadores, dos grandes cientistas, dos grandes artistas.
Ele é excluído da possibilidade de assistir a um filme ou ler um livro e contextualizá-los.
Ele é excluído da capacidade de escolha dos seus caminhos.
Ele é excluído da oportunidade de fazer ouvir a sua voz e saber verbalizar sua vontade.

O que estão trazendo para a Escola é o que ele ouve e  vê a todo momento, e que entende sim, (reparem que o próprio aluno se surpreende com a questão da prova) porque não é preciso esforço de pensamento ; isso tudo com o bônus de não se sentir 'preso' numa sala de aula; o 'aprendizado' está envolto no papel douradinho da diversão, do show 'maneiro'.  É repetição do que acontece onde se privilegia o fácil, o explícito.

E é por esse estado de coisas que nasce uma sociedade cada vez mais alienada, cada vez mais perversa, cada vez mais violenta. É a raiva de muitos por não conseguirem atingir o que somente a uns poucos foi permitido.

*            *            *

terça-feira, 8 de abril de 2014

Perfume

Em casa - foto de minha filha Liliane

Minha casa amanheceu perfumada.
Ao abrir as janelas, vi que as duas roseiras - a branca e a vermelha - floresceram de repente.
Sei lá... até ontem não me havia dado conta e bem podem ser meus olhos hoje abertos com saudade de flor.
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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Érico Veríssimo e...coincidência


Há alguns meses estabeleci para mim mesma a rotina de releitura de clássicos brasileiros que coloriram a minha infância (por que não?) e juventude contribuindo - muito - para a formação de alguém que encontra, na ficção, a explicação para muitas situações da chamada vida real.

Não se escreve mais assim, é evidente. Os tempos mudaram... e aí vamos nós com a cantilena da vez.

No momento, estou às voltas com Érico Veríssimo e suas memórias em "Solo de clarineta". Absoluto encantamento.

Estranho é que, coincidentemente hoje, quando uma amiga está se desvelando em tratar de uma cadelinha encontrada na rua em péssimo estado, eu estava justamente numa parte do livro que narra o aparecimento de um cachorrinho também precisando de cuidados. É verdade e só me lembrei disso ao retomar a leitura. Pode ser facilmente comprovado pelos diálogos de hoje no facebook.
Nem vou enviar esse texto agora. Essa minha amiga está pesarosa, preocupada e lutando muito pela vida do pobre animalzinho.

São, novamente, aquelas coisas de sincronicidade que às vezes comento aqui...

Não resisto e, para aqueles corações tocados pelo amor aos animais, o trechinho de um episódio que considero dos mais puros, ingênuos e sinceros:

"(...)
Um dia, encontramos estendido na rua um cachorro vira-lata. Verificamos que tinha uma das pernas quebradas, pois fora atropelado por uma carroça vinda de uma das colônias italianas do interior do município.
- O que é que vamos fazer, doutor? - perguntou Estêvão, olhando para mim.
- Encanar a perna do paciente - respondi.

O pobre animal, talvez filho dum fox terrier com uma cadela sem pedigree (ou vice-versa), gania baixinho. 
Levamo-lo com todo cuidado para o pátio de nossa casa, arranjamos duas talas de madeira e com elas encanamos a perna de nosso acidentado, amarrando-as com tiras de pano e barbantes. 
- Temos de arranjar um nome pra ele - sugeriu Celso.
- Pitoco - sugeriu meu irmão. - Olhem só o rabinho dele...
- Pois eu te batizo, Pitoco, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo - disse Estêvão, com voz eclesiástica. E todos (menos Celso) dissemos juntos: "Amém".
 O caçula do quarteto quis saber o que significada "amém". Ninguém soube explicar-lhe.
Colocamos o vira-lata dentro duma caixa de madeira forrada de palha e dali por diante todos os dias levávamos-lhe comida e água.  
Semanas depois tiramos as talas, e Pitoco começou a caminhar sem manquejar. Ficamos orgulhosos de nossa proeza ortopédica. Pitoco nos olhava com seus olhos lustrosos de uma simpatia que poucos membros da raça humana nos pareciam capazes. 
Daí por diante passou a ser um membro do bando. Instalou-se na casa dos Veríssimo, dormia uma noite na minha cama, na seguinte na do meu irmão. 
Mas se acontecia minha mãe acender a luz do quarto, no meio da noite, Pitoco imediatamente saltava para o soalho, antes que D.Bega o repreendesse. 
Todas as manhãs acompanhava-me até a porta da escola, no seu trote macio e faceiro, e quando eu entrava no edifício ele fazia meia volta e tornava à casa.  
Quando, terminadas as aulas, eu saía da escola para a calçada, lá estava o Pitoco à minha espera, como um fiel capanga. 
Uma ternura agradecida lambusava-lhe os olhos. Parecia feliz por ter encontrado um lar, comida farta a horas certas e amigos, principalmente amigos. " 

(ÉRICO VERÍSSIMO em 'Solo de Clarineta", Ed. Globo, 1987, 18ª ed., p. 82-3)
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E assim continua o autor relatando sua convivência e a de seus amigos com o cachorrinho Pitoco.

Não me estendo esperando que a curiosidade seja o guia para a leitura de um extraordinário romancista brasileiro e também admirável figura humana - Érico Veríssimo.

*            *            *

O dia tá de lascar...


Pensando em fugir de casa...
Sabe aquele dia em que tudo sai errado?

. Banho da manhã interrompido com um estouro do chuveiro; cabelo besuntado de creme condicionador, corpo ainda ensaboado terminando o 'enxague' na água fria. Fazer o quê? Antes, ainda fui conferir o quadro de disjuntores e nada... Deve ter queimado mesmo.

. Tentei ligar para quem sabe arrumar... sem sinal VIVO (aqui tá sempre morto). Enviei uma mensagem in box que foi ignorada até o momento.

. Uma das lâmpadas fluorescentes da cozinha continua queimadinha - não consegui ninguém para comprar e trocar.

. Fui jogar uma água na poeira da varanda grande. Os rodapés - do mesmo piso - se soltaram. Todos deitadinhos no chão, absolutamente em ordem, inteirinhos, rentes à parede. Aguardando o serviço de um profissional da massa de cimento - um PEDREIRO, pelamordeDeus!

. No facebook, o desaparecimento de alguns post - será censura? - e fotos. Juro que não teclei, não digitei, não fiz nada. Puro mistééériooo... Minha filha me reenviou a foto mais recente com meus netos, ainda bem.

Pensei em sair, pois preciso resolver algumas coisas. Desisti. Sei lá o que mais poderá acontecer... eu, hein?! Creeedo!!
Como diz um post engraçadinho: "O dia de hoje está sendo interpretado pelo Google tradutor" !

Melhor eu ficar quietinha aqui...

Desculpe, Mafaldinha, mas a minha cara hoje está parecendo com a sua neste desenho... cara de bundão.