sábado, 22 de novembro de 2014

Hoje, no Rio

Amanhecer deste sábado no Rio de Janeiro

Foto: Eduardo Naddar/ Agência O Globo
22 de novembro 2014

domingo, 16 de novembro de 2014

Difamação nas redes sociais

Vai difamar alguém nas redes sociais?  Leia isso antes
Leonardo Sakamoto - 16 de novembro 2014

Passado o pleito, as timelines continuam coalhadas de maluquices, baboseiras, teorias conspiratórias, cascatas, invencionices e demais mimimis de causar vergonha alheia ao mais incapaz dos comediantes. Temendo pela sanidade mental coletiva diante da miríade de mentecaptos, sejam os mercenários pagos por partidos ou empresas, seja os otários que fazem isso por conta própria e gratuita, resolvi atualizar e trazer novamente os “Dez Mandamentos para Divulgar Notícias no Facebook e Twitter''.

Qualquer ameba com problemas cognitivos sabe que redes sociais são fundamentais para mobilização social neste nosso admirável mundo novo. Mas, ao mesmo tempo, são terreno fértil para cultivar boatos. Muita coisa fake tem corrido a rede loucamente, criando medo. Reputações nascem e morrem e tem sempre um pilantra distorcendo na esquina digital mais próxima – seja visando a um objetivo pessoal ou de seu grupo ou inconscientemente misturando realidade e desejo.

O desmentido (por ser mais sem graça) não chega tão longe quando a denúncia. Então, comportem-se. Se não for pelo entendimento de que viver em sociedade requer alguns cuidados com o outro, que seja, pelo menos, pela culpa incutida por anos dentro de vocês – o famoso “Olha que Deus tá vendo''.

E antes que reclamem, o que alguns chamariam de “censura'', neste caso, eu batizo de “bom senso''. Coisa que está em falta no mercado, onde a dignidade alheia vale muito pouco…

Dez Mandamentos para Divulgar Notícias no Facebook e Twitter

1) Não divulgarás notícia sem antes checar a fonte da informação.

2) Não divulgarás notícias relevantes sem atribuir a elas fontes primárias de informação. Um “cara gente boa'' ou um “Best Friend Forever'' não é, necessariamente, fonte de informação confiável

3) Tuítes e posts “apócrifos”, sem fonte clara, jamais serão aceitos como instrumento de checagem ou comprovação. Sites que caluniam e não se dignam a informar quem é o responsável, muito menos.

4) Não esquecerás que informação precede opinião.

5) Não repassarás informações que não fazem sentido algum só porque você não gosta da pessoa ou instituição em questão. A disputa entre posições políticas deve ser baseada em um jogo limpo e não em invenciones.

6) Lembrarás que mais vale um tuíte ou post atrasado e bem checado que um rápido e mal apurado. E que um número grande de retuítes, compartilhamentos e “likes” não garante credibilidade de coisa alguma.

7) Não matarás – sem antes checar o óbito.

8 ) Não esquecerás que a apuração in loco, por telefone e/ou por e-mail precede, em ordem decrescente de importância, o chute.

9) Não terás pudores de reconhecer, rapidamente e sem poréns, o erro em caso de divulgação ou encaminhamento de informação incorreta. Pedir desculpas é divino.

10) Na dúvida, não retuitarás, compartilharás ou darás “like” em coisa alguma. Pois, tu és responsável por aquilo que repassas e atestas. Ou seja, se der merda, você também é culpado. E, sim, retuitar, compartilhar e dar “like'' em coisa ruim  já rendeu condenação para muita gente.

*        *        *

sábado, 15 de novembro de 2014

Quando muito é pouco

QUANDO MUITO É POUCO 

Ronaldo Coelho Teixeira  in "Acidez Crônica"- página facebook

Na aurora do Século XXI, a grande vedete é a informação e a internet é o gigolô.
Isso aconteceu depois da invenção do computador no século passado, que proporcionou caminhos mil à informação, fazendo com que esta se tornasse o pivô da Era da Globalização em que vivemos.

De carona na rede mundial de computadores e no avanço tecnológico e o conseqüente barateamento dos serviços gráficos, houve uma proliferação de revistas e jornais nas bancas.
Hoje, ao chegarmos numa delas, geralmente ficamos perdidos e indecisos diante da grande variedade de impressos de um mesmo segmento.

Só que há um paradoxo nessa explosão da informação. É que, travestida do sinônimo de sabedoria, ela vem tomando sorrateiramente o lugar da peça-chave no desenvolvimento humano, que é o conhecimento. Este que, para ser incorporado, tem que ser o suficiente, ao contrário da informação, que nada mais é do que uma partícula do verdadeiro saber.

Assim, derivada do conhecimento, a aprendizagem provoca a realização da ação, o que não acontece com a informação. E como resultado, sabemos cada vez mais um pouco de tudo, mas, como consequência, não sabemos ao menos o necessário de algo.

E tome dependência de terceiros para se resolver pequenos desafios que antes sequer assim poderiam ser chamados.
Situamento diante das questões – sociais, principalmente? Impossível.
O saldo não poderia ser outro: a cada dia agimos menos, perplexos e embasbacados diante de tanta informação que nos cerca e nos atordoa.

Enquanto isso, a gigante nau humana segue à deriva, com os navegantes afogados num mar de informação, mas sedentos da água doce do rio do conhecimento.

*            *            *

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Vai em paz, Manoel...


Auto-Retrato Falado
Manoel de Barros (1916-2014, ontem...)

Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão,
aves, pessoas humildes, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar
entre pedras e lagartos.
Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto 
meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou 
abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que fui salvo.
Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.
Os bois me recriam. 
Agora eu sou tão ocaso!
Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço
coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sobre o ato de escrever

Personagem Renée, depois de lembrar a cena da ceifa no campo, do romance "Ana Karenina", de  Tólstoi (1828-1910)



"(...) Livres do fardo da decisão e da intenção, navegando em nossos mares interiores, assistimos como se fossem atos de outra pessoa aos nossos diversos movimentos e admiramos sua involuntária excelência.  Que outra razão eu poderia ter para escrever isto, este irrisório diário de uma concièrge que está envelhecendo, se a própria escrita não tivesse muito a ver com a arte da ceifa?

Quando as linhas se tornam seus próprios demiurgos, quando assisto, qual um milagroso ato inconsciente, ao nascimento no papel de frases que escapam à minha vontade e que, inscrevendo-se na folha apesar de mim, ensinam-me o que eu não sabia nem acreditava saber, gozo desse parto sem dor, dessa evidência não concertada, que consiste em seguir sem esforço nem certeza, com a felicidade dos espantos sinceros, uma pluma que me guia e me transporta.

Então, tenho acesso, na plena evidência e textura de mim mesma, a um esquecimento de mim que confina com o êxtase, e sinto a bem-aventurada quietude de uma consciência espectadora. "


*            *            *
MURIEL BARBERY in "A elegância do ouriço", S. Paulo, Cia. das Letras, 2008, p. 132-133

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Dádiva

Amanhecer desta quarta feira em São Conrado, Rio de Janeiro

Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
São Conrado, Rio 12 novembro 2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

SARAMAGO e PLATÃO


Saramago e a pergunta: vivemos hoje o mito da caverna?
Nicole Ayres Luz - "Homo Literatus", fevereiro 2014

Um grupo de pessoas vive preso dentro de uma caverna escura.
Diariamente, essas pessoas veem sombras projetadas nas paredes de objetos carregados pelos outros. Elas acreditam que aquilo é a realidade.
Até que um dos prisioneiros, desconfiado, resolve se libertar das correntes que o prendem e sair da caverna.
Assim que sai, ele é iluminado pela luz do sol, à qual seus olhos demoram um pouco para se acostumar.
Maravilhado com suas descobertas sobre o mundo lá de fora, ele volta para contar aos colegas o que viu.
Muitos não acreditam e o desprezam, porém alguns o acompanham rumo à liberdade.

Conseguiu identificar a história? Sim, trata-se do Mito da Caverna, desenvolvido pelo filósofo da Antiguidade grega Platão.
Ok, e o que isso tem a ver com literatura?
(...)

José Saramago, em uma entrevista, declarou:
“Hoje é que estamos a viver, de fato, na Caverna de Platão, pois as imagens que nos são mostradas da realidade, de certa maneira, substituem a realidade”.

Se não tomamos o cuidado de filtrar aquilo que assistimos, podemos acabar acreditando nas sombras dos objetos e ficando presos na caverna. Se não procuramos ler, debater, refletir, ouvir pontos de vista diferentes, ficamos limitados à escuridão da nossa própria ignorância.

A literatura liberta. É uma maneira de ler e sentir o mundo.
(...)

Saramago, na mesma entrevista, ressalta a importância de uma pausa para respirar, olhar as flores, por exemplo, e observar seu crescimento.
Num mundo em que somos bombardeados por informações de todos os tipos e pressionados a realizar as mais diversas tarefas, enfrentando uma rotina dinâmica, muitas vezes maçante, corremos o risco de perder as emoções mais preciosas e os pensamentos mais instigantes.

Sem tempo para devaneios “inúteis”, corremos o sério risco de perder de vez a nossa sensibilidade e o nosso discernimento. Viramos máquinas, seres passivos, crentes, submissos, apáticos.
A literatura ajuda a resgatar a nossa humanidade latente.

No vídeo da entrevista com Saramago, há também comentários de um psicólogo americano, que reitera a importância do ritual de contar histórias.

Uma criança que pede para ouvir uma história antes de dormir (apesar de eu ter as minhas dúvidas se isso ainda existe), por exemplo, não está tão interessada no enredo da história em si, mas na potência criativa da ficção, que estimula a imaginação e o raciocínio.
Somos feitos de histórias. De carne, osso e pensamento. Não devemos desperdiçar nosso potencial vivendo das sombras do que poderíamos ser.



*        *        *

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Meu 'bom dia' de hoje...

Bom dia a todos!


É assim que chego ao facebook quase todas as manhãs. As imagens publicadas trazem, geralmente, três temas: amanhecer, café da manhã ou janelas, Escolho-as com carinho numa tentativa de suavizar o dia que se abre diante de nós.

Hoje, tive vontade de escrever ali o que agora exponho, mas pensei que talvez não fosse o caso pela diversidade de temperamentos e postagens que ali aparecem.

Desculpem não ter servido o já esperado cafezinho da manhã. Foi só por falta de tempo mesmo.
O trabalho de casa precisa ser feito, o banho da manhã é imprescindível etc etc... E mais:
Ao abrir o face, vi que 52 notificações (!) aguardavam ali no cantinho. Prestigio, sim, meus amigos e leio tudo. E tinha de tudo mesmo. Algumas coisas do meu interesse, outras nem tanto, e outras ainda definitivamente provocativas (ou provocadoras?).

O esclarecimento é o seguinte:
Embora eu seja de boa paz (e de boa índole) também tenho minhas desavenças com o mundo e comigo mesma, o que reputo absolutamente saudável.
O que não tenho mais - minha idade e vivência me permitem - é disposição para discussões estéreis, debates insossos e participar de enfrentamentos desnecessários.

Todos os dias, agradeço pela família que tenho, por ter cumprido com dignidade as tarefas que me foram atribuídas na vida, e, principalmente,  pela tranquilidade com que hoje vivo.

Lecionei por muitos anos, o que também me trouxe muita satisfação e alegria. Tempo cumprido, aposentei-me.  Ou seja, estou em meus aposentos, com os meus pensamentos. E em paz.
Agradeço mais ainda por agora, em casa, este tempo de calma para aprimoramento pessoal. Nem todo mundo alcança esse privilégio.

Portanto, inúteis os esforços de quem quer que seja para julgar, tentar interferir ou modificar  o meu modo de ver o mundo hoje.
Estou, sim, preocupada "comigo e com o meu umbigo."

Assim,
Um Bom Dia a Todos!
*          *          *

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Trancos e barrancos


É... estamos no mês de Novembro, prontos para encarar aquela coisa de fim de ano.  Sim, porque já começa a balbúrdia comercial incentivando a gastança para o Natal e Ano Novo.
Começam também as "conscientizações" sobre o significado cristão do Natal... (tá bom, tá bom...)
Confesso que passei a detestar essa época e não tem nada a ver com sentimentalismo.  

É... este foi o ano do Brasil, viu?  
O clima e anticlima da tal Copa foi um horror!
Depois da escaramuça patrocinada pela Alemanha - que muito merecidamente levou o troféu - por algum tempo pensei que afinal estaríamos mais amadurecidos, entendendo que ser campeão não significa apenas ser bom com a bola nos pés - o que, aliás, também parece que não somos tanto assim... - mas um povo que aprendesse com a derrota, que entendesse o jogo e considerasse o outro lado um adversário, um oponente, não um inimigo. 
Quem dera!  O saldo disso foi uma espécie de raiva impotente, de birra infantil, uma loucura generalizada disparando contra vários segmentos no país, numa fúria desarrazoada, imbecil e imbecilizante.

Vieram, então, as eleições. De novo, a tensão.  Ô coisa chata, ô povinho escandaloso!

Resolvido - em votação - que D.Dilma continua na presidência, uma espécie de loucura geral se estabeleceu. 
Juro que não entendo esse povo...  Houve Eleição! Voto, gente! Voto é (ou deveria ser) coisa séria e precisa ser acatado.

A onda agora é 'fraude eleitoral'.  
E os dois lados - sim, porque o país se dividiu - se estranhando novamente. Desaforo pra lá, grosseria pra cá... insuportável!

Culmina com a melhor de todas: novamente o vaticínio de uma "guerra civil".
Repito aqui, ainda mais convicta, o que já havia dito no texto "Ai, que preguiça",  em maio deste ano, durante os preparativos para o evento da Copa do Mundo:

Penso que Macunaíma é mesmo o mais digno representante do povo brasileiro justamente por ser inverossímil, tosco metido a sofisticado, indolente, fanfarrão, metamorfoseando-se o tempo todo sempre em desacordo com lugar e hora e pavoneando-se por aí sem mais nem porquê.
(...)
Guerra civil? (juro, tem gente falando isso...) Guerra civil é fruto de povo conscientizado e disposto a passar dificuldade e sofrimento dignamente, sem autopiedade ou esmorecimento em busca de um ideal. Definitivamente não tem a cara do brasileiro não.
Brasileiro é Macunaíma. Dá conversa a papagaio, e papagaio - todo mundo sabe -  repete discurso de qualquer um.

Talvez eu esteja mesmo de má vontade... mas, sinceramente, acho que já chega!

*            *            *