terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Grande música épica I - Canções dos Arcanjos e dos reis poderosos!

Estava aqui pensando e me lembrando do ano passado. Os dias que antecederam o fim do ano, sempre marcados por sons suaves, apropriadamente natalinos, doces... e agora, minha disposição interna para ouvir  temas assim, fortes, marciais, imponentes.

As músicas são lindas e fazem parte das trilhas sonoras  de filmes grandiosos que  tratam  de  guerras, lutas, clamores por justiça, bravura, coragem,

Enfim, sou meio esquisita mesmo...


sábado, 17 de dezembro de 2016

Perguntaram-me sobre as janelas...


Há uns dias, olhando distraidamente pela janela, lembrei-me de variar um pouco as imagens do meu ‘bom dia’  aos amigos do facebook. E decidi pelas postagens de janelas.

Gosto de janelas, altas ou baixas, coloridas ou descoloridas, desengonçadas ou majestosas, no fundo, gosto das janelas nos seus vários tipos e modelos.
Gosto da objetividade e da subjetividade do objeto-janela.
De tantos objetos do mundo, tenho predileção por janelas.
Todas as vezes que me mudava para uma nova casa, a primeira inspeção era conhecer a janela do meu quarto: ‘Deixa-me ver o que vejo daqui, deste canto, e deste lado, agora da esquerda.’
Das janelas de quartos em que já vivi, lembro-me de uma especialmente, que tinha logo à frente um limoeiro e de onde se podia ouvir o vento.
Como objeto, que abre para fora e para dentro - de mim mesma também - a janela pode ser o pensamento.

Espera-se à janela. Será que a esperança tem lugar numa janela? Ou é somente moldura para esperar?
O filósofo e professor Mário Sérgio Cortella nos alerta sobre a raiz das palavras e, segundo ele, devemos manter a esperança do verbo 'esperançar' e não apenas do verbo esperar...

Photobucket - Video and Image Hosting
'Mulher na janela' - Salvador Dali
Da janela, temos um ótimo enquadramento para ver os crepúsculos;  perto da janela, o melhor lugar para receber a luz na pintura de um quadro;  abrir a janela para ver e sentir  o mundo quieto, ermo ou, ao contrário, buliçoso, movimentado.
Uma janela para iniciar um filme. Quantos? Marguerite Duras começou um por uma janela. Truffaut era obcecado por elas, através delas, comunicando por elas.
Hitchcock filmou a melhor aula sobre perspectiva em ‘Janela Indiscreta’.
Qual é o filme de western em que não se vê um cowboy mirando por uma janela com uma arma em punho?
Em quantos filmes ‘noir ‘vê-se todo o mistério pousado no entreolhar por uma persiana e uma sombra que passa firme pelas paredes?
Como é que se esquecem as janelas de Tarkvoksy, nos filmes ‘O Espelho’ e ‘Nostalghia’, se elas são autênticos quadros?

A janela como fuga, como entrada de ar e de luz, como ideia de vazio e de nada, como ângulo de visão.
Em ‘Tabacaria’, de Fernando Pessoa, já nos primeiros versos encontramos:
(...)
"Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,"
(...)
A pintura de Matisse e suas janelas em telas diversas...

Uma mulher que espera à  janela, no quadro de Caspar David Friedrich.


E eu aqui, em uma das muitas janelas do ‘Windows’,  tentando dar conta da resposta à pergunta sobre janelas.

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Um depoimento...

Alari Romariz Torres (*)
Resultado de imagem para O bruxo Ravengar
"Ravengar" - personagem inesquecível de Antonio Abujamra
 na novela "Que rei sou eu?"

Tínhamos um colega no Legislativo que chamávamos de Ravengar, pois tinha uma grande influência sobre os deputados e era meio feiticeiro. Conseguia impor sua vontade nas reclassificações e era bem relacionado com os dirigentes. Todavia, não perseguia ou prejudicava os companheiros.

No Brasil, vemos hoje um homem todo poderoso. Começou cedo a se eleger para cargos públicos e, com menos de 50 anos, chegou à Presidência do Senado Federal.
Nesse turbilhão do Brasil atual é impressionante como o Ravengar nacional consegue sair das mais difíceis situações. 
Quando imaginávamos que o inteligente parlamentar ia ser preso ou cassado, ele “dava nó em pingo d’água e ressurgia das cinzas”.
Recentemente, desobedeceu ao Supremo Tribunal Federal, negando-se a receber a notificação de seu afastamento da Presidência da Casa e, consequentemente, descumpriu ordem judicial. Se a decisão era monocrática ou não, é outra história.
No dia seguinte, para surpresa geral, os Ministros do STF deram razão ao mago e ele permaneceu no cargo. 
Dois fatos inéditos neste pobre Brasil: desobediência à ação judicial e ratificação pela Corte Suprema da atitude errada do senador alagoano.
Virou figura nacional! Ficou conhecido de Norte a Sul, de Leste a Oeste do nosso sofrido país.

Não sei se isso é bom ou ruim e se ele consegue andar sem segurança pelas ruas. Em jornais diários ou revistas semanais, nas seções “Opinião do leitor”, cidadãos e cidadãs “espinafram” o moço.
No dia seguinte à confirmação de seu erro pelo STF, declarou na TV, com a cara mais inocente do mundo: “Ordens do Supremo devem ser cumpridas e não comentadas”. 

Episódio de impedimento da Dilma: ele desempenhou um papel digno de aplauso; fingiu que apoiava a saída da Presidente e foi a favor de ela preservar os direitos políticos. 
Fiquei estarrecida com o golpe de mestre, que o beneficiará, assim como os votantes, possivelmente. 
O Temer segue religiosamente as ideias de Renan e o defende com ardor onde e quando necessário. Nada se decide no Planalto sem o aval do Presidente do Senado.

Notícias nos chegam pela imprensa de que o Ravengar já é indiciado em onze processos. 
Esta semana apareceu outro na Lava Jato e ele foi mostrado na TV sorrindo, como se nada estivesse acontecendo. 
Creio que em fevereiro, quando deixar o cargo de Presidente do Senado, perderá um pouco da empáfia que o alimenta e em 2018 tentará nova eleição. Será mais um teste, porque seu reinado em Alagoas sofreu grande abalo nas eleições de 2016. 
Mas se o conheço bem, ele já está articulando novas amizades políticas visando um futuro próximo.

Jamais imaginei que o Renan, de Murici, chegasse a ser um dos homens mais poderosos da República! Dizem os políticos de nossa terra: “Ele é dono de Murici, é dono das Alagoas, não conseguiu ser dono de Maceió, mas tenta ser dono do Brasil”.

Nas eleições passadas perdeu várias Prefeituras importantes e diminuiu o tamanho de seu reduto. 
Não sei se confiou demais nos aliados ou se o povo quis dar uma resposta diferente. Não passou recibo e fingiu ser o vencedor. Em municípios onde dois candidatos se diziam apoiados por ele, ambos perderam.

A nação vive uma crise sem precedentes. Política, econômica e moral. Vários Estados faliram. O nosso não está tão ruim, diz o Governador. Será?

Acompanho a carreira do Ravengar das Alagoas e quero ver a próxima arte que ele conceberá para não perder o poder. Como é um feiticeiro para o bem e para o mal, é impossível imaginar cenas dos próximos capítulos.

Só Deus sabe o segredo dos bruxos!!!
*            *            *

(*) A autora é aposentada da Assembleia Legislativa

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Minhas primeiras fotos

Sou  tecnologicamente desajeitada, sabemos. Por isso, a partir de hoje, resolvi praticar até aprender a fotografar direito com o celular.

Saída pela manhã, em Resende - 'pertim de casa'
13 de dezembro 2016

Arrumando mini presépio e mini árvore


São presentes que ganhei há muitos e muitos anos.
O mini presépio da filha Liliane e o marido José Luiz;
a mini árvore da ex aluna muito querida Silvana Marques.

Faço questão de exibí-los todos os anos e minha casa fica lindinha.

*            *            *

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Belchior - Conheço o Meu Lugar

Que coisa horrível está acontecendo comigo...

Nestes tempos - agora sou uma velha de 70 anos, caramba! - e as músicas de Belchior aqui, martelando, martelando...

Um país que traz essa sensação de volta  não vale a pena não.



O que é que pode fazer o homem comum
neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar a vida comovida,
inteiramente livre e triunfante?

O que é que eu posso fazer com a minha
juventude - quando a máxima saúde hoje
é pretender usar a voz?
O que é que eu posso fazer - um simples
cantador das coisas do porão? (Deus fez
os cães da rua pra morder vocês que sob a
luz da lua, os tratam como gente - é
claro! - a pontapés.)

Era uma vez um homem e seu tempo...
(Botas de sangue nas roupas de Lorca).
Olho de frente a cara do presente e sei
que vou ouvir a mesma história porca.
Não há motivo para festa: ora esta! Eu
não sei rir a toa!

Fique você com a mente positiva que eu
quero a voz ativa (ela é que é uma boa!)
pois sou uma pessoa.
Esta é minha canoa: eu nela embarco.
Eu sou pessoa!
(A palavra "pessoa" hoje não soa bem -
pouco me importa!)
Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!

Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca
houve!
Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem:
Conheço o meu lugar!

*      *      *

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Sem mais...

Enganada pelos discursos ('narrativas'  é o termo agora utilizado - haha!) e atitudes da maioria, recuso-me, no momento, a refletir, participar ou emitir qualquer opinião sobre a situação do país.
Para preservação da minha saúde mental e física - aliás, em ótimas condições - quero me manter distante de todo tipo de conflito ou convergência de ideias.  Não me interessa.

Tenho Meus planos pessoais, Minha vida para dar conta e Minha própria leitura do mundo atual.

Ah, resolvi também dar prioridade aos textos e comportamentos em primeira pessoa.

Estranhas ocorrências neste dezembro, época que já foi considerada de harmonia, boa vontade e amor ao próximo.
O próximo, hoje, já não é tão próximo assim.  E prefiro que não se aproxime mesmo, assim como eu não me aproximarei.

**
"Quando eu abrir a porta ninguém me
acolherá.
É preciso aplicar os princípios.
Cozinhar os legumes.
Esquentar a carne com cuidado.
As ações não me pesam."

( do livro "A lista"  de Jennifer Tremblay)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A caminho do brejo - Cora Ronai

A caminho do brejo
Cora Ronai - Jornal O Globo, Segundo Caderno, 8.12.2016



Um país não vai para o brejo de um momento para o outro -- como se viesse andando na estradinha, qual vaca, cruzasse uma cancela e, de repente, saísse do barro firme e embrenhasse pela lama. Um país vai para o brejo aos poucos, construindo a sua desgraça ponto por ponto, um tanto de corrupção aqui, um tanto de demagogia ali, safadeza e impunidade de mãos dadas. Há sinais constantes de perigo, há abundantes evidências de crime por toda a parte, mas a sociedade dá de ombros, vencida pela inércia e pela audácia dos canalhas.
Aquelas alegres viagens do então governador Sérgio Cabral, por exemplo, aquele constante ir e vir de helicópteros. Aquela paixão do Lula pelos jatinhos. Aquelas comitivas imensas da Dilma, hospedando-se em hotéis de luxo. Aquele aeroporto do Aécio, tão bem localizado. Aqueles jantares do Cunha. Aqueles planos de saúde, aqueles auxílios moradia, aqueles carros oficiais. Aquelas frotas sempre renovadas, sem que se saiba direito o que acontece com as antigas. Aqueles votos secretos. Aquelas verbas para "exercício do mandato". Aquelas obras que não acabam nunca. Aqueles estádios da Copa. Aqueles superfaturamentos. Aquelas residências oficiais. Aquelas ajudas de custo. Aquelas aposentadorias. Aquelas vigas da perimetral. Aquelas diretorias da Petrobrás.
A lista não acaba.
Um país vai para o brejo quando políticos lutam por cargos em secretarias e ministérios não porque tenham qualquer relação com a área, mas porque secretarias e ministérios têm verbas -- e isso é noticiado como fato corriqueiro da vida pública.
Um país vai para o brejo quando representantes do povo deixam de ser povo assim que são eleitos, quando se criam castas intocáveis no serviço público, quando esses brâmanes acreditam que não precisam prestar contas a ninguém -- e isso é aceito como normal por todo mundo.
Um país vai para o brejo quando as suas escolas e os seus hospitais públicos são igualmente ruins, e quando os seus cidadãos perdem a segurança para andar nas ruas, seja por medo de bandido, seja por medo de polícia.
Um país vai para o brejo quando não protege os seus cidadãos, não paga aos seus servidores, esfola quem tem contracheque e dá isenção fiscal a quem não precisa.
Um país vai para o brejo quando os seus poderosos têm direito a foro privilegiado.
Um país vai para o brejo quando se divide, e quando os seus habitantes passam a se odiar uns aos outros; um país vai para o brejo quando despenca nos índices de educação, mas a sua população nem repara porque está muito ocupada se ofendendo mutuamente nas redes sociais.
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O Brasil caminha firme em direção ao brejo há muitas e muitas luas, mas um passo decisivo nessa direção foi dado quando Juscelino construiu Brasília, aquela farra para as empreiteiras, e quando parlamentares e funcionários públicos em geral ganharam privilégios inéditos em troca do "sacrifício" da mudança para lá.
Brasília criou um fosso entre a nomenklatura e os cidadãos comuns. A elite mora com a elite, convive com a elite e janta com a elite, sem vista para o Brasil. Os tempos épicos do faroeste acabaram há décadas, mas os privilégios foram mantidos, ampliados e replicados pelos estados. De todas as heranças malditas que nos deixaram, essa é a pior de todas.
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Acho que está rolando uma leve incompreensão dos reais motivos de mobilização da população em alguns setores. Eles parecem acreditar que o MBL e o Vem Pra Rua falam pelos manifestantes, ou têm algum significado político, quando, na verdade, esses movimentos funcionam mais como agentes de mobilização -- afinal, alguém precisa marcar uma data e um horário, ou nenhuma manifestação acontece.
A maioria das pessoas que foi às ruas está pouco se lixando para eles. Seu alvo primordial é gritar contra a corrupção, a sordidez que rege a vida política brasileira, a bagunça geral que toma conta do país. Seu principal recado é o apoio à Lava Jato, que parece ser a única coisa que funciona num cenário em que o resto se desmancha.
Se ninguém fez muita questão de gritar #ForaTemer nos protestos de domingo passado, isso talvez se deva menos a palavras de ordem vindas de carros de som do que a dois fatos bastante simples. O primeiro é que está implícita na insatisfação popular a insatisfação com Temer, e naquele momento parecia mais urgente responder aos insultos do Congresso; o segundo é que há uma resistência natural a se usar uma palavra de ordem criada pelo "outro lado", pela turma que acredita na narrativa do golpe.
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Gilmar Mendes disse que a decisão de Marco Aurélio Mello de afastar Renan da mesa do Senado é "indecente". Não, ministro. Pode ser qualquer outra coisa, mas indecente não é. Indecente é um homem como Renan Calheiros ocupar a mesa do Senado. Aliás, indecente é um homem como Renan Calheiros, que já renunciou ao mandato para não ser cassado e tem mais prontuário do que biografia.
Com todo o respeito, ministro, o senhor precisa rever as suas prioridades e dar um trato nos seus adjetivos.
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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Faxina

O dia hoje foi de muito trabalho em casa. Início da faxina de fim de ano, quando costumo fazer uma revisão nas 'tralhas' habituais.
Não nos damos conta de quanta coisa realmente NÃO precisamos.
A cada ano  me desfaço daquilo que perdeu a utilidade.  É um exercício interno de desapego, de entrega,  de olhar para o que 'foi', conservando a secreta esperança de que seja sempre melhor o que está por vir.
O cansaço físico, esse aumenta a cada ano.

Ainda tenho muitos livros, embora já tenha doado uma boa parte. Ocupam espaço sim... e também preenchem agradavelmente meu coração e minha alma.  Alguns ficarão comigo até...  Depois - que importa? - , terão o destino decidido por outras pessoas.

Há muito mais.  Já comentei aqui mesmo  o meu hábito de guardar algumas coisas afetivas relacionadas à vida em família. As crianças se tornam adultos, o encanto vai diminuindo e aquele desenho feito por mãozinhas infantis, aquele caderninho enfeitado, aquele mimo feito na escola, tudo 'fica na casa da vó' e a 'vó' guarda com carinho, vai guardando, vai guardando...
Os adultos - as crianças de antes -  agora têm novos interesses (a tecnologia do 'admirável mundo novo')  espantando-se, entretanto, em 'como o tempo passa' e 'como tudo era diferente e engraçado no tempo da vó'. Esquecem-se - ou ainda não têm consciência - de que em pouco tempo estarão repetindo meus gestos e pensamentos de hoje.  "Circle of life".
É, o tempo, a vida, o amor, o desamor também; tudo, tudo passa.
Sei que estou 'passando'  e o meu olhar para trás é amistoso, agradecido, reverente.  As alegrias acabam por superar, em muito, os tempos difíceis ou tristes. Assim seguimos.

Por hoje, é isso.  A tarefa continua nos próximos dias.
Tenhamos todos um descanso merecido neste fim de ano - e que ano!...- em ´que pese a situação do país, do mundo.

Afinal,
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*            *            *


Ciclo da Vida
Elton John - (filme 'O rei Leão', de 1994)

Desde o dia que chegamos ao planeta
E abrimos nossos olhos para o sol
Há mais a ser visto além do que já vimos
E mais a fazer do que já foi feito
Alguns dizem "devore ou seja devorado"
Outros dizem "viva e deixe viver"
Mas todos concordam juntos
Você nunca deve tirar mais do que dá

No ciclo da vida
É a roda da fortuna
É o salto de fé
É a banda de esperança
Até acharmos nosso lugar
No caminho a desbravar
No ciclo, no ciclo da vida

Alguns de nós caem pela estrada
Enquanto outros alcançam as estrelas
Alguns de nós navegam acima dos problemas
Enquanto outros tem que viver com as cicatrizes
Há muito para se conseguir aqui
Mais para se encontrar do que o que já foi encontrado
Mas o sol se move alto no céu azul safira
E mantém-se, ora grande, ora pequeno, neste ciclo sem fim
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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Fim de ano...

As tragédias de todo fim de ano...

Dia muito triste para o universo do futebol no Brasil
Queda do avião que transportava o time Chapecoense  (SC), diretores da Associação e jornalistas.
76 pessoas morreram.

"Acidente
O avião que transportava a delegação da Chapecoense, para Medellín, local do primeiro jogo da decisão da Copa Sul-Americana, desapareceu do radar e sofreu um acidente em Cerro Gordo, nas cercanias da cidade de La Unión.
As informações foram confirmadas pelo próprio aeroporto da cidade colombiana na madrugada desta terça-feira (29).
O avião de matrícula CP2933 transportava 81 pessoas; entre tripulação, jogadores, comissão técnica, diretoria e vinte e um profissionais da imprensa. Até o momento, 75 mortes foram confirmadas pelas autoridades colombianas."

Imagem relacionada

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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Fotoarte - Otacílio Rodrigues


Imagem de terça na quarta
Foto feita ontem em Resende às 13:56.

Arte: Otacílio Rodrigues


Detalhe:  helicópteros do 'manobrão' da AMAN

domingo, 6 de novembro de 2016

A vida ensina - Artur da Távola

Recebido da amiga Gabriella Machado, que mora em Sesimbra - Portugal.

A vida ensina
Artur da Távola


Se você pensa que sabe; que a vida lhe mostre o quanto não sabe.
Se você é muito simpático mas leva meia hora para concluir seu pensamento; que a vida lhe ensine que explica melhor o seu problema, aquele que começa pelo fim.
Se você faz exames demais; que a vida lhe ensine que doença é como esposa ciumenta: se procurar demais, acaba achando.
Se você pensa que os outros é que sempre são isso ou aquilo; que a vida lhe ensine a olhar mais para você mesmo.
Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definido, monobloco; que a vida lhe ensine a aceitar o conflito como condição lúdica da existência.
Tanto mais lúdica quanto mais complexa.
Tanto mais complexa quanto mais consciente.
Tanto mais consciente quanto mais difícil.
Tanto mais difícil quanto mais grandiosa.
Se você pensa que disponibilidade com paz não é felicidade; que a vida lhe ensine a aproveitar os raros momentos em que ela (a paz) surge.
Que a vida ensine a cada menino a seguir o cristal que leva dentro, sua bússola existencial não revelada, sua percepção não verbalizável das coisas, sua capacidade de prosseguir com o que lhe é peculiar e próprio, por mais que pareçam úteis e eficazes as coisas que a ele, no fundo, não soam como tais, embora façam aparente sentido e se apresentem tão sedutoras quanto enganosas.
Que a vida nos ensine, a todos, a nunca dizer as verdades na hora da raiva.
Que desta aproveitemos apenas a forma direta e lúcida pela qual as verdades se nos revelam por seu intermédio; mas para dizê-las depois.
Que a vida ensine que tão ou mais difícil do que ter razão, é saber tê-la.
Que aquele garoto que não come, coma.
Que aquele que mata, não mate.
Que aquela timidez do pobre passe.
Que a moça esforçada se forme.
Que o jovem jovie.
Que o velho velhe.
Que a moça moce.
Que a luz luza.
Que a paz paze.
Que o som soe.
Que a mãe manhe.
Que o pai paie.
Que o sol sole.
Que o filho filhe.
Que a árvore arvore.
Que o ninho aninhe.
Que o mar mare.
Que a cor core.
Que o abraço abrace.
Que o perdão perdoe.
Que tudo vire verbo e verbe.
Verde. Como a esperança.
Pois, do jeito que o mundo vai, dá vontade de apagar e começar tudo de novo.

A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos.

*            *            *

Sugestões

Prefiro a palavra 'sugestões' em lugar de "conselhos", mas concordo com o texto e - desculpem - posso realmente assinar embaixo. Tenho bem mais de 60!
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"20 conselhos de pessoas com mais de 60 anos:
Há pouco tempo foi realizada uma pesquisa com pessoas com mais de 60 anos. 
O tema era ’Que conselhos você daria aos jovens de hoje em dia?’ 
Aparentemente uma pergunta simples. As respostas, por outro lado, foram bastante inesperadas.

Resultado de imagem para pessoa na cadeira de balanço

1. As pessoas sempre dizem: ’Um bom trabalho é aquele que te dá prazer todos os dias’.
Essa afirmação é completamente falsa. Um bom trabalho é aquele que você não aguenta a maior parte do tempo, mas que paga as contas. Ninguém trabalha com algo que dá prazer o tempo todo.

2. Os anos passam num piscar de olhos. Não se case jovem.
Viva a vida de forma plena. Viaje. Mexa-se. Não importa se você tem ou não tem dinheiro, faça uma mala e vá até onde puder.

Se você ainda não tem filhos, não gaste dinheiro com coisas. Conheça o mundo. Escolha um lugar no mapa e...BORA!

3. Não leve tudo tão a sério. Inclusive quando você estiver desesperado e não conseguir ver uma saída, tente rir dos seus problemas e as razões que te levaram a esta situação.

4. Um amigo é aquele que vai te ajudar até mesmo de madrugada. Os outros são apenas conhecidos.

5. A pessoa mais importante da sua vida é aquela que quer dividir com você a vida dela. Tenha isso em mente.

6. Você não pode imaginar como os filhos crescem rápido. Portanto, fique com eles o máximo que puder.

7. Ninguém em seu leito de morte lamentou ter trabalhado pouco. Seja trabalhador, mas não coloque o trabalho acima da sua família, dos seus amigos e, claro, de você.

8. Você pode viver uma vida longa ou curta, não dá para saber. Mas, seja como for, cuide da sua saúde na juventude.

9. Se você está cansado da vida, pare um pouco, pense no momento atual e aproveite o que é belo e importante. Respire fundo e relaxe. Tudo é relativo.

10. Coma e treine como se fosse um diabético com problemas cardiácos. Desta forma você nunca será um.

11. Temos apenas uma vida. Cuidado para não acordar um dia e perceber que você tem 60 anos e não realizou o que havia sonhado.

12. Talvez este não seja um conselho muito profundo, não obstante: escove os dentes sempre. Problemas dentais são horríveis.

13. Não siga todos os conselhos como se eles fossem mandamentos bíblicos. Peça conselhos aos que te respeitam, avalie a sua situação e tome a sua própria decisão.

14. Coisas são apenas coisas. Não se apegue aos objetos materiais. Faça isso com o tempo e com os acontecimentos.

15. Os problemas de saúde que você tem agora repercutirão na velhice, mesmo aqueles que você pensa que já curou. Acredite!

16. Valorize cada momento e cada detalhe. Enquanto somos jovens, queremos tudo imediatamente. Mas por que não valorizar cada pequeno momento?
Não somos eternos, e o maior prazer que nos podemos permitir é aproveitar cada momento. Ao invés de mandar mensagens, pegue o telefone e ligue.
Visite a sua mãe, mesmo que não tenha um motivo especial para fazê-lo, apenas faça.
Absorva cada detalhe.

17. Pague todas as contas e fique longe de dívidas.

18. O ciúme acaba com qualquer relação. Confie no seu amor. Se você não confia nele, em quem mais você pode confiar?

19. Se você tem um sonho inalcançável, tente realizá-lo. A idade só vai deixar tudo mais difícil.

20. Quando conhecer uma pessoa, entenda que você NÃO SABE NADA sobre ela.
Nacionalidade, gênero, idade, roupa. Esqueça tudo isso. Os estereótipos que enfiam nas nossas cabeças apenas porque nossos cérebros adoram organizar tudo em categorias não servem para nada.
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Autor: BOBBY POPOVIC


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Mentiras em que acreditamos

10 tipos de mentiras em que continuamos acreditando

10 tipos de mentiras em que continuamos acreditando

Todos nós somos rodeados por noções estereotipadas sobre o que é certo e o que não é. 
Nos acostumamos a considerar essas noções verdadeiras e a viver presos a elas, apesar de, muitas vezes, isso acabar nos prejudicando.
O Incrível.club traz para você um artigo de Mark Chernoff que irá lhe ajudar a encarar as mentiras de frente.

Mentira #1. Estar solteiro é ‘sentir-se sozinho’
O fato de que agora você está solteiro não quer dizer que você esteja sozinho. 
Além disso, nenhum relacionamento é garantia de felicidade. 
Estando solteiro, você nunca estará tão sozinho quanto alguém que está no relacionamento errado. 
Se você entende que a vida ao lado daquela pessoa não lhe fará bem, o melhor é romper a relação e investir um pouco de tempo na pessoa mais importante da sua vida: você mesmo. 
Tente encontrar-se, recuperar sua autoestima. 
E, da próxima vez em que estiver num relacionamento prejudicial, você estará preparado para sair dele a tempo.

Mentira #2. A felicidade existe quando você tem tudo o que quer
O fato de você estar feliz não quer dizer que você não deseje nada. Você simplesmente sente-se agradecido pelo o que já tem, e espera pacientemente pelo o que ainda está por acontecer. 
Às vezes, nos animamos tanto com a ideia de ter algo maior que deixamos de perceber aquelas pequenas coisas que fazem de nossa vida algo mágico. 
Por isso, valorize o dia de hoje. Acredite, isso vale a pena. Pois ele é um daqueles ‘bons tempos’ dos quais você irá se lembrar com nostalgia durante a velhice.

Mentira #3. Se alguém está se sentindo mal, você perceberá imediatamente
Todos nós nos sentimos mal de vez em quando, sentimos medo ou estamos machucados. 
Só que alguns aprenderam a esconder tais sensações melhor do que outros. 
Não há como saber o que acontece por trás das portas fechadas de nossas almas, por isso, julgar as pessoas apenas por aquilo que você enxerga é uma perda de tempo e de energia. 
Se você tem tempo para discutir e julgar os outros, talvez tenha tempo livre demais. É melhor direcionar suas forças para algo mais digno.

Mentira #4. A vida deve ser vivida de determinada forma
Ninguém pode nos machucar mais do que nós mesmos. 
Porém, quando se machuca a alma, também podemos curá-la. 
Para isso, basta não sentir vergonha dos próprios pensamentos e ser realista. Porque sempre há a escolha sobre como reagir diante das situações impostas pela vida. Ou seja, pare de tentar ajustar sua vida à ideia pouco realista que você tem em sua cabeça, e comece a aceita-la como ela é. 
Mude o que puder mudar, mude sua atitude diante das coisas que não pode mudar e siga em frente.

Mentira #5. Você precisa se parecer com alguém
Quando você para de se comparar com os outros, sem importar se são pessoas reais ou imaginárias, e quando deixa de se comparar com outras versões de você mesmo (que só existem na sua cabeça), aí então você começa a viver tranquilamente, e apenas esta tranquilidade é real, sem nada de ilusória.

Mentira #6. A vida realmente feliz é para poucos
Se, a cada manhã, você acordar com as palavras ‘hoje, um dia excelente me espera’ e, ao deitar, pensar no quão belo foi o seu dia, então daqui a alguns anos você poderá lembrar do passado com um sorriso no rosto e dizer: ‘minha vida foi maravilhosa’.

Mentira #7. Não precisamos de tempos difíceis
Às vezes, para alcançar a felicidade, é preciso passar por um verdadeiro inferno. 
Há situações em que, para conhecer as pessoas adequadas, você precisa desfazer-se daquelas que já não deveriam estar em sua vida. 
Muitas vezes, para entender o que é ser forte, é preciso sentir fraqueza. É preciso sentir como se sua alma se quebrasse em mil pedaços para conseguir ser uma pessoa completa. 
Às vezes, para encontrar a pessoa certa para passar o resto da sua vida, você precisa atravessar verdadeiras multidões. 
Às vezes, temos de receber, de braços abertos, as coisas boas e as coisas ruins, sabendo que tudo nos traz experiências inesquecíveis no fim das contas.

Mentira #8. Ser forte significa não sentir dor
Na verdade, as pessoas fortes são aquelas que sentem dor, aceitam-na, aprendem o que podem com ela e superam-na. 
A essência da força está na determinação de fazer uma pausa, chorar, recuperar o ânimo e voltar ao ringue, para lutar como nunca se lutou antes.

Mentira #9. Mentir por pena é algo bom
Antes de dizer ‘Eu te amo’, você tem de sentir o amor. 
Arrependa-se de verdade ao pedir perdão. 
Acredite, quando suas palavras estão baseadas em um sentimento verdadeiro, elas tocam profundamente os corações das outras pessoas.

Mentira #10. Sonhar é uma perda de tempo
Os melhores presentes são aqueles que os olhos não podem ver, mas que nosso coração sente. 
O que vemos é apenas uma pequena parte do que é possível. 
A imaginação é a habilidade de ver além do horizonte, imaginar o que realmente nos importa, ainda que esteja fora do nosso campo de visão. 
Algum dia e em algum lugar, algo incrível definitivamente espera por você, se o seu sonho for possível de ser alcançado.
*            *            *

Fonte: Cluber 
Tradução e adaptação: Incrível.club

'Mea culpa' sem jeito...

Resultado de imagem para vovó digitando no computador

A autocensura é um dos piores tipos de violência e hoje a pratiquei por duas vezes no facebook, ao deletar (ou excluir) também o texto abaixo e trazê-lo para o blog:

"Mea culpa"
É claro que sou velha. Não me preocupo com o envelhecimento físico. Ele é irreversível, mesmo com toda a tecnologia à nossa disposição. Faz parte da vida.
Nem por isso, entretanto, me deixo levar pelo descaso ou abandono dos cuidados normais.
Agora, o que me preocupou foi a minha própria atitude de deletar uma postagem que fiz porque percebi que desagradou a alguém novinho e de quem gosto muito.
Uma bobagem, esse face é frequentemente depositário das postagens mais absurdas, leio tudo e retenho o que me interessa. Não me ofendo, não discuto, não entro na paranoia.
Mas hoje, não sei por que, voltei atrás...
Acho que o coração está envelhecendo,

*            *            *

Resultado de imagem para AMENDOEIRA NO OUTONO

Apareceu no facebook uma postagem perguntando "O que você diria hoje para você mesmo quando era jovem?" (ou algo parecido).
Não respondi quando vi e a postagem 'sumiu'... 
Então, lá vai a resposta com o texto de DRUMMOND no final da crônica 'Fala, amendoeira' :

(...)
"Repara que o outono é mais estação da alma que da natureza.
- Não me entristeças.
- Não, querido, sou tua árvore-da-guarda e simbolizo teu outono pessoal. 
Quero apenas que te outonizes com paciência e doçura. 
O dardo de luz fere menos, a chuva dá às frutas seu definitivo sabor. 
As folhas caem, é certo, e os cabelos também, mas há alguma coisa de gracioso em tudo isso: parábolas, ritmos, tons suaves... 
Outoniza-te com dignidade, meu velho."
**
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

*            *            *

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Primeira chuva de verão - 2016

P&B  por  OTACÍLIO RODRIGUES
Imagem de quinta (03/11) na sexta

Foto feita ontem em Resende às 16:56.

**

Imagem de quinta (03/11) no sábado

Foto feita anteontem em Resende às 17:00.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Magia


"Traz a saúde a este corpo,
Sana a mente e a alma ao cantar.
Faça com que sinta-me  nova,
Cheia de força e de bem-estar."


Mas será que há bruxas de verdade ainda em peno século 21?
A resposta é positiva. A maioria das bruxas modernas é do bem. É claro que sempre existirão as “trevosas”, só que uma bruxa de verdade tem bom coração, caráter e ética para trabalhar e fazer suas magias.

As bruxas têm origem nas antigas sacerdotisas que entendiam a Natureza, seus ciclos, sua força e mensagem. Praticavam seus ensinamentos em rituais que muitos chamam de bruxaria.

Ir à origem da bruxaria é o mesmo que retornar ao início da humanidade, quando os seres humanos começaram a despertar a sua percepção para os mistérios da vida e da Natureza.

As mais antigas obras de arte que representam figuras humanas são de mulheres mães.
Datando de 35 mil a 10 mil anos antes da era cristã, e descobertas por toda a Europa e na África, essas estatuetas de "Vênus", chamadas assim pelos arqueólogos, mostram a plenitude de formas da maternidade e a maturidade da natureza feminina.

Desde os tempos neolíticos, a prática da bruxaria sempre girou em torno de rituais simbólicos que estimulam a imaginação e alteram a consciência.
A primeira demonstração de arte devocional foram as Madonas Negras, encontradas em cavernas do período Neolítico.
As deusas da fertilidade foram os primeiros objetos de adoração dos povos primitivos.

As sacerdotisas druidas da Grã-Bretanha estavam divididas em três classes.
A classe mais alta vivia em regime de celibato em conventos. Essas irmandades alimentavam as fogueiras sagradas da Deusa e foram assimiladas na era cristã como monjas.
As outras duas classes podiam casar e viver nos templos ou com os maridos e famílias. Eram servas acolhidas nos ritos sagrados da Deusa.
Com o advento do cristianismo, foram chamadas "bruxas".
*
É preciso lembrar que antes de mais nada nós precisamos respeitar a energia da Natureza.
Faça uso dessa oração de poder  somente para grandes pedidos e obras, sempre com dignidade, coração puro e sem egoísmo ou quaquer sentimento negativo.


“Algo muito maior me rege. 
Algo muito maior me abre os caminhos. 
Este algo é Alguém, 
este Alguém é minha Mãe. 
Sou filha da deusa e não há neste mundo 
 quem possa contra mim. 
Sou indomada por ser filha da Grande Mãe. 
Ela comanda meus passos e me protege de tudo  
Sou livre, pois minha deusa assim me fez, 
de braços abertos pra liberdade. 
Sou forte, pois tenho a deusa comigo 
a todo instante, a todo o momento.
Sou poderosa, pois tenho a sabedoria das ancestrais, 
o conhecimento da arte e o dom da magia. 
A ti, Grande Mãe, venero e honro. 
A ti rogo, peço e suplico. 
A ti cultuo, saúdo e elevo. 
A ti conto meus segredos, 
choro minhas lágrimas e rio meus risos. 
Sou filha da deusa, sou filha de Gaia,  e assim, 
quem poderá contra mim?

Assim seja, assim se faça.”


***



Quem não tem medo das bruxas? 
Ao que parece, séculos depois da Inquisição, continuamos a gritar "brucia", do verbo "bruciare", do italiano, "queimar". 
Não é à toa que tantas mulheres tenham sido queimadas vivas e torturadas porque... bem, os papas eram melindrosos, temerosos de perder o status, o poder, os fiéis. 
Elas deviam fazer alguma coisa para provocar tamanha ameaça. 
De onde vieram tantas datas "santas"? De antigos rituais pagãos, como o de hoje, em que se celebrava o fim do outono e das colheitas para dar início ao inverno, período de recolhimento, e de orações aos ancestrais. 
Então temos o dia de finados e logo depois o Natal, que é sabido, foi uma data inventada pela Igreja por ser muito próxima do equinócio de 22 de dezembro.

Bem, voltemos às pobres mulheres mal faladas. 
Vamos ser sinceras: você sabe seduzir seu marido, ou seu amante quando quer, não sabe? 
Usar perfumes, maquiagem, lingerie. 
Sabe cozinhar algum prato encantatório, usando ervas e temperos. 
Sabe dançar. Sabe rir. 
Sabe sorrir quando precisaria é dizer um belo palavrão, então faz isso depois, escondida. 
Sabe rezar aos seus deuses e santos. 
Sabe embalar um bebê que chora. 
Sabe fazer aquela faxina pesada que todas sabemos como é. 
Sabe botar pra fora de casa um canalha imprestável. Nem que tenha que passar por uns apertos por uns tempos. 
Sabe se cuidar, na alegria e na tristeza. 
Sabe fazer silêncio quando o momento pede. 
Sabe honrar com seus compromissos. 
E sabe ouvir mentiras e mais mentiras todo santo dia, mas finge ser sonsa. A gente finge que é boba quase o tempo todo. 

A quem precisamos convencer de alguma coisa, afinal? 
Uma bruxa é uma mulher bem resolvida. 
Gostem ou não dela, ela segue seu rumo, pois está sempre muito ocupada com seus próprios negócios.
 É uma mulher livre, que deixa todo mundo livre também. 
E uma mulher dessa natureza, que não aceita ordens de ninguém, é um perigo não é mesmo? 
Pois é, ao que parece, continuam apedrejando, mutilando, amordaçando, estuprando, calando e impedindo que elas estudem, falem, trabalhem, escolham quando e com quem querem se casar. E se desejam ter filhos. Que perigosas essas mulheres! 
Que poder é esse que causam nos homens, no planeta inteiro?

 Deus abençoe todas as mulheres. 
As que se calam e as que deliberadamente perderam o medo de viver.

*            *            *

domingo, 30 de outubro de 2016

Aniversário

Um ano


Um ano. Um ano se passou desde que me mudei - de residênca, de cidade . Muita coisa mudou também  Umas ficaram melhores, outras nem tanto.  Mas posso continuar... aliás, é só o que me resta fazer.
Problemas vêm e vão e vêm.  O tempo todo.
Chatice é assim mesmo - vai e volta.

Não tenho problema de adaptação a lugar nenhum. "Em Roma, com os romanos".  De um certo modo, isso ajuda a viver.

Ainda que tenha alguma coisa a ser contada, novo lugar,  novas convivências, ainda assim não sinto vontade de registrar nada mais a meu respeito. Chega. Já escrevi demais, falei demais, confiei nas pessoas, no mundo, na vida.
Agora os verbos ficam mesmo no pretérito. Preferencialmente pretérito perfeito.
Foi, foram.

*               *               *


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Seremos todos trouxas? - Lia Luft

Seremos todos trouxas?
Lya Luft

Todos podem, devem, clamar: “Assim não dá mais. Assim não quero mais”


Tenho escolhido muito cuidadosamente minhas palavras nas tantas dezenas, já centenas, de artigos aqui publicados, para não ser diretamente ofensiva e jamais incorrer em alguma injustiça que poderia ter sido prevenida, pois pobre de quem quiser ser juiz do outro. 
Mas aos poucos as palavras começam a fugir dos arreios que a prudência lhes tem imposto, e reclamam, e se agitam, e se queixam, exigindo que as deixe brotar naturalmente. 
Por isso tenho me perguntado, e a algumas pessoas mais chegadas, diante dos absurdos que acontecem: somos mesmo um país de trouxas, para nos tratarem assim? 
Que falta de noção, de ridículo, que falta de respeito, tanta empulhação feita e dita com cara séria e até frases de retórica, como se fôssemos uma manada de imbecis. 
Por exemplo, a cantilena cansativa e já patética de que as confusões e desgraceiras no país ocorrem “porque a oposição não aceita ter perdido as eleições” lá nos idos de 2014!

Ou dar a entender que um ex-mandatário brasileiro, embora vivendo com luxo, nada possui de seu, é um pobre, mora, vive, diverte-se “de favor”. Amigos cuidam dele e de sua família, até pagando fortunas para armazenar contêineres com ditos presentes que teria recebido em seus importantíssimos mandatos. 
Momentinho! Nenhuma pessoa em cargo público pode aceitar presentes no valor de mais de 100 reais, e se aceitar terá de deixar TUDO, ao sair, em lugares públicos, como benefício para o público, pois a ele não pertencem, e sim ao cargo ocupado.

Mandantes do mais alto posto desprezam a Justiça, censuram ações legais como se neste país tão esfacelado a Justiça não fosse mais importante do que o mais importante cargo. 
Nada contra pessoas, partidos, seitas, seja o que for. 
Sou, sim, contrária à injustiça, à exploração que submete, à hipocrisia que mente e destrói, ao cinismo que abusa da credulidade dos bons e esforçados. 
Sou totalmente contrária à mentira com que se enfraquece a força de vontade e se desvia a capacidade de protesto dos bons e inocentes que acreditam quando deveriam há muito desconfiar, e que ainda lutam quando deveriam voltar-se para outro lado.

Sem rancor, sem maus desejos, apenas expresso meu estarrecimento diante do que vem sucedendo nas altas cúpulas, agora de novo tentando incendiar as classes mais simples, como se o país já não tivesse desabado num poço, enfiando o pé naquele malfadado alçapão que para mal de nossos pecados ainda se abriu no fundo.

Não quero o mal de ninguém, mas quero o bem deste meu pobre país, objeto de tanta exploração e destruição, por corruptos, gananciosos, dementes, inqualificáveis ou desqualificados seres humanos em posições de poder. 
É preciso fazer uma rearrumação em todos os cantos e recantos, em todos os níveis sociais, intelectuais, morais, não importa: quero homenagear a Justiça, que agora bafeja o coração dos que ainda por aqui pensam – que continue, e floresça, e progrida, e quem sabe faça uma limpeza geral e essencial, para que, das ruínas em que moral e economicamente já vagamos, possamos juntar cacos e construir um país respeitado e decente.

Não é possível que nós, o povo brasileiro – que, repito, não é constituído só dos operários, sindicalistas, despossuídos, explorados, mas de cada um dos que, como eu, trabalham para pagar suas contas e seus impostos, labutam, se desgastam, correm, criam sua família, cuidam de seus amigos, e à noite perdem o sono pensando no que será de nós -, aceitemos o que está ocorrendo.

Todos, velhos, doentes, mulheres grávidas, garis, professores, enfermeiras, bancários, empregados do comércio ou indústria, agricultores, estudantes, não somos trouxas: cada um de nós é uma peça do povo brasileiro, e todos (a não ser os idiotizados pela neurose de uma crendice ou ideologia cega) veem, sentem, sofrem o que nos acontece – e podem, devem, clamar e reclamar: “Assim não dá mais. Assim não quero mais”.

É hora, urgente, de refazer, limpar, desinfetar, arejar, para podermos começar a pensar em arrumar de novo esta casa, esta pátria, este Brasil.


*            *            *

Texto na Reivsta 'Veja' , edição 2469, de 16/03/2016.

domingo, 16 de outubro de 2016

SUPER LUA RARA EM ÁRIES


Lua em 16 de outubro 2016
por Fátima dos Anjos em 'Portal Arco Íris'

Este mês, uma rara super Lua Cheia se elevará nos céus, na noite de domingo, 16 de outubro, inaugurando uma mudança cósmica energética que acabará afetando a todos no planeta. 
Vocês podem utilizar essa mudança de vibração em seu benefício e produzir alguma alteração positiva em sua vida. 
Mas, primeiramente, eis o que uma super Lua significa em termos científicos.
A super Lua ocorre quando sua órbita a traz para um ponto que é o mais próximo da Terra, e isso também coincide com uma Lua Nova ou uma Lua Cheia. Devido ao fato de que essa super Lua de outubro acontece de ser uma Lua Cheia, que ocorre quando atinge a sua maior aproximação da Terra durante todo o mês, vai aparecer super dimensionada e muito maior do que o seu tamanho habitual. 

De acordo com a NASA, quando a Lua está tão perto de nós, “sua proximidade iminente faz com que a Lua pareça 14% maior e 30% mais brilhante no céu do que em um apogeu   da Luz Cheia”. (ocorre o apogeu quando a Lua está mais distante da Terra em sua órbita).
Em termos astrológicos, a super Lua de outubro ocorrerá quando a Lua está em Áries. Isso produz uma espécie de energia muito ativa, empolgante e extrovertida. 
Como tal, todas as vibrações ígneas e aventureiras associadas a Áries serão trazidas para a linha de frente e isso cria uma explosão de energia animada. 
Se vocês aproveitarem a super Lua e acolhê-la sob uma luz positiva, então, boas mudanças surgirão em seu caminho.

Áries é conhecido por muitas qualidades e características fortes, ao entrar em conexão com elas e aproveitar o seu poder, vocês podem tirar o máximo da mudança da super Lua. 
Abaixo está uma visão geral de todas as coisas básicas e melhores que essa Lua Cheia em Áries tem para oferecer:
É o momento para curar-se – se as suas feridas são físicas, mentais, conscientes ou inconscientes, agora é o momento de concentrar-se em curá-las. 
Quando vocês se concentram e fazem tudo o que podem para ficar melhores e mais fortes, vocês conseguem libertar-se de toda dor e sofrimento que os estejam exaurindo.

É uma oportunidade para seguir em frente e para cima em nossas vidas. 
Muitos de nós vão se deparar com novas e emocionantes oportunidades, que não eram mesmo possível, e muito menos estavam à nossa disposição, antes da mudança. 
Agora que Mercúrio saiu do movimento retrógrado por pouco menos de um mês, tudo deve voltar ao seu lugar normal, por enquanto. 
Se houver algo que ainda esteja fora de sintonia, corrijam-no o mais rápido possível de modo que possam continuar avançando sem que nada os impeça.

É o momento perfeito para agir. 
Com a Lua em Áries, as características físicas e agressivas do signo serão extremamente valiosas para se fazer as coisas. 
Precisam seguir com um projeto ou finalizar algo que vocês estejam adiando ou procrastinando para nunca, aparentemente? Mexam-se e realizem-no, vocês terão a energia e a motivação para fazer tudo agora!

Libertem-se das pessoas tóxicas em sua vida. 
Os relacionamentos que os estão fazendo sofrer ou retendo-os precisam ser reavaliados. 
Se vocês acharem que alguém não é digno do tempo, esforço e estresse, cortem os cordões e se distanciem deles. 
Parem de permitir que as pessoas os espezinhem, e em vez de seguir maus exemplos, sejam líderes e estabeleçam os bons!

Estejam conscientes e atentos ao seu ego. 
Não deixem que a sensação de importância própria ou merecimento levem vantagem sobre vocês. Áries pode ser muito arrogante e é crucial que vocês não sejam capturados pelo ego. Em vez disso, permaneçam ancorados e tudo fluirá suavemente.

De modo geral, a mudança na energia que acompanha a super Lua de outubro será predominantemente positiva. 
Se relaxarem e seguirem com o fluxo, vocês podem se conectar melhor com essa energia e ela o levará a que grandes coisas aconteçam em sua vida, portanto, preparem-se para dar-lhe boas-vindas!


*            *            *

sábado, 1 de outubro de 2016

Cotidiano FERNANDA GENTIL

Recebido da amiga Tel Mont
"Um minuto pra esse dia acabar.... ufa! 
Hoje acordei cedo, li umas coisas sobre mim e por um segundo achei que o mundo tinha acabado. 
Aí olhei pro céu e vi que as nuvens ainda estavam lá. Olhei pra varanda e a piscina do meu prédio ainda estava lá. Entrei nos quartos dos meninos; tudo intacto. Conferi meu pulso: pulsando. 
Ótimo; há mundo. 
Mas há também um cheiro forte aqui nesse quarto... olhei pro chão, vômito da Nala. Putz ela comeu algo que não devia! Liga pro veterinário, pede remédio, sai pra comprar. 
Pensei em pensar sobre o que tinha lido mas minha mãe ligou. Filha, já leu? Já. O mundo continua aí? Sim, e aí? Também. Ótimo. Vamos almoçar? Vamos. 
Limpei mais um vomitozinho básico, entrei no carro; na reserva. Para no posto. Frentista simpático faz um elogio se referindo a algo que li lá cedo pela manhã. Mensagens lindas no meu celular. Pedi notícias das crianças que infelizmente estavam longe de mim. Ok, os dois estão bem. Ótimo. 
Telefone tocou, jornalista querendo entrevista sobre o livro. Ótimo. 
Parei no banco, saquei dinheiro da assistente do lar. Passei no shopping, peguei umas calças que estavam no conserto. Na ida e na volta pessoas abrem sorrisos e me abraçam se referindo também a algo que li agora já há algum tempo. Abri a internet para conferir um endereço, li um comentário chato. Uma imaturidade esperada. Um apoio surpreendente. Ótimo. 
Meu pai ligou: Amor de Pai, vi aqui. Como você tá? Tudo bem Papi, e você? To amando você. Eu também te amo. Ótimo. 
Felipe liga. Como você tá? Bem e com saudade. E você? Saudade também, chapa. (Chapa é ótimo). Mensagens lindas no meu celular. Chegamos para o almoço, eu e Mamy. Algumas frases sobre o que lemos por aí, e muitas outras sobre o que precisamos ler mais; o remédio novo para pacientes com HIV, a nova fase da Lava Jato, o acidente de trem nos EUA. A emocionante carta da família do Domingos. Falamos também do vestido que precisamos para um casamento próximo, das escolas das crianças. Próxima campanha da Caslu, financiamento do apartamento, exame de sangue e onde vai ser o Natal esse ano. Ótimo. 
Durante todo o almoço, mensagens lindas no meu celular. 
Voltei pra casa e esperei a hora de ir pro trabalho deitada com a Nala, que ainda estava meio enjoadinha. 
Fui pro trabalho e tive algumas conversas. Ótimas. Ótimas. Ótimas. 
No trabalho fiquei por algumas boas horas, e ali, na minha terapia, no lugar onde eu faço o que sei de melhor, me desliguei. Sim, porque precisava me concentrar. Afinal, tem Esporte Espetacular no domingo. E tem domingo porque tem mundo. 
Só desconcentrei do trabalho ainda agora, já aqui em casa, deitada. Olhei pra cima e esbarrei de novo no céu. Adivinha? Tá lá. A piscina? Idem. Os quartos? Também. Eu? Aqui. O mundo? Não acabou... e aliás vai continuar existindo, independentemente da roupa que vestirmos, da cor do nosso cabelo ou da nossa pele. Mas dependendo do que fizermos, ele pode não só simplesmente existir, e sim ser um lugar melhor para os nossos filhos. 
Agora deixa eu ir porque o inglês do Lucas vence amanhã e ainda não paguei, tem roupa do Gabriel pra lavar e a Nala continua passando mal - e essas coisas sim, são capazes acabar com o meu mundo. De resto, boa noite."

Fernanda Gentil
**

É isso. O mundo continua girando, as pessoas boas continuam pessoas boas. As más estão se rasgando e continuarão se rasgando, sem possibilidde de remendos. 
A vida continua exigindo nossa consciência e presença para o que interessa ao coletivo. E o nosso particular continua sendo PARTICULAR.
Sueli 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Para os filhos adultos

Trechos de artigo de Ana Fraiman
Mestre em Psicologia Social pela USP



(...)
A irritação por precisar mudar alguns hábitos 
Muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar os pais idosos ao médico, aos laboratórios. 
Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo, sua incapacidade crescente de serem ágeis nos gestos e decisões. 
Desde os poucos minutos dos sinais luminosos para se atravessar uma rua, até as grandes filas nos supermercados, a dificuldade de caminhar por calçadas quebradas e a hesitação ao digitar uma senha de computador, qualquer coisa que tire o adulto de seu tempo de trabalho e do seu lazer, ao acompanhar os pais, é causa de irritação. Inclusive por que o próprio lazer, igualmente, é executado com horário marcado e em espaço determinado. Nas salas de espera veem-se os idosos calados e seus filhos entretidos nos seus jornais, revistas, tablets e celulares. 
Vive-se uma vida velocíssima, em que quase todo o tempo do simples existir deve ser vertido para tempo útil, entendendo-se tempo útil como aquele que também é investido nas redes sociais. 
Enquanto isso, para os mais velhos o relógio gira mais lento, à medida que percebem, eles próprios, irem passando pelo tempo. O tempo para estar parado, o tempo da fruição está limitado. 
Os adultos correm para diminuir suas ansiosas marchas em aulas de meditação. Os mais velhos têm tempo sobrante para escutar os outros, ou para lerem seus livros, a Bíblia, tudo aquilo que possa requerer reflexão. Ou somente uma leve distração. 
Os idosos leem o de que gostam. Adultos devoram artigos, revistas e informações sobre o seu trabalho, em suas hiper especializações. Têm que estar a par de tudo just in time – o que não significa exatamente saber, posto que existe grande diferença entre saber e tomar conhecimento. 
Já os mais velhos, querem mais é se livrar do excesso de conhecimento e manter suas mentes mais abertas e em repouso. Ou, então, focadas naquilo que realmente lhes faz bem como pessoa. 
Restam poucos interesses em comum a compartilhar. 
Idosos precisam de tempo para fazer nada e, simplesmente recordar. 
Idosos apreciam prosear. 
Adultos têm necessidade de dizer e de contar. A prosa poética e contemplativa ausentou-se do seu dia a dia. Ela não é útil, não produz resultados palpáveis.

A dificuldade de reconhecer a falta que o outro faz
Do prisma dos relacionamentos afetivos e dos compromissos existenciais, todas as gerações têm medo de confessar o quanto o outro faz falta em suas vidas, como se isso fraqueza fosse. Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial, como se ninguém mais precisasse de ninguém. 
A família nuclear é muito ameaçadora. para o conforto, segurança e bem-estar: um número grande de filhos não mais é bem-vindo, pais longevos não são bem tolerados e tudo isso custa muito caro, financeira, material e psicologicamente falando. 
Sobrevieram a solidão e o medo permanente que impregnam a cultura utilitarista, que transformou as relações humanas em transações comerciais. 
As pessoas se enxergam como recursos ou clientes. 
Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos e temem os ataques e abandono de clientes descontentes. 
Mas, carinho de filho não se compra, assim como ausência de pai e mãe não se compensa com presentes, dinheiro e silêncio sobre as dores profundas as gerações em conflito se infringem. Por vezes a estratégia de condutas desviantes dão certo, para os adolescentes conseguirem trazer seus pais para mais perto, enquanto os mais idosos caem doentes, necessitando – objetivamente – de cuidados especiais. 
Tudo isso, porém, tem um altíssimo custo. 
Diálogo? Só existe o verdadeiro diálogo entre aqueles que não comungam das mesmas crenças e valores, que são efetivamente diferentes. 
Conversar, trocar ideias não é dialogar. 
Dialogar é abrir-se para o outro. É experiência delicada e profunda de auto revelação. 
Dialogar requer tempo, ambiente e clima, para que se realizem escutas autênticas e para que sejam afastadas as mútuas projeções. 
O que sabem, pais e filhos, sobre as noites insones de uns e de outros? O que conversam eles sobre os receios, inseguranças e solidão? E sobre os novos amores? 

Cada geração se encerra dentro de si própria e age como se tudo estivesse certo e correto, quando isso não é verdade.

A dificuldade de reconhecer limites característicos do envelhecimento dos pais 
Este é o modelo que se pode identificar. Muito mais grave seria não ter modelo. 
A questão é que as dores são tão mascaradas, profundas e bem alimentadas pelas novas tecnologias, inclusive, que todas as gerações estão envolvidas pelo desejo exacerbado de viver fortes emoções e correr riscos desnecessários, quase que diariamente. 
Drogas e violência toldam a visão de consequências e sequestram as responsabilidades. 
Na infância e adolescência os pais devem ser responsáveis pelos seus filhos. 
Depois, os adultos, cada qual deve ser responsável por si próprio. 
Mais além, os filhos devem ser responsáveis por seus pais de mais idade. 
E quando não se é mais nem tão jovem e, ainda não tão idoso que se necessite de cuidados permanentes por parte dos filhos? 
Temos aí a geração de pais desvalidos: pais órfãos de seus filhos vivos. E estes respondem, de maneira geral, ou com negligência ou, com superproteção. 
Qualquer das formas caracteriza maus cuidados e violência emocional.

Na vida dos mais velhos alguns dos limites físicos e mentais vão se instalando e vão mudando com a idade. Dos pais e dos filhos. 
Desobrigados que foram de serem solidários aos seus pais, os filhos adultos como que se habituaram a não prestarem atenção às necessidades de seus pais, conforme envelhecem. Mantêm expectativas irrealistas e não têm pálida ideia do que é ter lutado toda uma vida para se autoafirmar, para depois passar a viver com dependências relativas e dar de frente com a grande dor da exclusão social. 
A começar pela perda dos postos de trabalho e, a continuar, pela enxurrada de preconceitos que se abatem sobre os idosos, nas sociedades profundamente preconceituosas e fóbicas em relação à morte e à velhice. 
Somente que, em vez de se flexibilizarem, uns e outros, os filhos tentam modificar seus pais, ensinando-lhes como envelhecer. 
Chega a ser patético. 
Então, eles impõem suas verdades pós-modernas e os idosos fingem acatar seus conselhos, que não foram pedidos e nem lhes cabem de fato.

De onde vem a prepotência de filhos adultos e netos adolescentes que se arrogam saber como seus pais e avós devem ser, fazer, sentir e pensar ao envelhecer? 
É risível o esforço das gerações mais jovens, querendo educá-los, quando o envelhecimento é uma obra social e, mais, profundamente coletiva, da qual os adultos de hoje – que justa, porém indevidamente – cultivam os valores da juventude permanente e, da velhice não fazem a mais pálida ideia. 
Além do que, também não têm a menor noção de como haverão eles próprios de envelhecer, uma vez que está em curso uma profunda mudança nas formas, estilos e no tempo de se viver até envelhecer naturalmente e, morrer a Boa Morte. 
Penso ser uma verdadeira utopia propor, neste momento crítico, mudanças definidas na interação entre pais e filhos e entre irmãos. 
Mudanças definidas e, de nenhuma forma definitivas, porém, um tanto mais humanas, sensíveis e confortáveis. 
O compartilhar é imperativo. 
O dialogar poderá interpor-se entre os conflitos geracionais, quem sabe atenuando-os e reafirmando a necessidade de resgatar a simplicidade dos afetos garantidos e das presenças necessárias para a segurança de todos.

Quando a solidão e o desamparo, o abandono emocional, forem reconhecidos como altamente nocivos, pela experiência e pelas autoridades médicas, em redes públicas de saúde e de comunicação, quem sabe ouviremos mais pessoas que pensam desta mesma forma, porém se autoimpuseram a lei do silêncio. Por vergonha de se declararem abandonados justamente por aqueles a quem mais se dedicaram até então. 
É necessário aprender a enfrentar o que constitui perigo, alto risco para a saúde moral e emocional para cada faixa etária. 
Temos previsão de que, chegados ao ano de 2.035, no Brasil haverá mais pessoas com 55 anos ou mais de idade, do que crianças de até dez anos, em toda a população. E, com certeza, no seio das famílias. 
Estudos de grande envergadura em relação ao envelhecimento populacional afirmam que a população de 80 anos e mais é a que vai quadruplicar de hoje até o ano de 2.050. 
O diálogo, portanto, intra e intergeracional deve ensaiar seus passos desde agora. 
O aumento expressivo de idosos acima dos 80 anos nas políticas públicas ainda não está, nem de longe, sendo contemplado pelas autoridades competentes. 
As medidas a serem tomadas serão muito duras. Ninguém de nós vai ficar de fora. Como não deve permanecer fora da discussão sobre o envelhecimento populacional mundial e as estratégias para enfrentá-lo.


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