quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Arnaldo Jabor - hoje


Arnaldo Jabor.

A decisão do TSE, sob a presidência de LEVANDOWISKI, determinou a 
retirada do comentário de Arnaldo Jabor do site da CBN, a pedido do 
presidente Lula, feriu o preceito constitucional da liberdade de 
imprensa.


A VERDADE ESTÁ NA CARA, MAS NÃO SE IMPÕE. 
(ARNALDO JABOR)

O que foi que nos aconteceu? 
No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, 
'explicáveis' até demais. 
Quase toda a verdade já foi descoberta, quase todos os crimes 
provados, quase todas as mentiras percebidas. 
Tudo já aconteceu e quase nada acontece. 
Parte dos culpados estão catalogados, fichados, processados e condenados e quase nada rola. 
A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe, tais são as manobras de procrastinação, movidas por um sem número de agentes da quadrilha. 
Isto é uma situação inédita na História brasileira! 
Nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente e desfigurada!

Os fatos reais mostram que, com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo, de cabo a rabo da máquina pública e desviou bilhões de dinheiro público para encher as contas bancárias dos quadrilheiros e dominar o Estado Brasileiro, tendo em vista se perpetuarem no poder, pelo menos, por 70 anos, como fizeram os outros comunas, com a extinta UNIÃO SOVIÉTICA!

Grande parte dos culpados, já são conhecidos, quase tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes, as provas irrefutáveis, mas os governos psicopatas de Lula e Dilma 
negam e ignoram tudo!
Questionado ou flagrado, o psicopata CHEFE, não se responsabiliza por suas ações. 
Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. 
O outro não existe para ele e não sente nem remorso, nem vergonha do que fez!
Mente, compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir o poder. Estes governos são psicopatas!
Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão nas nádegas. A verdade 
se encolhe, humilhada, num canto. 
E o pior, é que a dupla Lula-Dilma, amparada em sua imagem de 'povo', consegue transformar a Razão em vilã, as provas, em acusações 'falsas', a condição de Cúmplices e 
Comandantes, em 'vítimas'!
E a população ignorante e alienada, engole tudo. Como é possível isso? 
Simples: o Judiciário paralítico entoca a maioria dos crimes, na Fortaleza da lentidão e da impunidade, a exceção do STF, que, só daqui a seis meses, na melhor das hipóteses, serão concluídos os julgamentos iniciais da trupe, diz o STF. 
Parte dos delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem, com a ajuda sempre presente, dos TÓFFOLIS e dos LEVANDOWISKIS. (Some-se à estes dois: Barroso, Teori Zawaski e Rosa Weber.) 

A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização. Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desses últimos dois governos. 

Sei que este, é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tinha de ser escrito... 
Está havendo uma desmoralização do pensamento. 
Deprimo-me: 
Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?' 
A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. 
Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. 
A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, 
tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo. 
A cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação 
de que as idéias não correspondem mais aos fatos!
Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações. 

Nos últimos anos, tivemos um grande momento de verdade, louca, operística, grotesca, mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política. 
Depois, surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e a Denúncia do Procurador-geral da república, enquadrando os 39 quadrilheiros do escândalo do MENSALÃO. Faltou o CHEFÃO. 

São verdades cristalinas, como sol a Pino. 
E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de 'gafe'. 
Lulo-Petistas clamam: 'Como é que o Procurador Geral, nomeado pelo Lula, tem o desplante de ser tão claro! 
Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito e, como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT ? 
Como pode ser tão fiel à letra da Constituição, o infiel Joaquim Barbosa ? 
Como ousaram ser tão honestos?' 

Sempre que a verdade eclode, reagem. 
Quando um juiz condena rápido, é chamado de exibicionista'. 
Quando apareceu aquela grana toda, no Maranhão, a família Sarney reagiu 
ofendida com a falta de 'finesse' do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando.... 

Mas agora é diferente. As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. 
Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo 
de Lula, foi criando uma língua nova, uma neo-língua empobrecedora da ciência política. 
Uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista, que está se consolidando no horizonte. 
Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem , de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o Populismo e o Simplismo.

*            *            *

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Ainda Brasil


Vergonha desse país
Marli Gonçalves - jornalista

A gente fica meio assim, encabulado, tímido, introspectivo. Às vezes nem comenta, porque já está até chato, mas fica ali matutando, com o assunto na cabeça. Tem sido assim nesse nosso país já faz mais de ano, parece que entramos numa espiral...


  
Qual vai ser a próxima? Qual será a frase que nossa presidente dirá e que passaremos a semana inteira ironizando e sacaneando? Será que ela vai citar de novo a volátil mosquita?

Quem vai aparecer da tumba, para não morrer deitado, e virá com mais revelações picantes de caráter pessoal? 
A famosa Rose, do Lula? 
Daria tudo para conseguir essa entrevista, nesse momento o poço dourado dos jornalistas que cobrem política. Se pudesse estaria no rastro dela - instinto de repórter na veia. 

Mesmo se eu não a encontrasse, tenho certeza que boas pistas no caminho não falhariam. Guerra é guerra e está visível que nesse momento está deflagrada uma fantástica batalha de ódio e comunicação, uma interessante maratona para ver quem consegue levar o Barba à linha de chegada, aliás, para bem além dela. Ou encontrar quem consegue anular a prova.

Será que essa semana, além do constrangimento de ver o senador Delcídio do Amaral, o preso-solto-morto-vivo, adentrar o Senado, vamos ter o Japonês da Federal lá dentro para buscar algum outro? Ou será que o Japonês da Federal vai ter o ego subindo pra cabeça e vai voltar lá só para fazer selfies, inclusive posando pimpão com os investigados?

Pode ser que na nossa tevê apareça algum comercial novo, vindo da lama, como se a lama envenenada já não falasse mais alto a cada dia que passa; comercial variado e com outros funcionários sorridentes, bonitinhos, assumindo a culpa e a desculpa. Não tem jeito: você também ainda vai ter de ouvir a propaganda de um vampiro de tez bem branca falar que não devemos aceitar propaganda enganosa dos partidos, e que o dele é que é legal. (!)

Por falar nisso, quantas criancinhas não estão comendo nem o lanche que atrai para a educação, porque alguém está abrindo a lancheira no caminho para surrupiar o leitinho, morder a maçã, quebrar o biscoito? 
Quantos olhinhos cabisbaixos eles mostrarão jurando que não, que merenda escolar é sagrada e aliás eles nem sabiam que existia, como é que iriam roubá-la? 
O que mais não vamos poder saber enquanto não se passarem 50 anos? 
Inovador: governo inventa Cápsula do Tempo. Um buraco, as informações dentro de uma caixa, e que só daqui a 50 anos será aberta. Imaginando, né? - a grande importância que coisas deste governo medíocre terão daqui a 50 anos. Ou mesmo hoje.

Vergonha. 

Nós nos rebaixaremos tanto que mostraremos os fundilhos ao mundo que nos observa, num misto de pasmo com curiosidade? 
Quanto mais se abaixa, diz o provérbio português, mais o fundilho se lhe vê. Aliás, não é exatamente fundilho a palavra que usam. 
Nem mesmo muitos brasileiros temos ainda capazes de encantar. 
Jogadores também nos envergonham, e era uma de nossas artes.

Que números mostraremos às mães? 
Quantas serão as crianças doentes? 
Que acontece que somente agora viram o que a mosquita carregava em seus voos, sem ser incomodada por nada, nem fumaças, nem autoridades sanitárias, ou outra autoridade qualquer, e a lista aumenta, ameaçando severamente a nós todos? 
Qual bobagem dirá o ministro, se é que ele não vai precisar ir até ali por algumas horas participar de alguma votação importante - para ele? 

Vergonha. 
Se não chove, não tem água. Se chove, acaba a luz. 
O lixo entope os bueiros, água sobe, as árvores caem, as pessoas se desesperam e nada acontece e assim por diante já sabemos o que vai acontecer assim que o céu ruge. 

Que faremos? Se de um lado nos divertimos com os Trapalhões, de outro temos de ver como substituir esse espetáculo dantesco, e o que se vê diante de nós é tosco demais, filme-B, Z. 

São Paulo, 2016, sonhos de uma noite de verão.

*            *            *

Marli Gonçalves, jornalista do chumbogordo.com.br - Só cantando, com o grande Nélson Cavaquinho, porque tem coisas que a gente não pode falar. (...) "É o juízo final. A história do bem e do mal. Quero ter olhos pra ver. A maldade desaparecer" (...

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Leonardo Sakamoto - lírico


Leonardo Sakamoto foi, para mim,  uma decepção como jornalista.
Entretanto, não posso ignorar seu mérito como escritor.
**

Minicontos de Leonardo Sakamoto:

"Dia das Mães é data criada pelo capital para pilhar cidadãos, alienados na forma de consumidores-zumbis...Zzzzzz..."
Não me importo. Feliz Dia da Mães

***
Vó curava os dias tristes com bolinhos de chuva e esticava as manhãs leves com broas de milho.
Cair da bicicleta dava em galinhada; perder um dente, em sorvete de nata.
E para dor de saudade, vó?
Ela sabia que, para isso, não havia receita, pois durante anos tentara cozinhar a perda do vô.
E jogou o soluçar do neto no ombro, tirando o amargo de sua boca e enganando o vazio.
***
Primeiro, foram os nomes dos netos. Depois, a literatura que amava.
E ela foi se despindo na frente de todos.
Foi estranho, mas o Alzheimer lhe concedeu o direito a uma só lembrança.
O que é forte o suficiente para vencer o vazio? Para ela, o primeiro encontro com o homem de sua vida.
Passava as tardes na janela, esperando. "Ele vem", dizia a todos... Então o marido, companheiro de décadas, passou a lhe trazer margaridas para cortejá-la.
Até que, numa noite, ela disse, colocando as mãos em seus ombros: “Não precisa mais. Já me conquistou”. E dormiu um sono longo.
Vovô ainda leva flores, todos os dias.
***
Ainda escuro, ouvia meu pai estrilar os sininhos da bicicleta pela estrada de terra.
Quando clareava, ele retornava, aninhando-se junto à lenha do fogão para comer pão de milho. Perguntei o que fazia tão cedo. “Acordar o sol”, maldizia entre os dentes.
Foi então que, numa madrugada, ouviu-se apenas o silêncio.
Papai, cansado, decidiu dormir para sempre.
Ficamos sete dias no breu até que vovó, entregando a bicicleta, me deu o ofício da família - acordar o sol.
Minha mãe diz que é maldição. Eu não. Gosto do sininho.
***
Fazedor de arco-íris, seu avô dizia que era dele a tarefa de pintar os céus depois de tempestades.
Ao fim de um aguaceiro, ele se refugiava no velho moinho, girava a roda d’água e uma curva colorida se abria no horizonte. Orgulho.
Quem além dela tinha avô poderoso assim?
Até que, em uma tarde sem nuvens, o coração do velho desabou sobre a plantação.
Ela, em prantos, correu para o moinho a fim de pintar para ele. Girou, girou, girou, mas nada.
Vendo tristeza tão sincera, o céu se encolheu e chorou.
E o mais belo arco-íris que o mundo já viu se fez.
***
Tinha apenas um vestido, de chita, que ganhara do padrinho.
Pouco importava que seu corpo sumisse nele.
Ao vesti-lo, sentia-se a mulher mais linda do mundo. E, por isso, a mais linda se tornava.
O seu brilho ofuscou as outras meninas da vila, que de tocaia, rasgaram-no e o lançaram às cabras logo na véspera do São José.
Chorou tanto que o umbu floresceu.
Sua vó, então, colheu as flores e as costurou pacientemente na forma de um belo vestido branco.
À noite, a festa sem lua iluminou-se com ela - que dançou sob a benção das estrelas, sorrindo até a última pétala cair.
***
Com olhar severo e sem pressa, ela mexia o caldeirão de ferro fundido.
De dentro, um cheiro doce e perfumado corria a casa e tomava o rumo do mundo.
Horas depois, quando a lenha já era cinza e o sol se retirava, dava-se por satisfeita.
Mas dentro da panela, não havia mais nada. “Tava cozinhando, não. Tava é botando ordem nas coisas.”
Todos riam dela.
Até que vó morreu. Então, choveu três meses.
E a cidade desapareceu embaixo d’água para nunca mais voltar.


*            *            *

Coração Selvagem - Belchior (Ana Carolina)




Coração Selvagem 
Belchior


Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção
Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão
Eu quero um gole de cerveja no seu copo no seu colo e nesse bar
Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver

Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro,  saber que eu te amo

Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante, depois do meu beijo quente
Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem
Tem essa pressa de viver

Meu bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar meu coração cuidado é frágil;
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela"

Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser

Vem viver comigo, vem correr perigo , vem morrer comigo
Talvez eu morra jovem em  alguma curva no caminho,
Algum punhal de amor traído, completará o meu destino.
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo
Vem morrer comigo, meu bem, meu bem, meu bem

*        *        *

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Maldições de Jabor



AI DE TI, BRASIL

Ai de ti, Brasil, eu te mandei o sinal, e não recebeste. Eu te avisei e me ignoraste, displicente e conivente com teus malfeitos e erros. 
Ai de ti, eu te analisei com fervor romântico durante os últimos 20 anos, e riste de mim. 
Ai de ti, Brasil! Eu já vejo os sinais de tua perdição nos albores de uma tragédia anunciada para o presente do século XXI, que não terá mais futuro. 
Ai de ti, Brasil – já vejo também as sarças de fogo onde queimarás para sempre! 
Ai de ti, Brasil, que não fizeste reforma alguma e que deixaste os corruptos usarem a democracia para destruí-la. Malditos os laranjas e as firmas sem porta.

Ai de ti, Miami, para onde fogem os ladrões que nadam em vossas piscinas em forma de vagina e corcoveiam em “jet skis”, gargalhando de impunidade. 
Malditas as bermudas cor-de-rosa, barrigas arrogantes e carrões que valem o preço de uma escola. Maldita a cabeleira do Renan, os olhos cobiçosos de Cunha, malditos vós que ostentais cabelos acaju, gravatas de bolinhas e jaquetões cobertos de teflon, onde nada cola. 
Por que rezais em vossos templos, fariseus de Brasília? Acaso eu não conheço a multidão de vossos pecados???

Ai de vós, celebridades cafajestes, que viveis como se estivésseis na Corte de Luís XIV, entre bolsas Chanel, gargantilhas de pérola, tapetes de zebra e elefantes de prata. Portais em vosso peito diamantes em que se coagularam as lágrimas de mil meninas miseráveis. Ai de vós, pois os miseráveis se desentocarão, e seus trapos vão brilhar mais que vossos Rolex de ouro. 
Ai de ti, cascata de camarões!

Tu não viste o sinal, Brasil. Estás perdido e cego no meio da iniquidade dos partidos que te assolam e que contemplas com medo e tolerância!

Cingiram tua fronte com uma coroa de mentiras, e deste risadas ébrias e vãs no seio do Planalto. Ai de vós, intelectuais, porque tudo sabeis e nada denunciais, por medo ou vaidade. 
Ai de vós, acadêmicos que quereis manter a miséria “in vitro” para legitimar vossas teorias. 
Ai de vós, “bolivarianos” de galinheiro, que financiais países escrotos com juros baixos, mesmo sem grana para financiar reformas estruturais aqui dentro. 
Ai de ti, Brasil, porque os que se diziam a favor da moralidade desmancham hoje as tuas instituições, diante de nossos olhos impotentes. 
Ai de ti, que toleraste uma velha esquerda travestida de moderna. 
Malditos sejais, radicais de cervejaria, de enfermaria e de estrebaria – os bêbados, os loucos e os burros –, que vos queixais do país e tomais vossos chopinhos com “boa consciência”. 
Ai de vós, “amantes do povo” – malditos os que usam esse falso “amor” para justificar suas apropriações indébitas e seus desfalques “revolucionários”.

Ai de vós, que dizeis que nada vistes e nada sabeis, com os crimes explodindo em vossas caras.

Ai de ti, que ignoraste meus sinais de perigo e só agora descobriste que há cartéis de empresas que predam o dinheiro público, com a conivência do próprio poder. 
Malditas sejam as empresas-fantasma em terrenos baldios, que fazem viadutos no ar, pontes para o nada, esgotos a céu aberto e rapinam os mínimos picuás dos miseráveis.

Malditos os fundos de pensão intocáveis e intocados, com bilhões perdidos na Bolsa, de propósito, para ocultar seus esbulhos e defraudações. Malditos também empresários das sombras. Malditos também os que acham que, quanto pior, melhor.

A grande punição está a caminho. 
Ai de ti, Brasil, pois acreditaste no narcisismo deslumbrado de um demagogo que renegou tudo que falava antes, que destruiu a herança bendita que recebeu e que se esconde nas crises, para voltar um dia como “pai da pátria”. Maldito esse homem nefasto, que te fez andar de marcha à ré.

Ai de ti Brasil, porque sempre te achaste à beira do abismo ou que tua vaca fora para o brejo. Esse pessimismo endêmico é uma armadilha em que caíste e que te paralisa, como disse alguém: és um país “com anestesia, mas sem cirurgia”.

Ai de vós, advogados do diabo que conseguis liminares em chicanas que liberam criminosos ricos e apodrecem pobres pretos na boca do boi de nossas prisões. 
Maldita seja a crapulosa legislação que vos protege há quatro séculos. 
Malditos os compradiços juízes, repulsivos desembargadores, vendilhões de sentenças para proteger sórdidos interesses políticos. 
Malditos sejam os que levam dólares nas meias e nas cuecas e mais ainda aqueles que levam os dólares para as Bahamas. 
Ai de vós! A ira de Deus não vai tardar...

Sei que não adianta vos amaldiçoar, pois nunca mudareis a não ser pela morte, guerra ou catástrofe social que pode estar mais perto do que pensais. 
Mas, mesmo assim, vos amaldiçoo. 
Ai de ti, Brasil!

Já vejo as torres brancas de Brasília apontando sobre o mar de lama que inundará o Cerrado. 
Já vejo São Paulo invadida pelas periferias, que cobrarão pedágio sobre vossas Mercedes. Escondidos atrás de cercas elétricas ou fugindo para Paris, vereis então o que fizestes com o país, com vossa persistente falta de vergonha. 
Malditos sejais, ó mentirosos, vigaristas, intrujões, tartufos e embusteiros! 
Que a peste negra vos cubra de feridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente. 
Ai de ti, Brasil, o dia final se aproxima.

Se vossos canalhas prevalecerem, virá a hidra de sete cabeças e dez chifres em cada cabeça e voltará o dragão da Inflação. 
E a prostituta do Atraso virá montada nele, segurando uma taça cheia de abominações. E ela estará bêbada com o sangue dos pobres, e em sua testa estará escrito: “Mãe de todas as meretrizes e mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país”. 

Ai de ti, Brasil! Canta tua última canção na boquinha da garrafa.

ARNALDO JABOR


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