Meu Pai, eu nunca te disse o quão profundamente Te amo, embora já tenha confessado o tanto que preciso de Ti. Hoje, venho agradecer-Te simplesmente, pelas oportunidades que me tens concedido ao longo de todas as minhas vidas. Obrigada, meu Pai, pela clausura, que me ajudou a apreciar o canto dos pássaros ao amanhecer; pelas feridas do corpo, que me mostraram a compaixão à dor alheia; pela escassez, até mesmo pobreza, que me ensinou a valorizar o essencial; pela vivência da guerra, que me trouxe um profundo respeito à Vida. Obrigada por teres permitido tanto desamor nas minhas existências, que me fez procurar-Te em tantos lugares, de tantas maneiras. Obrigada pelo abrigo das asas de Teus mensageiros sempre que me encontro em perigo, ainda que eu não o tenha percebido. Obrigada pela Tua paciência, repetindo as lições exaustivamente até que eu, Tua filha bem-amada, erga o véu da ilusão e Te perceba. Obrigada por insistires em falar comigo, mesmo quando finjo que não escuto a Tua doce e amada Voz. Obrigada por confiares tanto em mim, que me deixas livre para decidir como, quando e onde compreenderei que Eu Sou Una em Ti. Obrigada por me ensinares o perdão e o amor incondicional, não com palavras, mas permitindo que eu os exerça diariamente, através daqueles que Tu me envias. Obrigada, meu Pai, por todas as pedras, por todas as alegrias, por todos os sins e os nãos, por todos os desânimos sem fim, por todos os êxtases profundos, por todas as luas, estrelas e sóis da minha Vida. Obrigada por caminhares comigo e – quantas vezes! – por caminhares por mim. Obrigada pela sede infinita de Ti, que me conduz de volta à Tua morada.