Estive ocupada com a mudança e adaptação às circunstâncias (agora um pouco diferentes mas nem tanto assim).
Instalada a Net, volto aos meus registros sobre os acontecimentos, o que tenho feito em manuscritos nas minhas agendinhas. Vamos lá:
15 de novembro 2015, domingo
Trovoadas ao longe, tempo fechado, abafado; depois, a chuvinha fina, tímida - aquela que não faz mudar a temperatura ainda bem quente.
Definitivamente não gosto do início de verão - nem do verão propriamente. Aliás, estamos ainda oficialmente na primavera mas no Brasil até as estações do ano são confusas.
Sem assunto, sem graça.
Tudo em compasso de espera.
(...)
Relendo "Manuscritos de Felipa", de Adélia Prado e em muitos momentos
sou Felipa, é só conferir:
"Estou cansada de excessos, parece. Odiar excessos me faz cometê-los em série.
Quero trocar minha geladeira por uma pequena, só água, leite e pronto. Fora com o freezer, com os armários repletos, o guarda-roupa entulhado.
Vou propor um bazar da pechincha, pagar as pessoas para carregarem aquelas vasilhas de plástico cheias de divisão, difíceis de lavar, trastes, micro-ondas, peguei preguiça, todas as peças dos importados de um e noventa e nove. (...) " - in "Manuscritos de Felipa", p. 35
(...)
Semana marcada por tragédias, calamidades, bar-ba-ri-da-des.
Penso mesmo que sou muito protegida por 'todo o Olimpo', como disse certa vez uma amiga que agora já está em companhia dos deuses de que gostava tanto.
Estou ainda sem internet e talvez seja melhor assim porque a rede social deve estar 'pipocando' de comentários de todo tipo. Ainda muito cansada para coordenar direito as ideias.
O mundo em decomposição.
Aqui no Brasil, Mariana - cidade das Minas Gerais, tão próxima do meu coração e da minha vivência na juventude...
Mariana histórica, aonde levei minha primeira filha - então com 11 anos de idade - num passeio gostoso em que tiramos muitas fotos - as fotos de antigamente, guardadas ainda com imenso carinho e muita saudade.
Mariana das minas de ouro e de Minas Gerais... agora literalmente atolada na lama. Uma das barragens de rejeitos de minério rompida devastando lugarejos, provocando soterramentos e morte. Não apenas uma metáfora pejorativa para o Brasil; não um "mar" - que este nem chega a Minas Gerais - mas um rio de lama seguindo por catorze cidades mineiras em direção a outro Estado da Federação, o Espírito Santo.
Especialistas declarando oficialmente a morte do Rio Doce - doce provedor líquido da região - e também de qualquer forma de vida ao redor dele: peixes, plantas...
Em Paris, para encerrar a semana, na sexta-feira, 13 de novembro, o atentado, assumido pelo Estado Islâmico, a uma casa de shows. Centenas de mortos e feridos por terroristas. As vítimas são pessoas que nada têm a ver com a sanha assassina de grupos alucinados tomados pelo fanatismo e pela ganância do poder.
É mesmo o mundo se decompondo; é o fim de qualquer sentimento humano. E ainda tenho de ouvir (e ler) de alguns entendidos em política internacional que '
esses momentos de convulsão social' sempre existiram. Citam as duas grandes guerras (1914 e 1939) como embasamento para suas teorias, algo inerente à condição humana.
De minha parte, confesso minha ignorância sobre os motivos de tanta insanidade.
Fico pensando é no que virá a seguir. Credo!
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