Às vezes tenho pensamentos estranhos, mesmo os relacionados ao cotidiano.
Não importa, sei que eu mesma sou esquisita aos olhos de muita gente.
Ajudando a preparar o almoço na casa de uma das filhas, ela me diz estar experimentando uma receita recomendada por amigas.
Huummm... pensei comigo, melhor testar um novo prato sem o compromisso de cozinhar para outras pessoas... e esse pensamento me mostrou o quanto sou desconfiada. Claro, 'queimei a língua' - não vamos sair do ambiente culinário e degustativo. Iguaria deliciosa (será que isso é pleonasmo?)
Ao lhe perguntar sobre a receita, minha filha - a mais prática, pragmática e enigmática das três - me traz uma descrição absolutamente poética do preparo de um dos ingredientes:
"Mãe, é facílima. É preciso apenas descascar a cebola em pétalas e arrumá-las com cuidado no fundo da panela".
A expressão 'em pétalas' me deixou encantada e com água na boca.
Lembrei-me, então, que certa vez em um almoço com amigos perguntei-lhes como preferiam que descascasse a cebola para a salada e um deles, português recém chegado da terrinha, prontamente respondeu: "Em lâminas, pois!"
Maravilha de idioma com essas proparoxítonas - ou esdrúxulas!
Sim, palavras proparoxítonas recebem o nome de esdrúxulas.
Desse modo, consigo - ou me parece que consigo - amarrar os assuntos.
‘Esdrúxulo’, termo que na linguagem familiar significa ‘esquisito, estranho, fora do comum’, originalmente designa um grupo específico de palavras da língua portuguesa: as proparoxítonas.
A tendência natural da língua portuguesa, o seu ritmo próprio, é paroxítono, de modo que se faz necessário marcar com o acento gráfico o que destoa do geral.
A tendência natural das pessoas é apreciar a comida, elogiar quem a fez - sim, eu elogiei e agradeci - mas sem ficar pensando essas maluquices,
Acontece que sou proparoxítona, embora meu nome seja uma oxítona também um tanto destoante.
* * *
Sueli,Itatiaia, 08 de junho 2015
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