A autocensura é um dos piores tipos de violência e hoje a pratiquei por duas vezes no facebook, ao deletar (ou excluir) também o texto abaixo e trazê-lo para o blog:
"Mea culpa"
É claro que sou velha. Não me preocupo com o envelhecimento físico. Ele é irreversível, mesmo com toda a tecnologia à nossa disposição. Faz parte da vida.
Nem por isso, entretanto, me deixo levar pelo descaso ou abandono dos cuidados normais.
Agora, o que me preocupou foi a minha própria atitude de deletar uma postagem que fiz porque percebi que desagradou a alguém novinho e de quem gosto muito.
Uma bobagem, esse face é frequentemente depositário das postagens mais absurdas, leio tudo e retenho o que me interessa. Não me ofendo, não discuto, não entro na paranoia.
Mas hoje, não sei por que, voltei atrás...
Acho que o coração está envelhecendo,
* * *
Apareceu no facebook uma postagem perguntando "O que você diria hoje para você mesmo quando era jovem?" (ou algo parecido).
Não respondi quando vi e a postagem 'sumiu'...
Então, lá vai a resposta com o texto de DRUMMOND no final da crônica 'Fala, amendoeira' :
(...)
"Repara que o outono é mais estação da alma que da natureza.
- Não me entristeças.
- Não, querido, sou tua árvore-da-guarda e simbolizo teu outono pessoal.
Quero apenas que te outonizes com paciência e doçura.
O dardo de luz fere menos, a chuva dá às frutas seu definitivo sabor.
As folhas caem, é certo, e os cabelos também, mas há alguma coisa de gracioso em tudo isso: parábolas, ritmos, tons suaves...
Outoniza-te com dignidade, meu velho."
**
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
* * *
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