quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Ensaio sobre a cegueira de um povo... - Erick Morais

Ensaio sobre a cegueira de um povo chamado Brasil
por Erick Morais


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“Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há certa cumplicidade vergonhosa.”
Victor Hugo

O Brasil parece ter se transformado em uma espécie de seriado de terror, em que a cada novo dia surge um episódio mais macabro que o anterior. 
A crise parece não ter fim e a lama da corrupção e de todos os males intrínsecos a ela está cada vez mais alta. 
Todo esse caos poderia ser a gênese da mudança, mas, assim como acontece na obra de Saramago, o caos apenas amplificou a cegueira existente, tornando esta terra um lugar de guerra de todos contra todos.

A cegueira se manifesta na falta de empatia e – consequentemente – no egoísmo, na falta de ética, na falta de senso crítico e em um maniqueísmo que beira a falta de racionalidade (eufemismo para burrice). 
Esse caldo, extremamente nutritivo para a corrupção, faz com que busquemos soluções superficiais para problemas profundos. Desse modo, a crise penitenciária é culpa exclusivamente dos bandidos, o caos no Espírito Santo é culpa unicamente da polícia militar e/ou dos criminosos (paradoxal?!), e a crise política/econômica existe em função de um único partido ou tendência política.

O que não se percebe, ou não se quer perceber, é que essas atitudes sintetizam tão somente a célebre e comumente ideia utilizada de que: “O inferno são os outros”. 
É muito mais fácil apontar o dedo do que estender a mão e, assim, o inferno parece não ter fim, o que chega a ser uma constatação óbvia, dado que se estamos cercados de pessoas e elas são o inferno, logo há inferno por todos os lados e estamos bem no meio dele. 
Posto isso, percebemos quão frágil é ter um pensamento que reduz aos outros indivíduos problemas construídos socialmente, uma vez que ao agirmos assim, estamos apenas contribuindo para a perpetuação do mal, que em tese, queremos combater.

O cenário que encontramos hoje é desolador e não existem sinais de mudança. E não falo somente no ponto econômico, porque em nada adianta a economia voltar a funcionar e as bases destrutivas que impedem que o país de fato se desenvolva permaneçam. 
Será uma melhora momentânea e aparente, escondendo problemas que uma hora explodirão,..
(...)
O problema do Brasil é crônico e profundo, de modo que é preciso alterar as bases e não os “players” para que a situação se modifique. 
A terra tupiniquim precisa de reformas na base (isso te lembra algo?) para que possamos falar em desenvolvimento de verdade e não em picos de crescimento econômico mágicos, que permitem que durante certo tempo a classe média e as novas classes médias se esbaldem na orgia consumista.

A grande questão, então, é se queremos de fato essas reformas urgentes e necessárias. A meu ver, não. 
E a classe política sabe disso, a elite mesquinha que domina o país também, de maneira que esperar deles mudanças que retirem das suas mãos o poder é muita ingenuidade. 
Mas, talvez não sejamos tão ingênuos. Talvez o que queremos são soluções mais fáceis, daquelas em que alguém ou algum grupo é pego de bode expiatório para limpar nossa alma dos pecados.

Há bons motivos para se acreditar nisso, pois discursos desse tipo são repetidos à exaustão por uma infinidade de “cidadãos”, assim como, atitudes – ou melhor dizendo – a falta delas, demonstram quão longe estamos de mudanças. 
(...) 
O problema está na classe política como um todo, mas é preciso lembrar também, que ela não surgiu do nada, ela existe a partir e dentro da sociedade, portanto, esta como um todo possui culpa e a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam. 
Infelizmente, ao que parece, neste ensaio sobre a cegueira não existe a mulher do médico, ou se existe, está em número insuficiente para que o autor que vos fala acredite que possamos voltar a enxergar. 
Aliás, quando enxergamos?


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