sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

COMUNICAÇÃO - Artigo de Angelina Garcia


Reveses da comunicação  
Angelina Garcia
Reclamamos, muitas vezes, da dificuldade em se entabular um diálogo com determinadas pessoas, pois tudo o que dizemos é mal compreendido, podendo desencadear ásperas discussões ou até rompimentos. Quanto mais tentamos nos explicar, maior a confusão.

A comunicação não ocorre de modo direto, como às vezes se supõe; ou seja, de um lado um emissor, de outro um receptor, bastando uma língua comum para que a mensagem seja decodificada. Além da língua, várias outras condições estão implicadas na produção de sentidos entre interlocutores.
Assim sendo, recebo e interpreto a fala do outro a partir não só de conhecimentos partilhados, ou da minha posição ideológica, ou da memória racional de outros sentidos despertados daquele dizer. Entram também as sensações guardadas, relativas às condições psíquicas e emocionais do indivíduo, que são mobilizadas pelo que o outro diz.

Algumas pessoas tomam, com frequência, como crítica pessoal, aspectos do comportamento humano rejeitados pelo senso comum, os quais, em conversa descontraída, alguém levanta simplesmente a título de observação ou de questionamento próprio. O que levaria uma pessoa a se sentir alvo constante do olhar alheio? O que a faz pensar que tudo o que o outro diz de negativo quer se referir ela?

Se por um lado encontramos a insegurança; por outro, ou pelo mesmo, observa-se certo egocentrismo nesse comportamento.

A insegurança resulte talvez de uma história do sujeito marcada por rejeições do seu ciclo familiar e outros, pautadas na idéia de certo e errado e, consequentemente, pelo pecado e culpa, os quais contribuíram para minar sua autoestima. Desse modo, ele espera sempre que pessoas à sua volta continuem observando o que, a seu ver, ele tem de pior. Mesmo quando a fala do outro não lhe é dirigida diretamente, ele produz sentidos dentro dessa sua condição de inseguro.

É pela insegurança, também, que esse sujeito se encontra centrado em si, como se precisasse, o tempo todo, defender-se de alguma acusação. Dentro desse quadro, ele oferece poucas possibilidades de troca; a comunicação fica truncada, pois cada vez que se sente atingido durante o diálogo, ele o interrompe para se defender, justificar-se, ou, no mínimo, certificar-se se o outro está ou não se referindo a ele.
E, assim, não é possível aprofundar ou ampliar a conversa.
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ENGANAÇÃO

Os títulos das postagens estão uma coisa... "Down, down, down..."  A culpa não é só minha.
Estou aqui, quietinha, ouvindo música e tentando me informar... pra quê, né?
Leio uma matéria esquisita:

"Auto-Tune (do inglês, "auto afinar") é um processador de áudio criado pela empresa Antares Audio Technologies em 1994, que usa uma matriz sonora para corrigir as performances no vocal e instrumental.
Ela é usada para disfarçar imprecisões e erros, permitindo assim que muitos artistas possam produzir mais precisamente suas músicas.
Além de ser utilizado para mudar sutilmente a altura do som, pode ser usado, com alguns ajustes, como um efeito deliberadamente preparado para distorcer a voz humana, semelhantes ao produzido pelo aparelho Voxbox.
O efeito Auto-Tune está disponível para profissionais de áudio utilizarem em estúdios, como um plug-in e como um stand-alone que fixa a unidade para o desempenho vivo do processo. O Auto-Tune tornou-se equipamento padrão para gravação em estúdios."

Isso está me cheirando a enganação... Qualquer pessoa pode, então, cantar para um  público, sem problema de afinação.  E o dom, o talento, o tempo de estudo, onde ficam? Tsc tsc tsc...

Posso também ter entendido tudo errado... Tomara!

Bom, eu estava ouvindo Ella Fitzgerald em 'Misty' (sou 'metida', não faço por menos) cujo timbre de voz e técnica vocal são maravilhosos. Pensei: será que ainda existem vozes afinadas assim? 



Nisso, lembrei-me de um show ao vivo de uma certa cantora - foi famosinha durante um ano por causa de um tal "ai...ai...ai...ai.." (que letra, hein?) - e a desafinação era tanta que as pessoas ficaram com aquela cara de vergonha alheia, sabe?
Pensei de novo, agora: coitada, ela deveria ter utilizado o tal dispositivo... Também, quem manda se meter a cantar em público? É preciso estudar, gente... Pra tudo na vida É PRECISO ESTUDAR!

Ainda não sei como fazer para postar um vídeo aqui, porque se vou ao youtube no 'compartilhar', o vídeo vai para www.ouricoelegante.blogspot.com  meu outro blog (marketing, marketing) . Já disse que sou bem burra com esta coisa de computador. O jeito é tentar descobrir...
Preciso aprender esse negócio direito para postagem das músicas que ouço. Faz parte do tal cotidiano que pretendo contar...

Olha que luxo! Tenho tempo para ouvir música o dia inteiro, se quiser...
Invejinha, hein? 
Tá certo que a casa, as roupas, o trabalhinho doméstico fica meio adiado... (não é 'meio QUE', como virou moda entre as celebrities. É MEIO só.  O QUE não tem a menor função.)

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Consegui postar o bendito vídeo - com a ajuda da minha amiga Nádia - mas agora falta saber como encaixar entre o texto, no lugar que eu gostaria. Jesus! Esse negócio vai me deixar mais maluca... se é que isto é possível.  Caraaaaca!
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Aff!! Consegui  inserir o vídeo do meu jeito.  Mas demoroooou...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

HIPOCRISIA

Eu estava ouvindo música de um arquivo particular – Blues – e lá pelas tantas fiquei atenta à letra de Fogueira, da Angela Ro Ro.
Tá certo, estou cansada de saber que há conotação homossexual; sim, e daí?
Esse nosso preconceito de todo dia, nos faz, como a própria Ângela diz, os fracos de alma, perder a delicadeza de toda a composição: são versos lindos, bem feitos e, acima de tudo, falam de sentimentos comuns ao ser humano, sem rótulo de masculino ou feminino.
Penso que não é preciso definir-se como homem ou mulher para sentir e, principalmente, saber expressar esse sentimento. E ainda de forma artística, poética, dom de poucos.

(...)
“Deixa eu cantar
Aquela velha história,  amor
Deixa eu penar, a liberdade está  na dor

Eu vivo a vida a vida inteira
A descobrir o que é o amor
Leve pulsar do sol a me queimar
Não penso ter a vida inteira
Para guiar meu coração
Eu sei que a vida é passageira
E o amor que eu tenho não!

Quero ofertar
A minha outra face à dor
Deixa eu  sonhar com a tua outra face, amor”

Diversos acontecimentos relacionados a esse tipo de preconceito já me fizeram desistir do convívio de muitas pessoas.  
Não estou aqui levantando bandeira nenhuma, mas detesto os que se acham perfeitos, infalíveis e vivem apontando diferenças.
Cada um, temos nossa maneira de ser e de viver. Desde que essa maneira não agrida, não fira, não machuque e não imponha idéias.  
Aceitamos isso em nós mesmos e queremos que nos respeitem; por que, então, não termos a mesma atitude em relação ao outro?
Há um nome para isso. Aliás, há nomes para tudo.


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Escrevi o minitexto aí em cima na parte da manhã.
Agora - já é quase noite - fui ler alguns artigos que havia reservado e olha o que encontro.É extenso e sei que muitos não têm tempo - eu tenho. E tenho tempo também para pensar que comigo ocorrem muitas coincidências... 
Estava falando de preconceito, não é mesmo?
Esclareço que a marcação do texto com cor diferente não é minha.


"Na pele do outro
Eliane Brum


O cotidiano parece se repetir conforme o previsto até que você é empalado por uma cena. Eu saía da loja de um shopping de São Paulo, na tarde de sábado, quando ele passou por mim. Não sei se era a forma como o ar se deslocava de outro jeito ao redor dele, mas eu ainda não o tinha visto e minhas mãos já se estendiam no ar para ampará-lo. Ou talvez fosse só impressão minha, uma vontade estancada antes do movimento. Era um homem velho. Mas mais do que velho, era um homem doente. Cada um dos seus passos se dava por uma coragem tão grande, porque até o pé aterrissar no chão me parecia que ele podia retroceder ou cair. Mas ele avançava. E porque ele avançava na minha frente eu pude ver aquilo que outras partes de mim já haviam percebido antes. Sobre a sua cabeça havia uma peruca tão falsa que servia apenas para revelar aquilo que ele pretendia esconder. E de uma cor tão diferente do seu cabelo branco que parecia descuido de quem o amava ou não amava. Aquilo doía porque havia uma vaidade nele, a preocupação de ocultar a nudez da cabeça. E a peruca mal feita a expunha como um fracasso. A cada um de seus passos de epopeia sua camisa subia revelando um largo pedaço da fralda geriátrica. E assim ele avançava como uma denúncia claudicante da fragilidade de todos nós. Atravessando o corredor do shopping, lugar onde fingimos poder comprar tudo o que nos falta, consumidos pelo medo dessa vida que já começa nos garantindo apenas o fim.
Eu o seguia nesse balé sem coreografia quando ouvi os risinhos. Olhei ao redor e vi as pessoas se cutucando. Olha lá. Olha lá que engraçado. Ele tinha virado piada. Aquele homem desconhecido deixara a sua casa e atravessava o shopping. Para isso empreendera seus melhores esforços. Tinha vestido a peruca para que não percebessem sua calvície. Tinha colocado a fralda para não se urinar no meio do corredor. E caminhava podendo cair a cada passo. E as pessoas ao seu redor riam. E por um momento temi uma cena de filme, quando de repente todos começam a gargalhar e há apenas o homem em silêncio. O homem que não compreende. Até enxergar seu reflexo no olhar que o outro lhe devolve e ser aniquilado porque tudo o que veem nele não é um homem tentando viver, mas uma chance de garantir sua superioridade e sua diferença.
Quando entrevisto algum escritor costumo perguntar: por que você escreve? Alguns me respondem que escrevem para não matar. Eu também escrevo para não matar. Acho que na maior parte das vezes a gente escreve, pinta, cozinha, compõe, costura, cria, enfim, porque não sabe o que fazer com as pessoas que riem enquanto alguém tenta atravessar o corredor do shopping sem ter forças para atravessar o corredor do shopping.
O que me horroriza, mais do que os grandes massacres estampados no noticiário, são essas pequenas maldades do cotidiano. E só consigo compreender os grandes massacres a partir dos pequenos massacres de todo dia. Os risinhos e dedos que apontam, os cotovelos que se cutucam.
Quem pratica os massacres miúdos do dia a dia é gente que se acha do bem, que não cometeu nenhum delito, que vai trabalhar de manhã e dá presente de Natal. Gente com quem você pode conversar sobre o tempo enquanto espera o ônibus, que trabalha ao seu lado ou bem perto de você, e às vezes até lhe empresta o creme dental no banheiro. É destes que eu tenho mais medo, é com estes que eu não sei lidar.
Entrevistei muitos assassinos sem sobressalto, porque estava tudo ali, explícito. Era uma quebra. O que me parece mais difícil é lidar com o mal rotineiro e persistente, difícil de combater porque camuflado. O mal praticado com afinco pelos pequenos assassinos do cotidiano que nenhuma lei enquadra. E quando você os confronta, esboçam uma cara de espanto.
O pequeno mal está por toda parte. Possivelmente sempre esteve. Apenas que cada época tem suas peculiaridades. E na nossa somos cegados o tempo inteiro por imagens que nos chegam por telas de todos os tamanhos. E cada vez mais escolhemos as cenas que veremos, com quais nosso cérebro decidirá se comover. E as dividimos com os amigos no twitter, enviamos por email e parece até que há uma competição sobre quem consegue enviar mais rápido as imagens mais impactantes. Mas não sei se isso é ver. Não sei se isso nos coloca em contato de verdade.
Penso nisso porque acho que o mundo seria melhor – e a vida doeria um pouco menos – se cada um se esforçasse para vestir a pele do outro antes de rir, apontar e cutucar o colega para que não perca a chance de desprezar um outro, em geral mais vulnerável. Antes de julgar e de condenar. Antes de se achar melhor, mais esperto e mais inteligente. Vestir a pele do outro no minuto anterior ao salto na jugular.
Para mim é imediato me colocar na pele do homem que atravessa o corredor sem saber se vai chegar até o fim sem tombar. Mas é mais difícil me enfiar na pele das pessoas que riem, porque sinto raiva. E tenho a pretensão de não ter nada a ver com gente assim. Incorro então no mesmo erro, ao me pretender tão diferente daquele que me horroriza. É certo então que também eu cometi e cometo meus pecados de soberba. Por coerência – e eu valorizo a coerência – preciso me forçar. E eu me forço porque acredito nesse ato.
Quais são as razões delas, então? Por que ao testemunhar o homem que atravessa o shopping em passos trôpegos elas riem, se cutucam e apontam? Fiquei pensando se estas pessoas estão tão cegas pela avalanche de cenas em tempo real que para elas é apenas uma imagem da qual podem se descolar. É só mais uma cena que, como tantas a que assistimos todos os dias, não sabemos mais se é realidade ou ficção. Não é que não sabemos, apenas que parece que não importa, agora que os limites estão distendidos. Por que apenas assistimos às cenas – não as vemos nem entramos em contato.
E é esta a grande diferença num mundo de tanta visibilidade e tão pouco contato real. E o real aqui não é uma oposição entre o real e o virtual, mas o real real. Eu vejo você, eu toco em você, eu sinto a sua dor e me sujo com o seu sangue, ainda que seja pelo computador. É um jeito de estar no mundo e se relacionar com o outro disposto a se deixar tocar e a assumir os riscos de se deixar tocar. Me parece que estamos cada vez menos dispostos a isso – apesar de termos uma possibilidade grandiosa de acesso ao outro por conta da internet. Será que é isso? Dezenas de amigos no facebook e nenhum contato real, no sentido de se deixar transtornar e transformar pelo outro, para além das amenidades e da persistente troca de informações?
Será que era por isso que podiam rir? Por que não tinham nenhuma conexão com aquele outro ser humano? É curioso que agora o verbo conectar é mais usado para nos ligarmos a uma máquina que nos leva instantaneamente para a vida dos outros. Pela primeira vez somos capazes de nos conectar ao mundo inteiro. O que é mais fácil do que se conectar a uma só pessoa – ao homem doente que atravessa o corredor do shopping diante de nós. É curioso como agora podemos nos conectar – para nos desconectarmos.
E se, ao contrário, riam porque se sentiam tão conectadas a ele que precisavam rir para suportar? Pensei então que talvez pudesse ser esta a razão. Aquelas pessoas realmente enxergavam aquele homem – e por enxergar é que precisavam rir, se cutucar e apontar. Porque a fragilidade dele também é a delas, a de cada um de nós.
Nada nos garante que em algum momento da vida não estaremos nós também tentando atravessar o corredor do shopping por onde hoje caminhamos sem sentir. Nada nos assegura de que um dia não seremos nós a quase cair a cada passo. Se tivermos sorte e não morrermos de bala perdida ou de chuva, como afirmar que não usaremos fralda geriátrica ou tentaremos cobrir nossa calvície ou as marcas de uma quimioterapia com uma peruca que apenas denuncia aquilo que queríamos esconder?
Talvez seja esta a razão, pensei. Essas pessoas precisaram rir, cutucar e apontar para ter a certeza – momentânea e ilusória – de que ele não era elas. Não seria nunca. Só apontamos para o outro, para o diferente, para aquele que não somos nós. E quando apontamos para alguém é justamente para denunciar que ela não é como nós.
Neste caso, teria sido para se certificar. Elas diziam: Olha que peruca ridícula. Ou: Você viu que ele está de fralda? Mas na verdade estavam dizendo: O que acontece com ele nunca acontecerá comigo. Ou: Ele não tem nada a ver comigo. Por que deixam gente assim entrar num shopping?
Riam, cutucavam e apontavam por medo do que viam nele – de si mesmas.
São hipóteses, apenas. Uma tentativa de entender – de pensar e escrever em vez de responder com violência à violência que presenciei. E que me aniquila tanto quanto um massacre reconhecido no noticiário como massacre.
Talvez não seja nada disso. No Natal minha filha me deu de presente uma camiseta em que a Mafalda, a personagem do cartunista argentino Quino, dizia: “E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?”. Talvez ali, no corredor do shopping, não fossem pessoas – só gente. Porque nascemos gente – mas só nos tornamos pessoas se fizermos o movimento.
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domingo, 22 de janeiro de 2012

ANTES SÓ...

Manhã igual a todas as outras. Ligação de uma das filhas. Compromisso de preparar um dos netos para provas de recuperação. Dois dos netos têm aquela idade em que estão deixando a infância mas ainda não se deram conta de que é preciso se preparar para a vida adulta. Aquela coisa chamada adolescência, sabe como é? Pois é... e os pais ficam meio perdidos, buscando explicação.  Esquecem-se às vezes de que também passaram pela fase. É assim mesmo.
Ainda levei uma bronca porque não saio de casa a não ser para as compras em mercado. Assim mesmo, com essa chuvinha constante, tenho evitado até isso.

Não sei se é mais um dos meus 'bodes', mas está cada vez mais difícil eu me animar a sair . E a coisa está se tornando um hábito. 'I want to be alone' (viva Greta Garbo!, viva o Google!)

Aliás, nos poucos momentos em que ligo a TV, vi alguma coisa sobre a atriz brasileira Ana Paula Arósio, que parece ter abandonado a carreira e se refugiado em um sítio, ou fazenda, não sei bem, em Santa Rita do Passa Quatro-SP. Enfim, cada um sabe de si, né não? Mas a ausência da moça está causando um certo  frisson no meio artístico, isso para dizer o mínimo.

A questão aqui é mais rasa, mais pé no chão.
De minha parte, ando de saco cheio com muitas coisas, por isso esse isolamento voluntário.
Não tenho mais paciência para bobagens - minhas e dos outros -  do tipo estar sempre preocupada com a aparência de tudo; não se trata apenas da própria aparência, moda, essas coisas. Mas de tudo que nos rodeia.
Coisa mais chata essa gente que fica catando fiapinho na roupa, arrumando, a todo momento, as almofadas no sofá, verificando se há poeira em cima e embaixo dos móveis, olhando pela janela quem passa na rua, perguntando tudo sobre as pessoas, querendo saber da vida dos outros.
Pelo amor de Deus, a vida da gente já é qualquer coisa que exige atenção, e ainda vamos acrescentar miudezas? Tô fora...
Muitas vezes desisto de sair de casa – até mesmo para comprar alguma coisa – só para evitar chateação. É, sou uma ‘neguinha difíciii!’
Com a idade, sei que estou ficando mais difícil ainda. Por isso, faço questão de estar na minha casa e procuro incomodar o mínimo possível. Mas não adianta. Sempre vem alguém para me animar a sair, ver gente, como dizem. A intenção deve ser boa... e lá vou eu acreditando no mundo...
Isso, quando não querem me obrigar a frequentar Academia de Ginástica, Seções de Massagem, o diabo a quatro – até aulas de dança, dá pra acreditar? Logo para mim, que sempre fui um pé de valsa e danço muito bem até hoje... (modéstia à parte, nada!)
O fato de estar aposentada não significa que nada tenho a fazer ou que precise inventar atividades. Eu, hein?
Tá bom... esse negócio de ver gente cansa.
Afinal, gente é tudo igual, embora cada um se ache  diferente e  melhor que o outro. 
Condição humana...condição humana, não é, Machado de Assis?


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sábado, 21 de janeiro de 2012

CHEGANDO

Estou tentando um novo blog como forma real de expressão. Por quê? O Ouriço cansou? Não é uma forma real de expressão?
Xiii...quanta piração! Não é nada disso.
Todo blog acaba refletindo seu criador.
Acontece que o Ouriço é o guardião das coisas que me tocam de alguma forma, são emoções variadas - admiração, reflexão, riso, choro etc etc - mas a maioria vem através do filtro do outro.
Muita leitura, muita literatura, muita filosofia.  Vai continuar assim. Continuo lendo, observando as coisas, ainda que não as vivencie.

Aqui, pretendo o registro do cotidiano, às vezes simples, às vezes intenso, mas vivido.
Não sei se conseguirei fidelidade e assiduidade nesses registros. Por isso eu disse pretendo...

No momento, a dificuldade é técnica. 
Não entendo nada de computação, informática, essas modernidades. Sou apenas uma usuária por necessidade, por exigência de comunicação social.
Por isso, o lay-out ainda vai levar um tempo pra ficar legal.
Estou aprendendo sozinha, na base da tentativa e erro.
Por exemplo: não consigo acertar a cor e o tamanho da fonte... mas ainda chego lá.
Pode ser também que esse modelo de blog não seja o definitivo, essas coisas.
Já disse que tenho muito a aprender até usar essa tecnologia com agilidade. Estou tentando...

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