De acordo com a publicação anterior neste blog (Antroposofia), estou no último setênio da vida e, mesmo antes de ler o artigo, eu já vinha pensando seriamente no tempo que tenho para partir deixando "lavrado o campo, a casa limpa, a mesa posta, com cada coisa em seu lugar", como diz Manuel Bandeira em seu lindo poema "Consoada".
Além da metáfora - belíssima, aliás - ando precisando mesmo, de verdade, organizar melhor muita coisa pessoal (papéis, fotografias, objetos, roupas) numa tentativa de aliviar o trabalho da família.
Pode parecer morbidez mas trata-se apenas da realidade pegando forte.
Sempre tive a mania de guardar 'coisas' (não me considero acumuladora, pois sou seletiva e organizada), mas confesso, uma espécie de guardiã do que acho importante na vida familiar. Assim, encontrarão lembranças inimagináveis...rsrsrs
Explico: tenho o cartãozinho-convite para o aniversário de 1º ano de vida da minha primeira filha que hoje está com 43 anos - na época, não havia a indústria das festas de aniversário e eu mesma fiz em papel cartão rosa, o desenho de uma florzinha simples, com aquela canetinha para tinta Nanquim (alguém sabe o que é isso? hahaha), criei e escrevi os versinhos (também a nanquim), acabamento do recorte com tesoura de picotar!
Tenho também uma carta linda recebida por ocasião do nascimento da minha terceira filha - hoje com 38 anos.
Da segunda filha - hoje com 40 anos - um vestidinho usado num casamento em que ela 'quase' foi, pela primeira vez, aos três anos, dama de honra. Quase porque mesmo depois de ensaiar, na hora da cerimônia ela não quis entrar de jeito nenhum! (Não são coisas maravilhosas?)
Entre outros 'achados'.
Sei que muitos pensam na inutilidade disso, mas sou assim, fazer o quê?
Desse modo, o que eu posso preservar e passar às próximas gerações, eu faço. Se haverá interesse já não é da minha alçada. Faço o que penso ser meu dever.
Comecei o trabalho hoje e pretendo continuar. Todo dia um pouco.
Estou com muitas ideias. Bom, né?
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