Um elenco 'de peso', trazendo ANTHONY QUINN, esse mesmo, o grande astro de Holywwood, além de PAULO AUTRAN.
O italiano Giuseppe Padovani chega aos noventa e três anos de idade, mas nem tanto tempo de vida nem a festa preparada para celebrar seu aniversário parecem motivos suficientes para comemorações. Com sua saúde debilitada e a fragmentação de sua família, tudo indica que o final da vida de Padovani será apenas amargo.
No entanto, tudo muda quando chega ao Brasil uma jovem italiana pesquisadora que afirma ter o projeto de pesquisar a família Padovani.
A saúde de Giuseppe está frágil, sua família se despedaçando e a fábrica que ele e a esposa criaram há mais de 60 anos está à venda.
Durante a festa, Giuseppe é apresentado a Sofia D'Angelo, sua parente, que afirma estar no Brasil para uma pesquisa sobre a família Padovani, após ter passado os últimos anos estudando na Itália. Espantado com a incrível semelhança com sua finada esposa Caterina, Giuseppe começa a se perguntar se não seria Sofia a reencarnação de sua amada.
Apesar da crítica mal humorada - achei até cruel - de Rubens Ewald Filho, eu gostei muito do filme.
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Rubens Ewald Filho
Oriundi (1999)
Por que um astro internacional como Anthony Quinn se daria ao trabalho de vir ao Brasil para estrelar um filme e mesmo aceitar ser co-produtor da fita?
A resposta é simples: Quinn (1915-2001), vencedor de dois Oscars e ator em mais de 200 filmes, aos 84 anos, não encontrava mais bons personagens, apesar de sua óbvia vitalidade, e vinha trabalhando mais em telefilmes. Por duas razões: já não se realizam filmes sobre velhos, simplesmente porque os adolescentes, principais frequentadores das salas de cinema não se interessam pelo tema, nem devem saber quem é Quinn; e um homem de 80 anos mesmo com saúde aparente, tem problemas para ser aceito numa grande produção, por causa do seguro, e é sempre um risco muito grande para o produtor.
Tanto que ele morreu meses depois de ter vindo ao Brasil lançar o filme (que por sinal foi grande fracasso de bilheteria). Daí sua evidente boa vontade viajando até Curitiba e Paranaguá para estrelar este filme feito por um diretor estreante em longa, Ricardo Bravo (tempos antes de "O Carteiro e o Poeta", ele tentou adaptar essa história mas não conseguiu produtor).
Até porque Quinn tem uma longa relação com o país (ele detinha os direitos de "Os Velhos Marinheiros", de Jorge Amado, que não conseguiu produzir).
A fita é prejudicada pela falta de emoção e um final truncado e inconclusivo, que deixa o espectador irritado.
Também o roteiro (feito por um dos autores de Central do Brasil), tem suas falhas e é meio obscuro.
A mais grave dessas faltas é deixar o protagonista Quinn fora das decisões principais sobre a fábrica que criou. Paulo Betti (mau papel) faz o neto de Quinn, um italiano (que prefere falar em italiano o tempo todo, o que leva o elenco brasileiro a se defender bastante bem nessa língua grande parte do filme) já com 90 e tantos anos.
Não se entende bem o que houve com os pais de Betti, filhos de Quinn, mas ao menos dá para perceber que este perdeu a mulher num acidente de aviação.
Muito lentamente, aparece uma parente, uma prima (a sempre ruim Leticia Spiller) que se parece demais com a falecida - grande amor da vida dele.
Enquanto isso, se debate, com pouco entusiasmo, se devem ou não vender a fábrica de massas para os estrangeiros.
Quinn fica divagando e não toma partido, preocupado se aquela mulher seria uma espécie de anjo da morte que veio buscá-lo ou perdoá-lo. Mas nem isso, que poderia resultar numa bonita história de amor, acaba se concretizando.
Quinn ficou muito chateado com o filme porque ele não enfatizou a tese da reencarnação, de que tanto gostava.
Embora tenha um bom acabamento (a boa fotografia tenta encobrir a ausência de planos mais gerais, o excesso de closes) principalmente na trilha musical (que saiu em CD e se dá ao luxo de ter tema musical cantado por Zizi Possi), o filme peca pelo elenco irregular (ficamos querendo mais a presença de Paulo Autran, que faz o médico amigo. Quando ele contracena com Quinn, o filme sobe de nível).
Logicamente não há o que reclamar do velho mestre, um ícone do cinema. Uma pena que a fita não faça jus a sua ilustre presença.
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Ca...ramba! O cara 'detonou' o filme, personagens e até alguns atores! Credo...
Zizi Possi canta a trilha sonora do filme:
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