sábado, 5 de maio de 2012

LEITURA RECENTE - "Nihonjin"

Terminei de ler um romance que minha irmã e meu cunhado me emprestaram: o título é Nihonjin, de Oscar Nakasato.
Trata-se de uma reconstrução histórica - com base pessoal - da imigração japonesa no Brasil na segunda década do séc.XX. Bem interessante a história familiar de Hideo Inabata, que vem cheio de sonhos de enriquecimento, trabalhar nas lavouras de café.

O narrador é neto do protagonista e pretende trazer uma visão contemporânea sobre o tema da migração, ele mesmo, o neto, um dekassegi preparando-se para ir trabalhar no Japão.
Aceita um trabalho árduo de chão de fábrica embora possua curso superior. O avô, familiarmente chamado de ojiichan, se preocupa justamente por ter enfrentado, junto com a família, as tantas dificuldades e não queria para o neto essa experiência.  Mas este lhe diz que os tempos são outros e que iria e voltaria sem os contratempos do passado.

Há também a questão do final da segunda Grande Guerra com a rendição das forças japonesas e a consequente decepção dos súditos do Imperador;  as bombas de Hiroshima e Nagasaki e a radical tranformação do Japão em um país moderno, altamente industrializado, tecnologicamente uma referência para os demais.

Muito difícil para nós, ocidentais, mergulhar na cultura japonesa e compreender determinadas situações, mas o livro é bem elucidativo, tem linguagem moderna, correta e sem rebuscamentos.

Enfim,  mais um aprendizado para mim que conheço tão pouco a cultura oriental. Lembro-me de ter lido, quando muito jovem, "Uma ponte para passar" e um outro cujo título não me ocorre no momento , da escritora norteamericana Pearl S.Buck abordando o tema.

Alguns trechos de Nihonjin:
'O tempo - sua reta inflexível como o traçado de uma flecha certeira no ar, sua norma inquestionável e singular - vai manchando as imagens, apagando algumas, gravando ruídos no verbo, e logo se duvida do que foi dito, ou se necessita preencher as elipses, realçar os contornos para que se possa ver, ou inventar traços e cores em folhas em branco.' (p.9)

'Ele (o Imperador) quer que emigremos, que fiquemos um tempo em terra estrangeira, mas que voltemos depois, com bastante dinheiro, e ajudemos no desenvolvimento do país.'  (p. 14)

(a arte do bonsai)
'Após a rigorosa poda - eu vi as mãos trêmulas adquirirem firmeza, a direita segurando o alicate, a esquerda, o galho, ambas convictas do corte, orgulhosas do destino que comandavam.' (...)
'Eu lhe perguntei se ele sabia como a árvore seria em 10, 15 anos e ojiichan respondeu simplesmente que havia a natureza. Foi o que aprendera. Pensei em tio Haruo, em como se desenvolvera se esquivando de alicates e arames e se tornara uma árvore livre, exuberante...'
(p. 170)

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