sábado, 12 de janeiro de 2013

Sincronicidades


Recebi o texto abaixo formatado em lindo PPS de um casal amigo e vizinho aqui em Itatiaia. Mudaram-se para o estado de Santa Catarina mas continuamos a nos comunicar via Internet.
O e-mail foi enviado na noite anterior a uma perda significativa para nossa família e esses amigos ainda não haviam recebido a notícia.  Foi lido por mim uns três dias após o ocorrido.


Por que choramos ante a morte?
Henry Sobel

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.

O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: "já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro"!!!

Assim é a morte.

Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O ser que amamos continua o mesmo, suas conquistas persistem dentro do mistério divino.

Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita. E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: "já se foi", no além, outro alguém dirá : "já está chegando". Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida.

Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
E o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Assim, um dia, todos nós partimos como seres imortais que somos, todos nós ao encontro Daquele que nos criou.
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