terça-feira, 26 de março de 2013

Filme WALL STREET - O dinheiro nunca dorme



Ninguém mais ignorante que eu em relação a Economia, Finanças, Sistemas Financeiros, ou sei lá que coisas são essas que 'movem o mundo'.
Sou das Letras, das Artes; gosto de música, dança, poesia, literatura, teatro, cinema, artes plásticas.

Por isso, estranhei em mim mesma o interesse em assistir hoje, na TV,  ao filme 'Wall Street - o dinheiro nunca dorme'. Em outros tempos, eu evitaria um título que entrega tão claramente o enredo.

Acho que foi por estar em casa entediada, cansada do trabalho doméstico, nesta tarde nubladinha, sem graça.
Mas, quer saber? Foi muito bom para me arrancar deste mundinho fictício e bonitinho no qual me escondo, tentando acreditar nas pessoas, na vida, nos valores e princípios éticos nos quais fui educada e...  - sem mágoas, papai e mamãe - venho 'me ferrando' ao longo da vida.

O que o filme me mostra é que em qualquer época, o ser humano é sempre o mesmo,  não importando a chamada 'evolução', porque a riqueza material, o poder, a ganância, a mentira são os principais motores desse mundo - e ele se move, ah, como se move... A intenção do filme me parece esta mesmo: reiterar que as pessoas são o que o seu dinheiro consegue comprar.
Gente, nem a tal globalização deu uma disfarçada nisso. Tudo gira em torno do lucro, a qualquer custo.

Claro, leio os jornais - por mais desanimadoras que sejam as notícias - e sei que quando há uma grande crise econômica em qualquer lugar do mundo, sempre há também quem se beneficie e lucre com isso. Também nas guerras é assim. Faz lembrar alguns velhos ditados: 'a desgraça de alguém pode ser a felicidade de outro'; 'farinha pouca, meu pirão primeiro'; 'na vida, enquanto um chora o outro ri',  e vai por aí...

Mas o filme é interessante e menciona acontecimentos do mundo atual como o fim da tal 'bolha' da internet - aquela moda,  no final do século passado, de  abrir uma empresa 'ponto.com'  e enriquecer rapidamente.
Como sempre acontece, todo modismo atinge também o vocabulário e é muito engraçado ver como as pessoas se adaptam facilmente às novas expressões e palavras de ordem, geralmente em inglês: net working, business plan...  Ai, que todo mundo só falava inglês e quem não entendesse não era nem considerado nas rodinhas de conversa. No momento atual também surgiu uma palavra chave: empreendedorismo (epa!, quase me atrapalho)  Ô antipatia...
Realmente o dinheiro jorrou e depois levou muita gente à falência quando surgiu o famoso boato do 'bug do milênio' - lembram? .  Boato, sim, porque nem aconteceu e as empresas gastaram muito se prevenindo. Mais uma maluquice.
O filme cita ainda a crise dos Estados Unidos em 2007, que até hoje é assunto e se reflete no mundo inteiro. Enfim, traz algumas informações.

Aliás, não só no mundo das finanças, tudo segue as transformações criadas, inventadas pelo admirável bicho homem, esse sobrevivente sempre em busca de coisas, sempre insatisfeito - diferente das outras espécies e por isso considerada superior - e que poderia, sim, ser bem melhor se melhor usasse suas possibilidades e seus dons.

Será sempre assim. Podem vir os melhoramentos tecnológicos, novas invenções - ah, o bicho homem vive inventando, que bom! - pode vir qualquer modificação externa, porque não é isso que mudará nossa infeliz condição humana. Estamos só de passagem mas os aproveitadores não querem saber.

Não posso dizer que não tenha gostado do filme. Gostei, e também porque o protagonista é Michael Douglas, ator que admiro, entretanto o que ficou para mim é essa sensação já conhecida de que o ser humano é uma coisa muito interessante: fica insistindo em 'racionalidade', 'espiritualidade', 'solidariedade', 'humanidade', tanto 'ade'... - será que esquecemos a 'falsidade'?
Sim, porque nada me soa mais falso do que essa mania de nos considerarmos a 'melhor espécie'. Não sobreviveríamos isolados, sem ajuda do outro, mas agimos de forma individual, cada um tratando dos próprios interesses sem ligar a mínima para o seu dito semelhante.

Quando aparece alguém diferente disso, ou é endeusado ou esculhambado, dependendo do 'lucro' que se possa ter com o inocente até então inútil.
Se aquele 'bestalhão humanitário' tiver  influência bastante sobre as pessoas para trazer dinheiro para a roda, tudo bem. Se não, melhor sumir com ele...

Daí... os políticos influentes, os empresários influentes, enfim, os manipuladores.

Em resumo, foi isso que fiquei pensando.

Como a maioria dos filmes americanos que se pretendem politicamente corretos, é claro que tem 'happy end'.  Fica tudo certinho, tudo bonitinho e 'humanizado como deve ser'.

Sei que é uma visão um tanto dura, mas...
dá-lhe Chico Buarque:

"(...) Aprende, meu filho,
dessa lição você vai precisar:
Se você repete um só estribilho
no coco do povo, e bate e martela,
o povo acredita naquilo só.
Acaba engolindo qualquer balela,
acaba comendo sabão em pó."  (in: "Gota d'água")

dá-lhe Camões:

"Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos."  (in: 'Ao desconcerto do mundo')

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Noossa! O que um filminho pode fazer com a cabeça da gente... kkkkkkkkkk!!!!!!!!!

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