quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Filme da tarde - "Apocalypse Now"


"O horror, o horror". O contraste barroco do rosto de Marlon Brando surgindo das sombras, as mãos secando o suor, a mata fechada, o rio que serpenteia continente adentro, o xamã, a loucura.  Apocalypse Now, o clássico de Francis Ford Coppola, ao som de Jim Morrison e das Valquírias de Wagner, foi inspirado no livro O Coração das Trevas (1902) de Joseph Conrad, o escritor aventureiro enfiado nos cafundós do Congo Belga.

No livro, Kurtz é um caçador de marfim perdido na África, adaptado para o cinema como o coronel no profundo Vietnã, ou Camboja. 
Da terra sem lei para a lei da guerra, a história mistura aventura e loucura no perigo do desconhecido. Com cenários diferentes, atmosfera parecida, o enredo nos leva de barco por trechos alagados da sanidade, um labirinto psicológico cheio de armadilhas e peças pregadas. 
Cabeças fincadas em lanças, selvagens convertidos ao devaneio, vislumbres do ocaso, lusco-fusco.


Conrad foi mesmo capitão de um barco mercante no Congo Belga ao final do século XIX. 
Fugindo do suicídio, após tentativa frustrada, embarcou rumo ao fim do mundo, rio acima na África selvagem. Empunhou o leme, tateou os cenários do livro, sofreu na pele os perrengues da vida e as picadas dos mosquitos. Quase morreu, colecionando malárias. 
Quando voltou, imortalizou-se escrevendo o pequeno livro que um dia arrebataria Coppola.
*
Texto da página Isso compensa (facebook). Não consta a autoria.
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Só agora, agora neste estágio da vida  tive coragem de assistir a esse filme duro, difícil, denso, carregado de emoções que vão além da matança e cenas de 'ação' a que todo filme sobre guerra se propõe. Na verdade é um filme anti-guerra mostrando toda a insanidade do ser humano em criar o pesadelo de uma guerra. Seja qual for, onde for.

Nasci no pós-guerra - 2ª  Guerra Mundial - cresci ouvindo e lendo sobre guerras e isso não para.

Apocalypse Now, para mim, é uma louca viagem para se tentar entender (sem sucesso) o pensamento, a alma humana e suas contradições. Continuamos sem respostas.
Chorei, chorei e várias vezes fechei os olhos. Não quis, porém, tapar os ouvidos porque os diálogos feriam de tal modo como se deles pudesse ser  expurgada a podridão moral.
Estou aqui atrapalhada e não sei o real significado de ter assistido isso. Uma doideira, um delírio talvez?! E me deixou mal.

É um filme dirigido por Francis Ford Coppola, em 1979, uma adaptação do livro 'Heart of Darkness', de Joseph Conrad ( 1847-1924) autor nascido na Ucrânia mas com cidadania britânica.

No elenco, Marlon Brando, Robert Duvall e Martin Sheen.

Em termos de enredo, narra a história do Capitão Willard, (Martin Sheen) enviado ao Vietnã com a missão de matar o Coronel Walter Kurtz (Marlon Brando), também do exército americano, um oficial respeitadíssimo, com inúmeras condecorações mas que parece ter 'enlouquecido' e está cometendo atrocidades, juntamente com seus comandados, infringindo todas as regras de combate. Age como senhor absoluto tomando decisões sem amparo nos códigos de guerra. Para isso, Willard e seus soldados precisam subir um longo rio em um barco. 
Ali eles passam a se conhecer, cada um a si mesmo e falam entre eles de seus planos, seus desejos, suas metas para quando acabar a guerra.

São cenas inacreditáveis e uma trilha sonora arrepiante. Há um momento em que a tropa do Coronel Kurtz arrasa um povoado vietnamita atirando de helicópteros equipados com um sistema de som tocando a  'Cavalgada das Walquírias', de Richard Wagner. Uma das loucuras do oficial que chama isso de 'guerra psicológica'. 


As falas, como já disse, são primorosas e através delas é lançada a dúvida se realmente Kurtz enlouqueceu ou se chegou à compreensão total de tudo o que realmente somos. Do que somos capazes.  Em certos momentos ele analisa com profunda admiração a coragem do povo invadido, sua dignidade em recusar ajuda, seu orgulho em tentar defender seu país.


Enquanto assistia, anotei algumas frases:

"O exército ensina nossos jovens a matar e soltar bombas, mas os comandantes não permitem que se escrevam palavrões  nos aviões porque é obsceno."

"Como você chama assassinos que acusam assassinos?"

"Você não tem o direito de me julgar. Tem o direito de me matar, mas não de me julgar."

"Eu assisti uma lesma rastejar pela lâmina de uma navalha e sobreviver. Esse é meu sonho. Rastejar pela lâmina de uma navalha e sobreviver."

"No coração de todo homem há um conflito entre o racional e o irracional, entre o bem e o mal e nem sempre é o bem que sai vencedor."

"Um dia esta guerra vai acabar. Para os garotos do barco, está bom. Eles não querem nada mais do que encontrar um caminho para casa. O problema é que eu já voltei e sei que aquele lugar não existe mais."

Ai, meu Deus, um filme longo, forte e que me fez pensar tanto... Só consigo repetir com Marlon Brando, aliás, Coronel Walter Kurtz:

"O horror, o horror..."


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Notinha: 
Não sei por que apareceu esse fundo branco na primeira e segunda partes do texto. Também já tentei arrumar e não deu certo. Devo ter feito algo errado sem querer...

Um comentário:

  1. Entre os muitos filmes que eu vi você dizer que Apocalypse Now é o mais impressionante, primeiro pela fundação que tem, eu realmente gosto das tiras de filme sobre assuntos militares, eu acho que eles são excelentes. Este filme pode ter sido uma história de muitos daqueles que vemos hoje. Uma das coisas que eu considero mais importante é o sucesso que tivemos depois de trabalhar com atores Coppola, exemplo Robert Duvall teve vários papéis principais como um de seus últimos papéis no filme juiz.

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