terça-feira, 8 de março de 2016

Crítica esquisita

(publicado no meu facebook em 05 de março 2016)
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Por estas e outras é que me divirto lendo artigos aqui na internet.

Já vou avisando que o texto é looongo - e olhe que 'editei', tendenciosamente - admito e confirmo. A 'tônica' ou proposta do artigo é exatamente o contrário.
Só para os valentes!

(...)
"Pergunte para qualquer um na rua: quem é o professor mais famoso do Brasil?
Talvez aquele sujeito comendo coxinha na padaria da esquina responda “professor Olavo” ou aquela mocinha usando bolsa de crochê vermelha diga “professora Marilena”, mas, provavelmente, a maioria responderá Professor Raimundo.
Sim, o imortal personagem do, infelizmente, não imortal comediante Chico Anysio.
Sua respeitável figura de jaleco e cabelos brancos ao estilo He-Man, a voz grave e rouca, os bordões, entraram para o imaginário coletivo.
(...)
Imagino que todos concordem que o professor, enquanto entidade abstrata, é imbuído de certa aura de respeitabilidade, uma vez que representa ou deveria representar o principal elemento transmissor da sabedoria acumulada da humanidade para as futuras gerações.

Sei que existem vários “especialistas” em educação que questionam esse papel, retirando ou diminuindo a importância do professor no processo de ensino e aprendizagem, mas essas figuras, ainda que em muitos casos não sejam mal intencionadas, produzem pesquisas falaciosas e não devem ser levadas a sério. Representam no máximo curiosidades ou efeitos colaterais da pós-modernidade.
O fato de serem esses cientistas loucos e suas teorias estapafúrdias que definem os atuais rumos da educação é assunto para outro texto.

Para o senso comum, o professor é um tipo de abnegado que segue sua vocação apesar de tudo.
Ao mesmo tempo, não são incomuns campanhas de valorização da profissão.
Em alguns casos ensaiam se tornar política de estado (Pátria Educadora, vejam só!).
O discurso “ser professor é legal, respeite o seu” é recorrente, embora na maior parte das vezes não passe de palavras, palavras, palavras. Ainda mais na sociedade brasileira, onde a demonstração de cultura costuma ser interpretada como exibicionismo. Mesmo nas salas de professores.
Expressões como “tom professoral” e “ficar dando aula” indicam chatice, pedância e pretensão.
Apesar disso, espera-se que personagens que representam “o professor” sejam mostrados de modo primordialmente positivo (salvo se for o vilão de filmes como “Sociedade dos Poetas Mortos” ou “Encontrando Forrester”). (...)

Em primeiro lugar, é preciso estabelecer que o Professor Raimundo não é um personagem realista, mas um tipo.
Qual a diferença de um para o outro?
Basicamente está na construção da figura.
Raimundo não é feito para ser profundo e complexo. Sua natureza dramática é bidimensional.
Só conhecemos seu sobrenome, Nonato, e sua cidade natal, Maranguape; não conhecemos seu passado (salvo as alucinações de Aldemar Vigário), nem família e amigos ou sua vida particular e interesses fora da escola. Ele é apresentado de modo a ser “um pouco de todos os professores brasileiros”.
Trata-se de um tipo que representa certa coletividade.
(...)
Sabemos que na dinâmica cotidiana de sala de aula, algum sarcasmo e ironia fina possuem alto valor pedagógico. O livro “Conversas com um Jovem Professor”, do historiador Leandro Karnal, não deixa dúvidas quanto a isso.
(...)
Estou procurando chifres em cabeça de cavalo? Talvez, mas uma das funções da crítica cultural é revelar que, às vezes, cavalos são unicórnios."
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Para quem se interessar em ler o artigo todo, está em  'Crimes e pecados do Professor Raimundo', por Ademir Luiz, colunista  de "Revista Bula".

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