terça-feira, 8 de março de 2016

Transversal do tempo

Meu coração entristecido mais uma vez ouvindo som, ritmo e palavras de Ivan Lins e Victor Martins, interpretados por Elis Regina.

Antes, eu era apenas uma garota assustada.
Agora sou mãe, sou avó e estou, além de preocupada, mais uma vez  assustada.

É mesmo a "Transversal do Tempo"...

Outro contexto, outra sociedade (será?), outros 'reis'.
A brutalidade, a ignorância, a agressividade não são diferentes... são maiores;  contam agora com a tecnologia. Tudo muito técnico sim...

Estranha percepção, sensação esquisita de revanchismo.





Uma breve - brevíssima -  pesquisa me fez lembrar dos estudos de Linguística que me atrevo a comentar só um pouquinho.

Na constituição desse texto, aparecem o discurso religioso e a simbologia das cartas do baralho para alertar que o momento é delicado e que todos devem estar atentos.
*
O (s) autor (es) inicia (m) travando com seus fãs um diálogo repleto de ditos “não –ditos”, como que avisando sobre as consequências que poderiam surgir com a divulgação da obra.

O título da canção “Cartomante”  traz a  figura mítica da mulher que adivinha o futuro, como quem perguntasse: que futuro nos aguarda?

Respondendo à oculta indagação sob o título, o primeiros versos  aconselham:
Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja

Em Mateus 5:39, lemos: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”.

Encontramos a mesma frase no Sermão da Planície, no Evangelho de Lucas: Digo, porém, a vós que me ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos insultam.
Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te tira a capa, não lhe negues a túnica. Dá a todo o que te pede; e ao que tira o que é teu, não lho reclames (...)

A evocação do discurso religioso traz um alto grau de autoridade, de incontestabilidade, como se ordenasse na voz da Cartomante : se ferido, não fira; se insultado, não insulte.
*
Há inúmeras histórias que narram a origem das cartas do baralho.

Uma dessas histórias diz que as cartas do baralho foram criadas em 1392, para o rei Carlos da França que se encontrava em estado de debilidade mental.
Seu criador, um homem extremamente mau, inspirara-se nas figuras bíblicas: o rei representaria o diabo; a dama, Maria;  Copas, o sangue de Jesus, e o Valete, o próprio Senhor. Paus simbolizaria a destruição.

Existe ainda a que nos informa que foram inventadas por uma concubina de um imperador chinês, em 1120 a.C., para passar o tempo ocioso, à espera do amante.

Outros afirmam que as cartas já haviam sido utilizadas como oráculos desde a criação do mundo (!) para resolver os problemas da humanidade.
*

Enfim, estive aqui só me lembrando, só pensando no que já presenciei nesta vida e no que mais ainda assistirei.

Sempre observando e aguardando, sabe-se lá o quê...

*               *                *       

Nenhum comentário:

Postar um comentário