terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Grande música épica I - Canções dos Arcanjos e dos reis poderosos!

Estava aqui pensando e me lembrando do ano passado. Os dias que antecederam o fim do ano, sempre marcados por sons suaves, apropriadamente natalinos, doces... e agora, minha disposição interna para ouvir  temas assim, fortes, marciais, imponentes.

As músicas são lindas e fazem parte das trilhas sonoras  de filmes grandiosos que  tratam  de  guerras, lutas, clamores por justiça, bravura, coragem,

Enfim, sou meio esquisita mesmo...


sábado, 17 de dezembro de 2016

Perguntaram-me sobre as janelas...


Há uns dias, olhando distraidamente pela janela, lembrei-me de variar um pouco as imagens do meu ‘bom dia’  aos amigos do facebook. E decidi pelas postagens de janelas.

Gosto de janelas, altas ou baixas, coloridas ou descoloridas, desengonçadas ou majestosas, no fundo, gosto das janelas nos seus vários tipos e modelos.
Gosto da objetividade e da subjetividade do objeto-janela.
De tantos objetos do mundo, tenho predileção por janelas.
Todas as vezes que me mudava para uma nova casa, a primeira inspeção era conhecer a janela do meu quarto: ‘Deixa-me ver o que vejo daqui, deste canto, e deste lado, agora da esquerda.’
Das janelas de quartos em que já vivi, lembro-me de uma especialmente, que tinha logo à frente um limoeiro e de onde se podia ouvir o vento.
Como objeto, que abre para fora e para dentro - de mim mesma também - a janela pode ser o pensamento.

Espera-se à janela. Será que a esperança tem lugar numa janela? Ou é somente moldura para esperar?
O filósofo e professor Mário Sérgio Cortella nos alerta sobre a raiz das palavras e, segundo ele, devemos manter a esperança do verbo 'esperançar' e não apenas do verbo esperar...

Photobucket - Video and Image Hosting
'Mulher na janela' - Salvador Dali
Da janela, temos um ótimo enquadramento para ver os crepúsculos;  perto da janela, o melhor lugar para receber a luz na pintura de um quadro;  abrir a janela para ver e sentir  o mundo quieto, ermo ou, ao contrário, buliçoso, movimentado.
Uma janela para iniciar um filme. Quantos? Marguerite Duras começou um por uma janela. Truffaut era obcecado por elas, através delas, comunicando por elas.
Hitchcock filmou a melhor aula sobre perspectiva em ‘Janela Indiscreta’.
Qual é o filme de western em que não se vê um cowboy mirando por uma janela com uma arma em punho?
Em quantos filmes ‘noir ‘vê-se todo o mistério pousado no entreolhar por uma persiana e uma sombra que passa firme pelas paredes?
Como é que se esquecem as janelas de Tarkvoksy, nos filmes ‘O Espelho’ e ‘Nostalghia’, se elas são autênticos quadros?

A janela como fuga, como entrada de ar e de luz, como ideia de vazio e de nada, como ângulo de visão.
Em ‘Tabacaria’, de Fernando Pessoa, já nos primeiros versos encontramos:
(...)
"Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,"
(...)
A pintura de Matisse e suas janelas em telas diversas...

Uma mulher que espera à  janela, no quadro de Caspar David Friedrich.


E eu aqui, em uma das muitas janelas do ‘Windows’,  tentando dar conta da resposta à pergunta sobre janelas.

**

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Um depoimento...

Alari Romariz Torres (*)
Resultado de imagem para O bruxo Ravengar
"Ravengar" - personagem inesquecível de Antonio Abujamra
 na novela "Que rei sou eu?"

Tínhamos um colega no Legislativo que chamávamos de Ravengar, pois tinha uma grande influência sobre os deputados e era meio feiticeiro. Conseguia impor sua vontade nas reclassificações e era bem relacionado com os dirigentes. Todavia, não perseguia ou prejudicava os companheiros.

No Brasil, vemos hoje um homem todo poderoso. Começou cedo a se eleger para cargos públicos e, com menos de 50 anos, chegou à Presidência do Senado Federal.
Nesse turbilhão do Brasil atual é impressionante como o Ravengar nacional consegue sair das mais difíceis situações. 
Quando imaginávamos que o inteligente parlamentar ia ser preso ou cassado, ele “dava nó em pingo d’água e ressurgia das cinzas”.
Recentemente, desobedeceu ao Supremo Tribunal Federal, negando-se a receber a notificação de seu afastamento da Presidência da Casa e, consequentemente, descumpriu ordem judicial. Se a decisão era monocrática ou não, é outra história.
No dia seguinte, para surpresa geral, os Ministros do STF deram razão ao mago e ele permaneceu no cargo. 
Dois fatos inéditos neste pobre Brasil: desobediência à ação judicial e ratificação pela Corte Suprema da atitude errada do senador alagoano.
Virou figura nacional! Ficou conhecido de Norte a Sul, de Leste a Oeste do nosso sofrido país.

Não sei se isso é bom ou ruim e se ele consegue andar sem segurança pelas ruas. Em jornais diários ou revistas semanais, nas seções “Opinião do leitor”, cidadãos e cidadãs “espinafram” o moço.
No dia seguinte à confirmação de seu erro pelo STF, declarou na TV, com a cara mais inocente do mundo: “Ordens do Supremo devem ser cumpridas e não comentadas”. 

Episódio de impedimento da Dilma: ele desempenhou um papel digno de aplauso; fingiu que apoiava a saída da Presidente e foi a favor de ela preservar os direitos políticos. 
Fiquei estarrecida com o golpe de mestre, que o beneficiará, assim como os votantes, possivelmente. 
O Temer segue religiosamente as ideias de Renan e o defende com ardor onde e quando necessário. Nada se decide no Planalto sem o aval do Presidente do Senado.

Notícias nos chegam pela imprensa de que o Ravengar já é indiciado em onze processos. 
Esta semana apareceu outro na Lava Jato e ele foi mostrado na TV sorrindo, como se nada estivesse acontecendo. 
Creio que em fevereiro, quando deixar o cargo de Presidente do Senado, perderá um pouco da empáfia que o alimenta e em 2018 tentará nova eleição. Será mais um teste, porque seu reinado em Alagoas sofreu grande abalo nas eleições de 2016. 
Mas se o conheço bem, ele já está articulando novas amizades políticas visando um futuro próximo.

Jamais imaginei que o Renan, de Murici, chegasse a ser um dos homens mais poderosos da República! Dizem os políticos de nossa terra: “Ele é dono de Murici, é dono das Alagoas, não conseguiu ser dono de Maceió, mas tenta ser dono do Brasil”.

Nas eleições passadas perdeu várias Prefeituras importantes e diminuiu o tamanho de seu reduto. 
Não sei se confiou demais nos aliados ou se o povo quis dar uma resposta diferente. Não passou recibo e fingiu ser o vencedor. Em municípios onde dois candidatos se diziam apoiados por ele, ambos perderam.

A nação vive uma crise sem precedentes. Política, econômica e moral. Vários Estados faliram. O nosso não está tão ruim, diz o Governador. Será?

Acompanho a carreira do Ravengar das Alagoas e quero ver a próxima arte que ele conceberá para não perder o poder. Como é um feiticeiro para o bem e para o mal, é impossível imaginar cenas dos próximos capítulos.

Só Deus sabe o segredo dos bruxos!!!
*            *            *

(*) A autora é aposentada da Assembleia Legislativa

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Minhas primeiras fotos

Sou  tecnologicamente desajeitada, sabemos. Por isso, a partir de hoje, resolvi praticar até aprender a fotografar direito com o celular.

Saída pela manhã, em Resende - 'pertim de casa'
13 de dezembro 2016

Arrumando mini presépio e mini árvore


São presentes que ganhei há muitos e muitos anos.
O mini presépio da filha Liliane e o marido José Luiz;
a mini árvore da ex aluna muito querida Silvana Marques.

Faço questão de exibí-los todos os anos e minha casa fica lindinha.

*            *            *

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Belchior - Conheço o Meu Lugar

Que coisa horrível está acontecendo comigo...

Nestes tempos - agora sou uma velha de 70 anos, caramba! - e as músicas de Belchior aqui, martelando, martelando...

Um país que traz essa sensação de volta  não vale a pena não.



O que é que pode fazer o homem comum
neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar a vida comovida,
inteiramente livre e triunfante?

O que é que eu posso fazer com a minha
juventude - quando a máxima saúde hoje
é pretender usar a voz?
O que é que eu posso fazer - um simples
cantador das coisas do porão? (Deus fez
os cães da rua pra morder vocês que sob a
luz da lua, os tratam como gente - é
claro! - a pontapés.)

Era uma vez um homem e seu tempo...
(Botas de sangue nas roupas de Lorca).
Olho de frente a cara do presente e sei
que vou ouvir a mesma história porca.
Não há motivo para festa: ora esta! Eu
não sei rir a toa!

Fique você com a mente positiva que eu
quero a voz ativa (ela é que é uma boa!)
pois sou uma pessoa.
Esta é minha canoa: eu nela embarco.
Eu sou pessoa!
(A palavra "pessoa" hoje não soa bem -
pouco me importa!)
Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!

Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca
houve!
Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem:
Conheço o meu lugar!

*      *      *

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Sem mais...

Enganada pelos discursos ('narrativas'  é o termo agora utilizado - haha!) e atitudes da maioria, recuso-me, no momento, a refletir, participar ou emitir qualquer opinião sobre a situação do país.
Para preservação da minha saúde mental e física - aliás, em ótimas condições - quero me manter distante de todo tipo de conflito ou convergência de ideias.  Não me interessa.

Tenho Meus planos pessoais, Minha vida para dar conta e Minha própria leitura do mundo atual.

Ah, resolvi também dar prioridade aos textos e comportamentos em primeira pessoa.

Estranhas ocorrências neste dezembro, época que já foi considerada de harmonia, boa vontade e amor ao próximo.
O próximo, hoje, já não é tão próximo assim.  E prefiro que não se aproxime mesmo, assim como eu não me aproximarei.

**
"Quando eu abrir a porta ninguém me
acolherá.
É preciso aplicar os princípios.
Cozinhar os legumes.
Esquentar a carne com cuidado.
As ações não me pesam."

( do livro "A lista"  de Jennifer Tremblay)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A caminho do brejo - Cora Ronai

A caminho do brejo
Cora Ronai - Jornal O Globo, Segundo Caderno, 8.12.2016



Um país não vai para o brejo de um momento para o outro -- como se viesse andando na estradinha, qual vaca, cruzasse uma cancela e, de repente, saísse do barro firme e embrenhasse pela lama. Um país vai para o brejo aos poucos, construindo a sua desgraça ponto por ponto, um tanto de corrupção aqui, um tanto de demagogia ali, safadeza e impunidade de mãos dadas. Há sinais constantes de perigo, há abundantes evidências de crime por toda a parte, mas a sociedade dá de ombros, vencida pela inércia e pela audácia dos canalhas.
Aquelas alegres viagens do então governador Sérgio Cabral, por exemplo, aquele constante ir e vir de helicópteros. Aquela paixão do Lula pelos jatinhos. Aquelas comitivas imensas da Dilma, hospedando-se em hotéis de luxo. Aquele aeroporto do Aécio, tão bem localizado. Aqueles jantares do Cunha. Aqueles planos de saúde, aqueles auxílios moradia, aqueles carros oficiais. Aquelas frotas sempre renovadas, sem que se saiba direito o que acontece com as antigas. Aqueles votos secretos. Aquelas verbas para "exercício do mandato". Aquelas obras que não acabam nunca. Aqueles estádios da Copa. Aqueles superfaturamentos. Aquelas residências oficiais. Aquelas ajudas de custo. Aquelas aposentadorias. Aquelas vigas da perimetral. Aquelas diretorias da Petrobrás.
A lista não acaba.
Um país vai para o brejo quando políticos lutam por cargos em secretarias e ministérios não porque tenham qualquer relação com a área, mas porque secretarias e ministérios têm verbas -- e isso é noticiado como fato corriqueiro da vida pública.
Um país vai para o brejo quando representantes do povo deixam de ser povo assim que são eleitos, quando se criam castas intocáveis no serviço público, quando esses brâmanes acreditam que não precisam prestar contas a ninguém -- e isso é aceito como normal por todo mundo.
Um país vai para o brejo quando as suas escolas e os seus hospitais públicos são igualmente ruins, e quando os seus cidadãos perdem a segurança para andar nas ruas, seja por medo de bandido, seja por medo de polícia.
Um país vai para o brejo quando não protege os seus cidadãos, não paga aos seus servidores, esfola quem tem contracheque e dá isenção fiscal a quem não precisa.
Um país vai para o brejo quando os seus poderosos têm direito a foro privilegiado.
Um país vai para o brejo quando se divide, e quando os seus habitantes passam a se odiar uns aos outros; um país vai para o brejo quando despenca nos índices de educação, mas a sua população nem repara porque está muito ocupada se ofendendo mutuamente nas redes sociais.
:::::
O Brasil caminha firme em direção ao brejo há muitas e muitas luas, mas um passo decisivo nessa direção foi dado quando Juscelino construiu Brasília, aquela farra para as empreiteiras, e quando parlamentares e funcionários públicos em geral ganharam privilégios inéditos em troca do "sacrifício" da mudança para lá.
Brasília criou um fosso entre a nomenklatura e os cidadãos comuns. A elite mora com a elite, convive com a elite e janta com a elite, sem vista para o Brasil. Os tempos épicos do faroeste acabaram há décadas, mas os privilégios foram mantidos, ampliados e replicados pelos estados. De todas as heranças malditas que nos deixaram, essa é a pior de todas.
:::::
Acho que está rolando uma leve incompreensão dos reais motivos de mobilização da população em alguns setores. Eles parecem acreditar que o MBL e o Vem Pra Rua falam pelos manifestantes, ou têm algum significado político, quando, na verdade, esses movimentos funcionam mais como agentes de mobilização -- afinal, alguém precisa marcar uma data e um horário, ou nenhuma manifestação acontece.
A maioria das pessoas que foi às ruas está pouco se lixando para eles. Seu alvo primordial é gritar contra a corrupção, a sordidez que rege a vida política brasileira, a bagunça geral que toma conta do país. Seu principal recado é o apoio à Lava Jato, que parece ser a única coisa que funciona num cenário em que o resto se desmancha.
Se ninguém fez muita questão de gritar #ForaTemer nos protestos de domingo passado, isso talvez se deva menos a palavras de ordem vindas de carros de som do que a dois fatos bastante simples. O primeiro é que está implícita na insatisfação popular a insatisfação com Temer, e naquele momento parecia mais urgente responder aos insultos do Congresso; o segundo é que há uma resistência natural a se usar uma palavra de ordem criada pelo "outro lado", pela turma que acredita na narrativa do golpe.
:::::
Gilmar Mendes disse que a decisão de Marco Aurélio Mello de afastar Renan da mesa do Senado é "indecente". Não, ministro. Pode ser qualquer outra coisa, mas indecente não é. Indecente é um homem como Renan Calheiros ocupar a mesa do Senado. Aliás, indecente é um homem como Renan Calheiros, que já renunciou ao mandato para não ser cassado e tem mais prontuário do que biografia.
Com todo o respeito, ministro, o senhor precisa rever as suas prioridades e dar um trato nos seus adjetivos.
*            *            *