sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Um depoimento...

Alari Romariz Torres (*)
Resultado de imagem para O bruxo Ravengar
"Ravengar" - personagem inesquecível de Antonio Abujamra
 na novela "Que rei sou eu?"

Tínhamos um colega no Legislativo que chamávamos de Ravengar, pois tinha uma grande influência sobre os deputados e era meio feiticeiro. Conseguia impor sua vontade nas reclassificações e era bem relacionado com os dirigentes. Todavia, não perseguia ou prejudicava os companheiros.

No Brasil, vemos hoje um homem todo poderoso. Começou cedo a se eleger para cargos públicos e, com menos de 50 anos, chegou à Presidência do Senado Federal.
Nesse turbilhão do Brasil atual é impressionante como o Ravengar nacional consegue sair das mais difíceis situações. 
Quando imaginávamos que o inteligente parlamentar ia ser preso ou cassado, ele “dava nó em pingo d’água e ressurgia das cinzas”.
Recentemente, desobedeceu ao Supremo Tribunal Federal, negando-se a receber a notificação de seu afastamento da Presidência da Casa e, consequentemente, descumpriu ordem judicial. Se a decisão era monocrática ou não, é outra história.
No dia seguinte, para surpresa geral, os Ministros do STF deram razão ao mago e ele permaneceu no cargo. 
Dois fatos inéditos neste pobre Brasil: desobediência à ação judicial e ratificação pela Corte Suprema da atitude errada do senador alagoano.
Virou figura nacional! Ficou conhecido de Norte a Sul, de Leste a Oeste do nosso sofrido país.

Não sei se isso é bom ou ruim e se ele consegue andar sem segurança pelas ruas. Em jornais diários ou revistas semanais, nas seções “Opinião do leitor”, cidadãos e cidadãs “espinafram” o moço.
No dia seguinte à confirmação de seu erro pelo STF, declarou na TV, com a cara mais inocente do mundo: “Ordens do Supremo devem ser cumpridas e não comentadas”. 

Episódio de impedimento da Dilma: ele desempenhou um papel digno de aplauso; fingiu que apoiava a saída da Presidente e foi a favor de ela preservar os direitos políticos. 
Fiquei estarrecida com o golpe de mestre, que o beneficiará, assim como os votantes, possivelmente. 
O Temer segue religiosamente as ideias de Renan e o defende com ardor onde e quando necessário. Nada se decide no Planalto sem o aval do Presidente do Senado.

Notícias nos chegam pela imprensa de que o Ravengar já é indiciado em onze processos. 
Esta semana apareceu outro na Lava Jato e ele foi mostrado na TV sorrindo, como se nada estivesse acontecendo. 
Creio que em fevereiro, quando deixar o cargo de Presidente do Senado, perderá um pouco da empáfia que o alimenta e em 2018 tentará nova eleição. Será mais um teste, porque seu reinado em Alagoas sofreu grande abalo nas eleições de 2016. 
Mas se o conheço bem, ele já está articulando novas amizades políticas visando um futuro próximo.

Jamais imaginei que o Renan, de Murici, chegasse a ser um dos homens mais poderosos da República! Dizem os políticos de nossa terra: “Ele é dono de Murici, é dono das Alagoas, não conseguiu ser dono de Maceió, mas tenta ser dono do Brasil”.

Nas eleições passadas perdeu várias Prefeituras importantes e diminuiu o tamanho de seu reduto. 
Não sei se confiou demais nos aliados ou se o povo quis dar uma resposta diferente. Não passou recibo e fingiu ser o vencedor. Em municípios onde dois candidatos se diziam apoiados por ele, ambos perderam.

A nação vive uma crise sem precedentes. Política, econômica e moral. Vários Estados faliram. O nosso não está tão ruim, diz o Governador. Será?

Acompanho a carreira do Ravengar das Alagoas e quero ver a próxima arte que ele conceberá para não perder o poder. Como é um feiticeiro para o bem e para o mal, é impossível imaginar cenas dos próximos capítulos.

Só Deus sabe o segredo dos bruxos!!!
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(*) A autora é aposentada da Assembleia Legislativa

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