Oportunidde de conhecimento, sensibilidade, deslumbramento, tudo indo pelo ralo...
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O texto segue com exemplos e depoimentos colhidos na chamada 'vida real'...
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GERAÇÃO ON DEMAND
Reportagem de Juliana Carpanez - Jornal UOL - 02 de janeiro 2017
Ao desgrudar os olhos do seu celular, são grandes as chances de você constatar que as crianças também foram hipnotizadas por telas e pelas possibilidades que esses dispositivos oferecem. Como nativos da era digital, os mais novos veem como essência da vida a relação com o universo on demand, no qual é possível acessar o que quiserem, onde quiserem e quando quiserem. Mas a tecnologia cobra seu preço: uma coisa é um adolescente ou adulto ganhar esse privilégio do “tudo ao mesmo tempo agora” após já ter encarado a espera pelo próximo episódio. Outra, no caso das crianças, é familiarizar-se com o mundo já achando que está tudo ali, a um clique, no momento em que desejam.
As consequências existem, já são observadas e muitas chegam a ser alarmantes. Tanto que a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) acaba de produzir o seu primeiro manual – lançado em novembro - para ajudar a lidar com esses desafios. E eles são muitos. Basta conferir os relatos a seguir feitos por psicólogos, pediatras e pais - eles mesmos inseparáveis de seus eletrônicos:
- O bebê só fica quieto em frente ao celular. Sai a chupeta, entra “Galinha Pintadinha”;
- O feriado em família vira motivo de estresse, se o destino não tiver Wi-Fi nem conexão 3G;
- A criança manda mensagem via WhatsApp para a mãe, no quarto ao lado, para avisar que está com fome;
- O amigo imaginário perde espaço para o youtuber, sempre pronto a entreter;
- O 3G dos pais vira brinquedo dos filhos;
- A garota se recusa a comer, caso seus ídolos virtuais não a acompanhem;
- Grade fixa de programação e intervalo fazem da TV um castigo;
- O medo de acabar a luz não é do escuro. Mas da falta de internet e de bateria;
- A descoberta da senha do Wi-Fi antecede qualquer outro tipo de interação em um novo ambiente;
- Na hora do banho, o tablet é comandado pela mãe do outro lado do box.
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Aqui é possível prever reações à la “cadê os pais dessas crianças?”. É o momento do racha, quando muitos criticam e outros se veem como protagonistas daquela situação. Independentemente do lado com o qual você se identifica, é possível encontrar um ponto comum (quatro, na verdade) antes de seguirmos em frente:
1) A internet tem inúmeros pontos positivos, faz parte da rotina das crianças e não há como voltar atrás;
2) Os adultos também foram fisgados pela tecnologia e estão aprendendo a lidar com seus excessos;
3) Crianças precisam de limites. Se não existem, a responsabilidade é dos pais (aquelas mesmas pessoas do segundo item);
4) Entender esses limites e saber como colocá-los em prática não são tarefas simples diante de tanta oferta e transformação - se os pais soubessem o que fazer nessa nova situação, possivelmente o fariam.
Chegamos assim a um desafio bastante complexo, longe das respostas prontas que aparecem logo na primeira página do Google. Para entender sua dimensão, é preciso admitir a porrada entre expectativa e realidade: a expectativa de impor limites, a realidade do mundo on demand
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Se o offline exige muito brinquedo e atenção para mimar uma criança, o online facilita e até automatiza o paparico. Com um eletrônico portátil – que, cada vez mais barato, assume status de brinquedo -, dá para acessar praticamente o infinito em qualquer lugar onde exista conexão. O conteúdo vai ficando mais customizado conforme o uso e não precisa nem saber ler para chegar até ele: ícones, comandos de voz e sugestões dos algoritmos criam a ponte com os pequenos. A tecnologia on demand interfere na formação de pessoas que, literalmente, demandam o agora. “É lógico que esse cenário deixa as crianças mais mimadas”, diz Evelyn Eisenstein, professora de pediatria e clínica de adolescentes da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Segundo a pediatra, os pais ainda não acreditam nos prejuízos da conexão ininterrupta à saúde dos filhos, mas os consultórios já lidam com problemas concretos: ansiedade, dificuldade de concentração, síndrome do olho seco, transtornos de sono e também de alimentação (estes dois ligados à falta de horários fixos, já que o conteúdo virtual não segue grade de programação).
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A tecnologia não pode ser sua única possibilidade de relação com o mundo.”
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O texto segue com exemplos e depoimentos colhidos na chamada 'vida real'...
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