Publiquei hoje um caminho (estradinha) de tijolos apontando para o nascer do sol. Uma amiga me respondeu amigavelmente e perguntou: “A caminho de Oz?” Respondi aceitando a brincadeira (nem tanta brincadeira assim) e dizendo que Oz, Pasárgada, Macondo são tentações maravilhosas.
Lembrei-me, então, das leituras ao longo da vida e de como a literatura nos ‘pega’ de modo tão agradável que podemos nos distanciar do momento atual sem, no entanto, confundir a realidade agora frequentemente dura, insensível, atemorizante mas que, infelizmente é o nosso cotidiano.
Busquei alguma coisa na memória e outras no Google (obrigada, internet) para que este texto não ficasse solto como tantas outras maluquices escritas a que me atrevo.
Aí estão, apenas para que não se percam em nossa memória esses lugares distópicos, criados na fantasia dos autores há tanto tempo, demonstrando que esse cansaço da atualidade, esse desejo de fuga – em que época seja – é uma constância na alma inconstante do ser humano.
A imaginada Terra de Oz se compõe de 4 países (e a cidade central das Esmeraldas) cercada por todos os lados por escaldantes areias desérticas, impossibilitando assim a passagem para fora, bem como a entrada de forasteiros ali.
Era uma terra comum cercada por desertos mortais até ser encantada pela Rainha Lurline e seu grupo de fadas que a transformaram numa terra mágica
É uma sociedade utópica em que todos vivem em harmonia.
(L. FRANK BAUM) autor norteamericano
Macondo é "uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos".
Assim começa o livro ‘Cem Anos de Solidão’ de GABRIEL GARCIA MARQUEZ
A cidade cresce a partir de um pequeno assentamento com quase nenhum contato com o mundo exterior, para eventualmente tornar-se grande e próspera.
Pasárgada era uma cidade da antiga Pérsia, atualmente um sítio arqueológico na província de Fars, no Irã.
Na literatura brasileira, MANUEL BANDEIRA, consagrou o nome da cidade como um lugar ironicamente ideal, em Vou-me embora pra Pasárgada.
Bandeira explica: “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra.
Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. (...) Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias (...).
Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”.
Senti na redondilha a primeira célula de um poema (...)"
(...)
“Em Pasárgada tem tudo,
É outra civilização” (...)
Não pode ser coincidência os mesmos anseios em épocas e lugares tão diferentes externamente.
E mais: todos esses lugares são distantes em tempo e espaço mas os atributos são os mesmos: isolamento, harmonia, paz, felicidade
A essência humana também é a mesma, independentemente da geografia e do tempo em que se encontre.
É isso. Vamos então cuidar com carinho das nossas 'Pasárgadas', 'Macondos' e 'Oz (es)'
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Sueli
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