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Nem sempre o que está pronto; o que não combina, o que não se quer mostrar. Há o avesso. Ah, o avesso...
quarta-feira, 31 de julho de 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
PROTEÇÃO
Arcanjo Miguel, o Senhor dos Anjos; Arcanjo da fé, da proteção e da libertação do mal. |
Chavakiah - Anjo pessoal |
"Crux sancta sit mihi lux
Non draco sit mihi dux.
Vade retro satana;
Numquam suade mihi vana Sunt mala quae libas.
Ipse venena bibas."
“A Cruz Sagrada seja a minha luz
Não seja o dragão o meu guia.
Retira-te, Satanás.
Nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que tu me ofereces.
Bebe tu mesmo os teus venenos.”
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O AVESSO
E de repente... o avesso mesmo!
Dias e dias de muita introspecção, de muita meditação e, paradoxalmente, de muita ocupação. É, tenho andado ocupadíssima, o que não significa que esteja fazendo algo relevante ou importante. Apenas cuidando da vida. Da minha vida.
Observando algumas fotos recentes em passeios com a família, engraçado... percebo o quanto envelheci fisicamente em poucos meses. Verdade. Isso não me preocupa de modo algum pois tenho consciência de que o processo até então foi bem lento. Pude participar ativamente do crescimento dos netos, da vida muitas vezes atribulada das filhas, enfim, fiz o que me permitiram a minha 'juventude e energia' falsamente decantadas por aqueles que insistem em parecer simpáticos tirando-nos alguns anos da nossa aparência. Tudo bem.
Talvez agora aparência (fotos) e realidade andem no mesmo passo interior e exterior.
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A rede social Facebook tem sido, para mim, também paradoxal. Ao mesmo tempo me proporcionou alguns reencontros interessantes com o passado - pessoas que nunca mais vi e pelas quais tenho muito apreço, mas também outras perfeitamente dispensáveis.
Recentemente adicionei, a pedidos e por educação, para contato, alguns desses 'fantasmas'. O que aconteceu? Um link enorme com outros dos quais prefiro nem me lembrar.
A vida tem sido muito generosa comigo. Afastou-me de gente que me fazia mal, me 'esnobava' - o motivo, nunca fiquei sabendo - e agora, tantos anos depois, essa gente tenta reaproximar-se como se tivesse havido amizade sincera naqueles tempos.
Ora, façam-me o favor! Graças a Deus envelheci muito bem de memória e continuo sendo aquela criatura calada para o que não interessa.
Não quero reaproximação de forma alguma com quem me tratou com tanta falsidade. Já na época eu percebia, mas por motivos profissionais tinha que ignorar o desconforto e participar da palhaçada. Hoje, não mais. Não preciso, não quero e não permito a participação desses 'judas' em minha vida.
Aparentemente estamos todos muito bem e é bom que seja assim. Cada um na sua.
De qualquer modo, hoje foi um dia de lembranças muito esquisitas e nenhuma saudade.
Lembrar, eu me lembro, sim, das pequenas maldades, dos sorrisinhos de desdém, dos olhares perversos trocados. Ah, se me lembro...
Eu me encolhia, me afastava e procurava ficar invisível porque dependia demais daquele emprego para sustentar minhas filhas.
Tudo isso passou, sim, depois de muita luta, muitos acontecimentos, muito choro e muito riso.
Minha vida hoje é ótima, tem o sabor da missão cumprida, sabe como é?
"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia"... (obrigada, Chico Buarque)
"Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso..." (obrigada, Caetano Veloso)
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terça-feira, 23 de julho de 2013
Melodia Sentimental (João Bosco)
João Bosco esteve em Resende, cantando com a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, apresentação única no Teatro da AMAN ... e eu não assisti... Dói, né?
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quinta-feira, 18 de julho de 2013
terça-feira, 16 de julho de 2013
Embalagens
O texto abaixo - sem autoria - veio numa embalagem de pão (saquinho de papel), comprado pela minha filha Letícia, em 13 de julho de 2012. Achei interessante a ideia.
Arte de ser feliz
"Acorde todas as manhã com um sorriso. Esta é mais uma oportunidade que você tem para ser feliz. Seja seu próprio motor de ignição. O dia de hoje jamais voltará. Não o desperdice, pois você nasceu para ser feliz!
Enumere as boas coisas que você tem na vida. Ao tomar consciência do seu valor, você será capaz de ir em frente com muita força, coragem e confiança!
Trace objetivos para cada dia. Você conquistará seu arco-íris, um dia de cada vez. Seja paciente.
Não se queixe do seu trabalho, do tédio, da rotina, pois é o seu trabalho que o mantém alerta, em constante desenvolvimento pessoal e profissional, além disso o ajuda a manter a dignidade.
Acredite, seu valor está em você mesmo. Não se deixe vencer, não seja igual, seja diferente. Se nos deixarmos vencer, não haverá surpresas, nem alegrias ...
Conscientize - se que a verdadeira felicidade está dentro de você. A felicidade não é ter ou alcançar, mas sim dar. Estenda sua mão.
Compartilhe. Sorria. Abrace. A felicidade é um perfume que você não pode passar nos outros sem que o cheiro fique um pouco em suas mãos.
O importante de você ter uma atitude positiva diante da vida, ter o desejo de mostrar o que tem de melhor, é que isso produz maravilhosos efeitos colaterais.
Não só cria um espaço feliz para o que estão ao seu redor, como também encoraja outras pessoas a serem mais positivas.
O tempo para ser feliz é agora.
O lugar para ser feliz é aqui! "
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“Não espere um sorriso, para ser gentil…
Não espere ser amado, para amar…
Não espere ficar de luto, para reconhecer quem hoje é importante em sua vida…
Não espere o melhor emprego, para começar a trabalhar…
Não espere a pessoa perfeita, para então se apaixonar…
Não espere ter tempo para servir…
Não espere que o outro tome a iniciativa, se você foi o culpado…
Não espere ter dinheiro aos montes para contribuir…
Não espere o dia da sua morte sem antes amar a vida!”.
Essa mensagem foi retirada de um embrulho de pão. Seja sincero, você alguma vez reparou em algum tipo de embalagem ou apenas jogou os pães em cima da mesa, se fartou, amassou e jogou fora o papel? Sim, é o que 99,99% – para ser otimista – das pessoas fazem. Muitos dizem que nunca viram, que não leem ou que não perdem tempo com isso.
(Comentário de Simone Resende - blog C3 ES)
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Psicologia e Comportamento - Sueli Castillo
Tristes tempos
Sueli Castillo
“Tristes tempos! Vivemos numa época de interesses recíprocos, atravessamos um período de pragmatismos mútuos, nos quais as regras da competitividade mortal; e de uma base econômica idólatra e implacável nos mecanismos de exclusão, impõe valores gananciosos”!
(Cortella)
Tempos atuais. Tempos de egoísmo, de egocentrismo, de individualismo, tempos de pressa, tempos de consumo, tempos de momentos, tempos fugazes, tempos de tudo e de nada.
Descartável talvez seja a palavra adequada para traduzir esses tempos atuais. Tudo é instantâneo, tudo é emergencial, do desejo imediato à conquista imediata. Relacionamentos descartáveis, “ficantes” sem compromissos, amizades fáceis e rápidas também descartadas com a mesma velocidade que se iniciaram.
Palavras que foram valorizadas hoje são aplicadas com uma superficialidade absoluta: amigo se tornou banal onde expressão como colegas ou conhecidos eram usadas. Namorado (a) é coisa do passado, ultrapassado uma vez que a ausência de compromisso predomina com os “ficantes”.
Nas amizades se faz pequenos mimos e se espera receber grandes favores. O fator predominante é o interesse e a amizade em si, fica em um plano muito inferior. Parece ser muito oneroso investir em amigos, dá trabalho e a superficialidade adquiriu o papel de agente interlocutor.
Baseia-se nas escolhas não mais pelas afinidades e sim pela utilidade: o que essa pessoa pode proporcionar? A cada instante se busca mais teoria para definir e palavras para manifestar amizade, mas na pratica isso não é observado. Quantas pessoas você já qualificou como amigo e, atualmente, ele esta bloqueado em suas redes sociais?
Os relacionamentos amorosos também não estão diferentes. Busca-se incansavelmente um namorado (a). As redes sociais estão repletas de salas de bate-papo, e sites de encontros. Mas a ausência de qualquer tipo de compromisso acaba tornando essa busca quase impossível.
Pessoas desejam um encontro e nada mais. A paquera, a conquista, o namoro deu lugar ao ficar, ao amasso, ao beijo e por vezes a transa. Atualmente é inibidor uma pessoa dizer que deseja um compromisso, uma vez que isso pode significar ser retrograda ultrapassada, antiquada. Sem falso moralismo o problema não esta nas transas imediatas, se assim for o desejo de ambos e sim, na falta de referencias. No dia seguinte a pergunta que surge: devo telefonar, devo passar uma mensagem? Será que estou sendo precipitado (a) em procurar? Caso esse “ficar” permaneça passado um mês as duvida continuam: posso chama-lo (a) de namorado (a), temos algum tipo de compromisso?
É fato que as amizades e os relacionamentos são produtos de uma construção social, que a manifestação dos sentimentos também se manifesta de acordo com o momento sócio-historico, se transformando a cada momento. Mas, como identificar esse momento atual? Ausência de valores, liberdade e egoísmo no topo de cada escala de valores individual, egocentrismo, medo de se envolver, medo de sofrer, medo de se decepcionar, medo de sentir medo? Ou simplesmente cada um pensando e agindo de acordo com a satisfação de seus desejos onde os outros são os outros e só...
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terça-feira, 9 de julho de 2013
Dia de confusão...
Pois é... como disse no face, fiquei hoje mais perdida que pitanga em pé de amora. Caramba!
Sabe aquele dia em que é melhor você não sair da cama? Ou, se sair, enfiar-se logo embaixo dela?
Foi assim:
No domingo, aniversário de uma sobrinha neta, a Bruna, neta da minha irmã Stela.
Toda independente, disse à minha filha que não precisavam me buscar em Itatiaia. Eu 'desceria' para Resende de ônibus e lá, então, me esperariam para irmos juntos à festa. Combinado! Ha, ha...
No ponto do ônibus esperando...esperando... (domingo aqui é assim) até que passa de carro um casal amigo e me oferece carona. Oba! Ha, ha...
Eu, minha bolsa, e a sacola fashion da loja com o presente da aniversariante. De repente, os óculos se desgrudam do nariz e caem no meu colo sem uma das hastes...Legal! Guardei os óculos e a haste solta na caixinha com todo cuidado e fui por ali 'cegueta' mesmo.
Em Resende, meu genro me busca e vamos para a festa. Maravilha. Festa ótima, comida boa, conversa também animada, tudo certo. Volto para casa, corre tudo bem. Penso: amanhã - segunda feira - fico em casa e na terça vou a Resende de novo para consertar os óculos. Assim fiz.
Hoje de manhã, já pronta para sair, procuro a Carteira de Identidade (tenho direito a gratuidade da passagem desde que apresente um documento). Cadê? Será que estou enxergando tão mal sem os óculos? Cadê minha Identidade, Jesus? Ô vida... ô céus...
Não a encontrando no lugar de sempre na bolsa, começo a revirar outros lugares - guarda-roupas, outras bolsas, cadê? Huummm... lembro que posso ter 'guardado' na sacola do presente quando entrei no carro dos amigos. Resolvo ligar para a minha filha - amiga e vizinha da mãe da aniversariante - e eis que ela confirma: 'por sorte, a Lu encontrou a Identidade e guardou'. Alívio...
Ponto de ônibus, de novo. Tiro os óculos da caixinha só para ver se o ônibus que está vindo é o de Resende. É. Guardo os óculos novamente - na caixinha e na bolsa. Vou mais sossegada.
Entro na ótica e peço à atendente o favor de consertar a 'haste que se soltou' e está...onde? Cadê? Tava na caixinha, junto com os óculos... Mico!! Como fazer? Comprando nova armação e pedindo que, por favor, por favor, consertem no mesmo dia. A moça é gentilíssima e diz para não me preocupar que os óculos estarão arrumadinhos à tarde. Tudo bem, né?
Atravesso a rua e vou comprar meus remedinhos de uso contínuo - aqueles: pressão, coração, colesterol etc - tô falando que vida de véinha é o ó... Então o atendente da farmácia diz que não pode vender sem a apresentação da Identidade, embora eu compre ali mesmo, sempre com ele, todo mês. Pergunto ainda se o número do RG não basta. Ele diz que não. Tem que apresentar o documento...
A Identidade, lembra? Aquela que ficou com a mãe da aniversariante, amiga e vizinha da minha filha? Então... ligo de novo, conto a história e minha filha diz que meu genro vai trazer a Carteira.
Alívio de novo...
Chegando a Identidade - e o genro com o netinho fofo no carro - resolvo ir arrumar o cabelo até que os óculos fiquem prontos. Pego a carona do genro e vou para o outro lado da cidade - caminho da casa da minha filha, ainda bem.
As horas passam, estejamos aflitos ou não. As horas passam. Saio da cabeleireira às 15 h - já é 'de tarde' e os óculos devem estar arrumados. Volto a pé até a ótica, deixo ali o pagamento e mais uma dividazinha (prestação, né?) e vou para o ponto do ônibus - de novo - com destino a Itatiaia.
Enquanto espero, quem passa? Minha amiga Nádia, aquela com quem falo por horas ao telefone, e que é muito raro encontrar pessoalmente. Ela está indo para o trabalho e não podemos conversar muito. Enfim, o ônibus chega e eu também chego em casa em paz, graças a Deus. Armação dos óculos novinha e Carteira de Identidade devidamente recuperada.
Sabe que o alívio foi tanto que nem me sinto cansada?
Lição: ficar mais atenta, deixar de ser doida e providenciar foto 3x4, xerox de comprovante de residência e xerox do RG e CPF para o documento que substitui a Identidade no transporte gratuito.
E vamos nós...!! Talvez amanhã, de novo!
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quarta-feira, 3 de julho de 2013
Gostar (não gostar) de ler...
Nessas minhas leituras na internet, encontro de tudo. Alguns textos - a maioria - perfeitamente descartáveis, outros chamando levemente a atenção e alguns poucos merecendo reflexão e até comentário.
Pois bem, não me lembro mais onde - internet e seus links - li o depoimento de uma professora sobre um aluno de 9 anos que 'surtou' em sala de aula no momento de preparação para leitura 'dirigida' - ah, esses termos pedagógicos que não dizem nada... O garoto berrava: 'odeio ler, odeio as pessoas que leem e as que me mandam ler, odeio qualquer livro!' Continuou gritando, sapateando e jogando o livro no chão.
A professora, sem acreditar no que via, tentava acalmar o menino. Sem sucesso, entregou-o à Orientadora Educacional (OE) para que pudesse dar continuidade à aula.
Tempos depois, em outra ocasião, sem livro por perto, sem aula de leitura, conseguiu que o menino lhe contasse que na escola de onde viera a leitura de um livro era obrigatória, como castigo para algum deslize que tivesse cometido.
Agora, quem não queria acreditar no que lia era eu...
Eu, senhora 'de idade' como querem alguns - arrumadinha, ajeitadinha, porém senhora vovó - que aos nove, dez anos de idade frequentava, como toda criança, a escola hoje rotulada de 'tradicional', (nada de sofisticação ou ênfase em instalações supermodernas); aquela escola que não tem mais sentido neste mundo 'muderno', (concordo, juro!) para garotinhos e garotinhas supertudo , em quem pedagogos, papais e mamães depositam as maiores expectativas.
Pois é, aquela escola é que me conduziu ao mundo da palavra bem escrita, ao mundo de Monteiro Lobato, ao mundo dos clássicos da literatura, e nunca nos 'obrigou' a ler nada. Quando solicitado, o aluno poderia aceitar ou não ler em voz alta para os colegas.
No intervalo das aulas (antigamente 'recreio') muitas vezes comentávamos o que estava sendo lido, dávamos nossa opinião, e, no caso de ficção, debatíamos o destino dos personagens , enfim, exercitávamos o que hoje chamam de 'pensamento crítico'. Não conhecíamos nenhum desses rótulos.
Não posso afirmar quanto aos outros - embora muitos de nós tenhamos preservado o convívio - mas para mim foi um enorme benefício. Continuo lendo muito e gosto sempre mais.
Voltemos ao chavão: 'O mundo mudou...'
Tá, e não há um modo de adaptar o incentivo à leitura para este mundo 'tão mudado'?
Dããã... (desculpe, não resisti).
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terça-feira, 2 de julho de 2013
segunda-feira, 1 de julho de 2013
CARL JUNG - mundo estranho...
A mediunidade de Carl Jung
Editores de 'Health' -via 'Hierophant', página no facebook
Carl Gustav Jung, criador da psicologia analítica e que, ao contrário de Freud, afirmou que a libido não era apenas um impulso sexual instintivo, mas também uma energia psíquica geral, dirigida para a vontade de viver, teve, durante o decorrer de sua vida, experiências psíquicas que "transcenderam os limites do tempo e do espaço" como gostava de registrar.A presente abordagem de relatos sobre algumas das experiências transcendentais de Jung, baseada em obras consultadas e que serão relacionadas no final deste artigo, não tem a pretensão de convencer o leitor sobre a teoria da imortalidade da alma (ou da reencarnação) e, sim, levá-lo ao exercício reflexivo sobre este importante tema, que conforme a ótica da psicologia clássica, "são apenas fenômenos psíquicos oriundos de efeitos ilusórios de nossos processos mentais".
PRIMEIRO RELATO
JUNG E A INFÂNCIA
No fundo sentia-me "dois": o primeiro, filho de seus pais, que frequentava o colégio, era menos inteligente, atento, aplicado, decente e asseado que os demais; o outro, pelo contrário, era adulto, velho, céptico, desconfiado e distante do mundo dos homens.
Perturbadíssimo, tomei consciência de que, na realidade, havia em mim duas pessoas diferentes: uma delas era o menino de colégio que não compreendia matemática e que se caracterizava pela insegurança; o outro era um homem importante, de grande autoridade, com quem não se podia brincar - mais poderoso e influente que aquele industrial. Era velho, que vivia no século XVIII, usava sapatos de fivela, peruca branca e tinha, como meio de transporte, uma caleça cujas rodas de trás eram grandes e côncavas e entre as quais o assento do cocheiro ficava suspenso por meio de molas e correia de couro.
SEGUNDO RELATO
Observação: Nesse caso particular, o motivo que o fez recordar foi um incidente na casa de um colega onde passava um período de férias.
O dono da casa chamou-lhe energicamente a atenção, por causa de uma brincadeira com um barco - que fora proibida -, e que por pouco não terminou em tragédia.
Cabisbaixo, reconheci que fizera justamente o que fora proibido. A repressão era, pois, merecida. Mas ao mesmo tempo senti uma raiva de que aquele homem grosseiro, gordo e sem instrução ousasse insultar-me! E não me sentia apenas como um ser adulto, mas como uma autoridade, uma pessoa cheia de importância e dignidade.
O contraste com a realidade era de tal forma grotesca, que meu furor desapareceu de repente. Surgiu então em mim a pergunta: "Mas afinal quem é você para reagir como se fosse sabe lá o diabo, quem. E é claro que é o outro que está com a razão. Você é um colegial de doze anos, ao passo que o outro é um pai de família, um homem rico e poderoso que possui duas casas e vários cavalos magníficos".
TERCEIRO RELATO
Certo dia, quando habitávamos em Klein-Hüningen, perto da Basiléia, um fiacre verde, muito velho, passara diante da nossa casa vindo da floresta negra. Era uma caleça antiga, como as do século XVIII. Assim que vi, um sentimento de exaltação se apoderou de mim: "Ah, hei-la! É do meu tempo! - tinha a impressão de reconhecê-la, era semelhante àquela que me transportaria!
Depois fui invadido por um sentimento estranho, como se eu tivesse sido roubado ou ludibriado no tocante ao meu amado outrora. O fiacre era um vestígio daquele tempo!
É difícil descrever o que passou comigo e o que me emocionou tão fortemente: uma espécie de nostalgia? Uma saudade? Uma reminiscência? Era isso, era exatamente isso!".
QUARTO RELATO
Houve ainda um outro incidente que me lembrou do século XVIII.
Vira, em casa de uma tia, uma estatueta dessa época, que representava dois personagens em terracota pintada. Um deles era o velho Dr. Stuckelberger, personalidade famosa da cidade de Basiléia. A outra figura representava uma de suas pacientes, com os olhos e a língua de fora. Havia uma lenda a respeito disso.
Ora, a figura do velho doutor tinha sapatos de fivela que reconheci estranhamente como meus ou semelhantes aos meus. Estava convencido disso. "Usei esses sapatos".
Esta convicção me perturbara de um modo profundo. "Sim, eram realmente os meus sapatos!". Eu os sentia nos pés e não podia compreender essa estranha sensação.
Como poderia pertencer ao século XVIII? Acontecia-me, às vezes, datando, escrever 1786 em lugar de 1886 e isto era sempre seguido de um sentimento de inexplicável nostalgia.
QUINTO RELATO
O JUNG ADULTO E OS SONHOS
Recentemente, observei em mim mesmo uma série de sonhos que, com toda a probabilidade, descrevem o processo da reencarnação de um morto de minhas relações.
Era mesmo possível seguir, com uma probabilidade não totalmente negligenciável, certos aspectos dessa reencarnação até a realidade empírica. Mas como nunca mais tive ocasião de encontrar ou tomar conhecimento de algo semelhante, fiquei sem a menor possibilidade de estabelecer uma comparação. Minha observação é, pois, objetiva e isolada. Quero somente mencionar a sua existência, mas não o seu conteúdo.
Devo confessar, no entanto, que a partir dessa experiência observo com a maior boa vontade o problema da reencarnação, sem, no entanto, defender com segurança uma opinião precisa.
SEXTO RELATO
A APARIÇÃO DO ESPÍRITO DE UM AMIGO
Uma noite, estava deitado, acordado, pensando na morte súbita de um amigo cujo funeral tinha ocorrido no dia anterior... de repente, senti que ele estava no quarto.
Pareceu-me que estava de pé ao lado de minha cama e me pedia que fosse com ele. Eu o segui em minha imaginação. Ele me levou para fora da casa, pelo jardim até a rua e finalmente até a sua casa. Subiu em um banquinho e mostrou-me o segundo dos cinco livros encadernados de vermelho da segunda prateleira a partir do alto.
Essa experiência pareceu-me tão curiosa que, na manhã seguinte, fui até a sua viúva e perguntei se podia procurar uma coisa na biblioteca de meu amigo. Evidentemente havia um banquinho diante da estante, como em minha visão, e mesmo antes de chegar perto vi os livros encadernados de vermelho. O título do segundo volume era: "O legado dos mortos".
AS CONCLUSÕES DE JUNG SOBRE A IMORTALIDADE DA ALMA
Em 1956, respondendo ao senhor H. J. Barret, dos Estados Unidos, escreve Jung sobre sua crença na imortalidade da alma:
Ainda que meu tempo seja escasso e minha idade avançada um fato real, tenho gosto em responder às suas perguntas. Não são fáceis como, por exemplo, a primeira: se eu acredito numa sobrevivência pessoal após a morte. Não poderia dizer que acredito nela, pois não tenho o dom da fé. Só posso dizer que sei alguma coisa ou não, como tentarei expor a seguir.
1. Sei que a psique possui certas qualidades que transcendem os limites do tempo e do espaço. Em outras palavras, a psique pode tornar elásticas essas categorias, ou seja, 100 milhas podem ser reduzidas a uma jarda, e um ano a poucos segundos.
Isto é um fato do qual temos todas as provas necessárias. Além disso, há certos fenômenos post-mortem que eu não consigo reduzir a ilusões subjetivas. Por isso, sei que a psique pode funcionar com o empecilho das categorias de espaço e tempo. Ergo-a própria a um ser transcendental e, por isso, relativamente não espacial e "eterna". Isto não significa que eu tenha qualquer tipo de certeza quanto à natureza transcendental da psique. A psique pode ser qualquer coisa.
2. Não há razão alguma para supor que todos os chamados fenômenos psíquicos sejam efeitos ilusórios de nossos processos mentais.
3. Não acho que todos os relatos dos chamados fenômenos miraculosos (como precognição, telepatia, conhecimento supranormal, etc.) sejam duvidosos. Sei de muitos casos em que não paira a mínima dúvida sobre sua veracidade.
4. Não acho que as chamadas mensagens pessoais dos mortos devam ser rechaçadas in globo como ilusões.
Immanuel Kant disse certa vez que duvidava de toda história individual sobre fantasmas, etc., mas se tomadas em conjunto, havia algo nelas.
Eu examino minuciosamente o meu material empírico e devo dizer que, entre muitas suposições arbitrárias, há casos que me fazem titubear.
Tomei como regra aplicar a sábia frase de Multatuli: "Não existe nada que seja totalmente verdadeiro, nem mesmo esta frase".
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LIVROS CONSULTADOS
Argollo, Djama. JUNG E A MEDIUNIDADE Jung, Gustav, Carl.
PSICOLOGIA E RELIGIÃO Richter, Lorena.
REFLEXÕES CLÍNICAS SOBRE A TEMÁTICA DA RELIGIÃO Fábio Bastos - Psicanalista Clínico e Interdimensional - Dirigente mediúnico espírita.
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