quarta-feira, 3 de julho de 2013

Gostar (não gostar) de ler...


Nessas minhas leituras na internet, encontro de tudo. Alguns textos -  a maioria - perfeitamente descartáveis, outros chamando levemente a atenção e alguns poucos merecendo reflexão e até comentário.
Pois bem, não me lembro mais onde - internet e seus links - li o depoimento de uma professora sobre um aluno de 9 anos que 'surtou' em sala de aula no momento de preparação para leitura 'dirigida' - ah, esses termos pedagógicos que não dizem nada...  O garoto berrava: 'odeio ler, odeio as pessoas que leem e as que me mandam ler,  odeio qualquer livro!'  Continuou gritando, sapateando e jogando o livro no chão.
A professora, sem acreditar no que via, tentava acalmar o menino. Sem sucesso, entregou-o à Orientadora Educacional (OE) para que pudesse dar continuidade à aula.
Tempos depois, em outra ocasião, sem livro por perto, sem aula de leitura, conseguiu que o menino lhe contasse que na escola de onde viera a leitura de um livro era obrigatória, como castigo para algum deslize que tivesse cometido.

Agora, quem não queria acreditar no que lia era eu...
Eu,  senhora 'de idade' como querem alguns - arrumadinha, ajeitadinha, porém senhora vovó - que aos nove, dez anos de idade frequentava, como toda criança, a escola hoje rotulada de 'tradicional', (nada de sofisticação ou ênfase em instalações supermodernas); aquela escola que não tem mais sentido neste mundo 'muderno', (concordo, juro!) para garotinhos e garotinhas supertudo , em quem pedagogos, papais e mamães depositam as maiores expectativas.

Pois é, aquela escola é que me conduziu ao mundo da palavra bem escrita, ao mundo de Monteiro Lobato, ao mundo dos clássicos da literatura, e nunca nos 'obrigou' a ler nada.  Quando solicitado, o aluno poderia aceitar ou não ler em voz alta para os colegas.

Lembro-me bem de um dos livros - "Coração", de Edmondo de Amicis - em pequenos episódios, lidos a cada vez por um de nós. O assunto nos interessava por tratar-se de histórias que aconteciam em um colégio.  Era como um capítulo de novela. A leitura ocorria, geralmente, durante as aulas de Desenho - quando a atividade era desenhar à mão livre, ou outra disciplina que permitisse a variação pela leitura do assunto em voz alta.  A cada aula, um novo leitor e o restante dos alunos fazendo os exercícios.  Essa era a nossa escola tradicional.

No intervalo das aulas (antigamente 'recreio') muitas vezes comentávamos o que estava sendo lido, dávamos nossa opinião, e, no caso de ficção,  debatíamos o destino dos personagens , enfim, exercitávamos o que hoje chamam de 'pensamento crítico'. Não conhecíamos nenhum desses rótulos.

Não posso afirmar quanto aos outros - embora muitos de nós tenhamos preservado o convívio - mas para mim foi um enorme benefício. Continuo lendo muito e gosto sempre mais.

Voltemos ao chavão: 'O mundo mudou...'  
Tá, e não há um modo de adaptar o incentivo à leitura para este mundo 'tão mudado'?

Dããã... (desculpe, não resisti).

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