sexta-feira, 12 de julho de 2013

Psicologia e Comportamento - Sueli Castillo


Tristes tempos
Sueli Castillo

 “Tristes tempos! Vivemos numa época de interesses recíprocos, atravessamos um período de pragmatismos mútuos, nos quais as regras da competitividade mortal; e de uma base econômica idólatra e implacável nos mecanismos de exclusão, impõe valores gananciosos”!
(Cortella)


Tempos atuais. Tempos de egoísmo, de egocentrismo, de individualismo, tempos de pressa, tempos de consumo, tempos de momentos, tempos fugazes, tempos de tudo e de nada.

Descartável talvez seja a palavra adequada para traduzir esses tempos atuais. Tudo é instantâneo, tudo é emergencial, do desejo imediato à conquista imediata. Relacionamentos descartáveis, “ficantes” sem compromissos, amizades fáceis e rápidas também descartadas com a mesma velocidade que se iniciaram.

Palavras que foram valorizadas hoje são aplicadas com uma superficialidade absoluta: amigo se tornou banal onde expressão como colegas ou conhecidos eram usadas. Namorado (a) é coisa do passado, ultrapassado uma vez que a ausência de compromisso predomina com os “ficantes”.

Nas amizades se faz pequenos mimos e se espera receber grandes favores. O fator predominante é o interesse e a amizade em si, fica em um plano muito inferior. Parece ser muito oneroso investir em amigos, dá trabalho e a superficialidade adquiriu o papel de agente interlocutor.

Baseia-se nas escolhas não mais pelas afinidades e sim pela utilidade: o que essa pessoa pode proporcionar? A cada instante se busca mais teoria para definir e palavras para manifestar amizade, mas na pratica isso não é observado. Quantas pessoas você já qualificou como amigo e, atualmente, ele esta bloqueado em suas redes sociais?

Os relacionamentos amorosos também não estão diferentes. Busca-se incansavelmente um namorado (a). As redes sociais estão repletas de salas de bate-papo, e sites de encontros. Mas a ausência de qualquer tipo de compromisso acaba tornando essa busca quase impossível.

Pessoas desejam um encontro e nada mais. A paquera, a conquista, o namoro deu lugar ao ficar, ao amasso, ao beijo e por vezes a transa.  Atualmente é inibidor uma pessoa dizer que deseja um compromisso, uma vez que isso pode significar ser retrograda ultrapassada, antiquada.  Sem falso moralismo o problema não esta nas transas imediatas, se assim for o desejo de ambos e sim, na falta de referencias. No dia seguinte a pergunta que surge: devo telefonar, devo passar uma mensagem? Será que estou sendo precipitado (a) em procurar? Caso esse “ficar” permaneça passado um mês as duvida continuam: posso chama-lo (a) de namorado (a), temos algum tipo de compromisso?

É fato que as amizades e os relacionamentos são produtos de uma construção social, que a manifestação dos sentimentos também se manifesta de acordo com o momento sócio-historico, se transformando a cada momento. Mas, como identificar esse momento atual? Ausência de valores, liberdade e egoísmo no topo de cada escala de valores individual, egocentrismo, medo de se envolver, medo de sofrer, medo de se decepcionar, medo de sentir medo? Ou simplesmente cada um pensando e agindo de acordo com a satisfação de seus desejos onde os outros são os outros e só...

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