sábado, 26 de setembro de 2015

O país está assim...


Agora chega!
Marcelo Madureira - Revista 'Veja', 25 de setembro 2015

A decisão do Supremo Tribunal Federal de desmembrar as ações penais, reduzindo a atuação do juiz Sérgio Moro como responsável na primeira instância, enfraquece a tese central de que uma organização criminosa operou para manter um projeto político do PT no poder.
A mudança pode significar “o fim da Lava Jato” nos moldes atuais. Desmembrados, os processos cairão num imenso Buraco Negro da nossa lentíssima e conivente Justiça. Em resumo: uma manobra nefasta e contrária aos interesses da sociedade brasileira.
Para mim chega.
Estou cansado de sustentar um aparelho de Estado disfuncional, mal administrado, corrupto e que opera em contradição com os interesses do Brasil.
Este mesmo Estado que, através deste governo corrupto e incompetente, tem o desplante de querer aumentar ainda mais a carga escorchante de impostos a que são submetidos os brasileiros.
Um bando de parasitas, é isso o que eles são.
Não me sinto representado por este governo de corruptos, não me sinto representado por este Supremo Tribunal Federal, não me sinto representado por um Legislativo que foge às suas obrigações constitucionais.
Chega! Basta! Tô Fora! Deu ruim!
Se eles querem ficar em oposição aos desejos da Nação, vamos dar o troco.
Vamos lembrar dos Estados Unidos da América quando, em 1776, os cidadãos das 13 colônias americanas decidiram se libertar da exploração da metrópole, a Inglaterra.
“No taxation without representation”, ou seja, não pagamos impostos quando não nos sentimos representados – Essa foi a frase-senha que desencadeou a revolução que fez nascer a grande nação americana.
O nome disso é desobediência civil. Ninguém paga mais imposto nenhum. Nenhum industrial, nenhum comerciante, agricultor, operário, bancário, balconista ou humorista. Não vamos mais pagar imposto nenhum. Federal, Estadual ou Municipal, nenhum.
Vamos levar a arrecadação à zero. Eles não vão ter mais dinheiro para seus palácios, mordomias, carros de luxo, viagens e o escambau. Tampouco terão como repassar recursos à CUT e ao MST, que vivem dos nossos impostos. Aí vamos ver como é que fica.
Eles vão pedir arrego e aí nós, o Povo, sentamos para conversar.
Está lançada a ideia. Basta combinar o dia e começar.
Vamos nessa?
E tenho dito.
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Aceite que dói menos: A família não é mais monopólio de “papai e mamãe”
Leonardo Sakamoto  - em 'Blog do Sakamoto', 25/09/2015 

A sensação de vergonha alheia é uma das piores. Prefiro viver um vexame do que ver alguém passando por ele. Pois, não raro, a pessoa não se dá conta e vai se afundando na lama. É um sentimento de piedade interminável. O horror, o horror.

A aprovação do Estatuto da Família (que restringe “família'' a  apenas uma união entre um homem e uma mulher), em uma comissão especial na Câmara dos Deputados, é mais um exemplo desses momentos de vergonha alheia que a bancada do fundamentalismo religioso no Congresso Nacional nos proporciona com frequência.

Se isso for levado a plenário e aprovado por lá e depois no Senado, e se a Presidência da República não vetar a sandice, certamente o Supremo Tribunal Federal – que já afirmou que família não é só papai e mamãe heterossexuais – vai botar ordem no barraco, dando conta de sua inconstitucionalidade.

A proposta é extremamente ofensiva a famílias que fujam desse modelo hegemônico nuclear heterossexual. Pois há tantas combinações possíveis que nem dá vontade de contar: famílias compostas de casais (ou grupos) heterossexuais, homossexuais, bissexuais com ou sem filhos, arranjos monoparentais cissexuais e transexuais com ou sem filhos, solteiros sem filhos mas com gato persa, buldogue inglês, peixe-palhaço e hamster-urso (é um peludão, muito fofo).

Enfim, família são aqueles com quem você decide compartilhar sua vida pelo tempo que achar que assim deve ser. Fluído e impreciso mesmo, como as relações humanas.

Achou muito hippie? Então dá uma olhada na definição do IBGE: “Família – conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou pessoa que mora só em uma unidade domiciliar''. Perceba que ninguém fala de conjugação de órgãos reprodutores nessa definição.

Além do mais, esse tipo de proposta é de um machismo bisonho. Pois cresceu, ao longo dos anos, com as conquistas profissionais, os métodos contraceptivos, a militância do feminismo, o número de famílias comandadas e formadas só por mulheres. O que assusta – e muito – o homem inseguro brasileiro – alguns dos quais adoram falar em nome de Deus ou do povo.

A verdade é que apesar da influência de grupos religiosos contrários a mudanças, mais cedo ou mais tarde, o Brasil irá garantir dignidade a todos os seus cidadãos. Sei que otimismo não combina comigo, mas hoje é sexta.

O problema é que essa caminhada está sendo bem lenta quando deveria correr rápida para dar tempo às pessoas que hoje vivem de desfrutarem uma nova realidade. Adotar filhos ou não ser vítima de homofobia, por exemplo.

É um completo absurdo que a essa altura da História nossa sociedade ainda esteja discutindo se deve ou não universalizar direitos. Que, de tempos em tempos, homossexuais e transexuais sejam espancados e assassinados nas ruas só porque ousaram ser diferentes da maioria. Que seguidores de uma pretensa verdade divina taxem o comportamento alheio de pecado e condenem os diferentes a uma vida de inferno aqui na Terra.

Consciência não tem a ver com classe social – a diferença de um olho roxo deixado pela covardia de homens pobres ou ricos está apenas no preço da maquiagem usada pelas mulheres vítimas de violência para escondê-lo.

Consciência não se aprende na escola, nem é reserva moral passada de pai para filho.

Consciência tem a ver com a vivência comum na sociedade, a tentativa do conhecimento do outro, a busca por tolerar as diferenças.

O Congresso Nacional que, por vez ou outra, transpira as mais bizarras formas de preconceito é fruto do tecido social em que está inserido – e sim, essa última vergonha alheia é um reflexo de nós mesmos. Eles somos nós.

Porque, na prática, uma decisão tomada pelo Legislativo tem em seu âmago o mesmo preconceito das piadas maldosas contra gays ou dos pequenos machismos em que nós (e não me excluo disso) nos afundamos no dia-a-dia. O que difere é o tamanho do impacto, não sua natureza.

Por fim, o que me indigna com tudo isso é que uma parcela do tempo preciosa (e bem remunerada) que deveria estar sendo usada pelos congressistas para discutir formas para que saiamos do atoleiro econômico e para garantir dignidade a trabalhadores e grupos sociais vulneráveis é gasta com essa presepada.

Neste momento, se Deus existir, ele deve estar mais preocupado em processar esse pessoal que se diz seus representantes políticos aqui na Terra. E não lançando maldições para pessoas do mesmo sexo que decidem viver juntas. 
Isso aí fica a cargo de outra figura mitológica: o capeta.
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