sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Senhora de 83 anos escreve a uma amiga


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"Querida Bertha,

Cada vez leio mais e tiro menos o pó. Passo o tempo no pátio desfrutando a vista, sem me preocupar com o mato que cresce no jardim. Passo mais tempo com minha família e amigos e trabalho menos.

Se possível, devemos aproveitar a vida e não apenas suportá-la. Agora tento perceber isso e começo a valorizá-la.

Já não me privo das coisas. Uso minhas xícaras de porcelana em ocasiões especiais, seja pelo meio quilo perdido, a limpeza do banheiro ou a primeira floração de um lírio.

Coloco a roupa mais bonita quando vou ao mercado. Penso que, se me vejo bem sucedida, será más fácil gastar dinheiro.

Não espero uma ocasião importante para usar meu perfume favorito. Uso até para ir ao banco ou ao hospital.

Já não uso a frase “algum dia” ou “qualquer dia desses”. Se uma coisa vale a pena ser vista, ouvida ou feita, quero ver, ouvir e fazer agora mesmo.

Não sei o que outras pessoas fariam no meu lugar, mas elas não estarão aqui amanhã.
Acreditamos que a vida seja algo incondicional. Eu acho que teriam convidado todos os membros de suas famílias e alguns amigos. Talvez chamassem alguém e pedissem perdão por suas palavras e atos do passado. Gosto de pensar que vão a um bom restaurante onde servem sua melhor comida. Posso deduzir isso, mas nunca saberei.

São alguns desses detalhes que não fiz. Muito me arrependi por não ter escrito aos meus entes queridos todas as palavras importantes que gostaria de lhes dizer.

E me dói muito terem sido poucas as vezes que disse ao meu marido e aos meus pais o quanto os amava.

Tento não poupar e não protelar o que poderia somar riso e felicidade a minha vida.

E todas as manhãs, quando abro os olhos, digo que este dia será especial. Cada dia, cada minuto, cada suspiro de verdade são um presente.

Talvez a vida não tenha sido o jogo que gostaríamos de jogar. Mas enquanto estivermos aqui, poderemos dançar."

*            *            *

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