segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Fragilidade faz pensar...


Não deveríamos confundir informação com conhecimento nem conhecimento com sabedoria.
Há um salto de qualidade entre esses três estágios.
Precisamos de uma certa organização interna até transformar o primeiro no segundo e este, por sua vez, poderá nos levar ao terceiro, sem o que a vida terá sido um desperdício.

É quase um clichê ouvirmos ou dizermos que nada é permanente, mas, clichê ou não, sinto que é verdade.
Muitas vezes pensamos ter controle sobre o que a vida nos traz ou nos tira, o que não é verdade, pois quando nos sentimos impotentes para mudar uma situação entramos em sofrimento.

Quando fiz um curso sobre Tarô - isso mesmo, Tarô Mitológico, para autoconhecimento - escrevi muito sobre algumas cartas dos Arcanos Maiores que me instigavam: A Força, O Julgamento, A Roda da Fortuna, A Morte, O Diabo, A Sacerdotisa, O Enforcado (essa, então, me incomodava sobremaneira, até que percebi que às vezes era preciso, sim, mudar o foco, o ângulo e olhar as coisas sob outra perspectiva) enfim, aquelas que refletem nosso posicionamento interno em cada momento da vida, arquétipos do que é tecido nosso interior.

Muitas vezes não queremos aceitar a perda de coisas agradáveis, assim como evitamos - ou pensamos evitar - a chegada dos problemas, do que nos desagrada e incomoda. Com se isso fosse possível, como se tivéssemos todo o tempo o controle nas mãos... esquecendo-nos de que a melhor maneira de caminharmos é nos adaptando à caminhada, seguindo o movimento, como em uma dança harmoniosa.

Darwin (ou Spencer, não me lembro) já nos alertava para a sobrevivência não do mais forte, mas do que melhor se adapta às situações. Isso é ser flexível, aceitando a vida do modo que se apresenta em cada etapa.
Não estou falando de aceitação pura e simples, mas de capacidade de entender e se adaptar às mudanças.
Isso torna toda a nossa vida e tudo pelo que precisamos passar mais proveitoso tanto no momento difícil - quando não temos alternativa e sofreremos menos sabendo que é passageiro -, quanto na hora de usufruir a felicidade, o bem estar, que aproveitaremos com todo entusiasmo e gratidão.

Enquanto escrevo, fico pensando em poesia, em música . Pareço o programa Windows - cheio de janelas, hahaha! - e vou buscar em Camões, em Lulu Santos (será heresia?...ah, que nada, cada um na sua) um jeito mais agradável de pensar essas coisas.  Vamos lá:

Luís Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
**

Lulu Santos


Como uma onda

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar

Como uma onda no mar
Como uma onda no mar


*            *            *
Itatiaia, 16 de setembro de 2013
Sueli

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