sábado, 28 de setembro de 2013

Sonoridades linguísticas


Costumo ter cuidado, admiração e mesmo uma espécie de reverência pela Língua Portuguesa.
Adoro ler, saboreio os vocábulos e internamente crio diversas maneiras de lidar com eles tentando não ofender estruturas.

Desde muito pequena - dizem meus parentes - eu me divertia lendo em voz alta ou soletrando palavras que me chamavam a atenção pela sonoridade, ainda que não conhecesse seu significado; elas ficavam pipocando (acho uma graça a palavra pipoca) na minha língua e eu as degustava atenta, classificando-as segundo o meu paladar.
Ainda hoje, em certas ocasiões tenho uns surtos desses.

Um exemplo interessante é o que aconteceu logo que comecei as aulas de pintura em tela.
Na fase da cópia (hoje o pessoal diz "releitura", talvez um eufemismo para plágio), todos os alunos pintavam flores...(gosto de flores, nada contra, mas eu queria pintar outras coisas - eu sou impossível mesmo...) e foi aquela enxurrada de copos-de-leite, acho horrível pronunciar ou mesmo escrever isso, sei lá por quê. Não gosto do nome e não pintei as tais flores. Fiz outras - tulipas, margaridas, rosas, lírios, violetas.

Há outros nomes que me incomodam - fronha, chupeta, bolacha, catapulta (esse eu acho engraçado) e, acredito, muitos mais que não conseguirei lembrar agora.
E ainda alguns modismos em expressões verbais: "meio que", "até porque", "por conta disso"...que também me afligem um pouco.

Recentemente descobri que não gosto do som da palavra inimigo e aqui não sei se tem a ver com semântica. Acho esquisito, i-ni-mi-go associada a pregação religiosa. Quase um paradoxo, embora haja paradoxos interessantes...

E não gosto da palavra sonho, esta pelo desgaste, pelo clichezão, de tanto ser usada em lugar de desejo, plano, ou qualquer outra similar. Do "sonho doce" - aquele de padaria, sem trocadilhos, por favor - desse eu gosto e não me importa o nome.

Que coisa...esse papo besta.  Deve ser "porque hoje é sábado".

Quer ver outra coisa que detesto? Aqui não se trata de palavra, mas do gesto da moda:  esse coraçãozinho feito com as mãos...



Noossa! Detesto isso.  Credo!

Notinha: Fique bem claro que o tratado aqui  é de cunho pessoal. Não me incomoda, em absoluto, que as pessoas gostem e usem o que citei.

*            *            *

2 comentários:

  1. Hahaha! Adorei! ATÉ PORQUE sabes jogar com as palavras, MEIO QUE descompromissadamente. POR CONTA DISSO, esse texto é um SONHO verbal...
    Mas como não sou tua INIMIGA, não te mando um CORAÇÃOZINHO FEITO COM AS MÃOS!
    Bj!

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    1. Ah, Telma, criatividade é contigo mesmo, hein? kkkk!! Sou assim, meio destrambelhada, um pouco desparafusada... só um pouco. Às vezes me vêm essas coisas loucas, mas ter alguém que entenda e se divirta esse non sense é, para mim, novidade mesmo! Muito agradecida. Bjim

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