sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

É Carnaval... e daí?


Bom dia! Todo mundo no "clima'?

Carnaval brasileiro... dura o ano inteiro!
Riso, alegria e milhões de palhaços no picadeiro... (Sueli)

Bom dia! Todo mundo no "clima'? 

Carnaval brasileiro... dura o ano inteiro!
Riso, alegria e milhões de palhaços no picadeiro...

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Joana D'Arc - Mais leituras e lembranças...

Desde muito jovem, adolescente mesmo,  ao ler sobre a vida de Santa Joana D'Arc num livro de Érico Veríssimo, aprendi que muitas vezes sentimos uma espécie de necessidade em seguir o que aponta a nossa intuição. 
Sim, eu acredito muito em intuição. 

"... decidia eu escrever a história da Donzela para crianças. 
Mergulhei na leitura dos principais livros que existiam sobre o assunto ao mesmo tempo que começava minha narrativa num estilo simples e poético à altura da compreensão de meninos e meninas entre seis e treze anos. 
À medida, porém, que ia conhecendo melhor a história de Joana d'Arc, eu me convencia de que seria uma pena ter de reduzir a narrativa a menos duma centena de páginas - conforme ficara combinado com o editor - e a um limitado número de episódios, como convinha ao gosto da clientela a que o livro se destinava.

Acabei mandando para o diabo todas as limitações e escrevi a história como achei que devia escrevê-la, sem pensar em conveniências tipográficas nem na idade de seus possíveis leitores. 

O resultado é este livro em que a vida da Donzela aparece romanceada até onde me foi possível  fazer isso sem trair a verdade histórica."  
(VERÍSSIMO, 1960)

Achei interessante trazer esse texto do próprio Érico, uma vez que ele se pautou pela intuição ao compor a obra.

Desde aquele livro, entendi a necessidade de confiar em nossa voz interior (no caso da santa, ela dizia ser a voz de um anjo, do Arcanjo Miguel) e, embora temendo as dificuldades, não desistir do que para nós é importante.
Mais tarde, já adulta, procurei mais leituras sobre a santa francesa que tanto me fascinara. Ainda gosto muito de ler sobre a vida dos santos...

Sei que sou rotulada de teimosa, cismada, esquisita e sei lá quantos adjetivos mais. 
É claro, também,  que muitas vezes aceito os argumentos contrários e me rendo a evidências. 
Entretanto, não me lembro de ter me arrependido das vezes em que resolvi tomar o caminho que a intuição me indicava.

E é pensando assim que pretendo resolver algumas questões do momento. Não posso ou "intuitivamente" não acho que deva, por enquanto, entrar em maiores detalhes. Caso se revolvam as questões propostas, comentarei.

Encontrei alguns dados dessa história de Joana D'Arc:


Não era uma doutora; não era uma mulher experimentada pela vida.
Não era sequer uma mártir fortalecida por suas doutrinas, e que por elas aceita a morte.
Era uma moça, uma criança, que só amava a Deus sobre todas as coisas, conforme aprendera em família, no dia-a-dia de seus afazeres, naquele lugarejo chamado Domrémy.
**
São Miguel ordenou que a menina se vestisse de cavaleiro e fosse para batalha, esta sendo apenas uma pastorinha começou chorar e São Miguel encorajando-a, disse-lhe:
"Vai, sem temor, que combaterei em teu favor!"
**
Ela atravessa a França destroçada, com os campos desertos e as estradas infestadas de bandidos e malfeitores.
A França em grande parte era território inglês, e caminhava para deixar de existir enquanto nação.

A donzela pobre, camponesa, analfabeta e ignorante, varonilmente consegue encantar o monarca e toda a corte, recebendo permissão para entrar no combate.

O rei somente acreditou em Joana quando ela falou sobre os vários pedidos que ele fizera a Deus, enquanto rezava solitário na Igreja.
Após ser testada também por teólogos, Joana D’Arc recebeu do rei uma espada, um estandarte e o comando geral dos exércitos franceses.

Veste a couraça, levanta o estandarte, ergue a França.

Lança-se à guerra; e nos campos jamais vistos, nos combates, nada a assombra; lança-se intrépida em meio às espadas, com as quais nunca teve familiaridade.
Sempre ferida, nunca desencorajada, tranquiliza os velhos soldados, arrasta todo o povo, que se torna também soldado e ninguém ousa mais ter medo do que quer que seja.

Joana queria atacar a região de Orleans que estava sob o comando dos ingleses, por isso enviou um aviso a eles: “A vós, ingleses, que não tendes nenhum direito neste Reino de França, o Rei dos Céus vos ordena, e manda, por mim, Joana, a Donzela, que deixeis vossas fortalezas e retorneis para vosso país, caso contrário farei grande barulho”.

A guerreira e a tropa francesa mobilizada pelo rei Carlos VII conseguiram empreender vitórias em diversas batalhas. Essa disputa ficou conhecida na história como a Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), da qual a França saiu vitoriosa, conseguindo expulsar os ingleses, principalmente do norte da França.    

Após a expulsão dos britânicos, os nobres franceses, representados pelo rei Carlos VII, temerosos de uma forte aliança popular entre Joana D’Arc e a população camponesa, entregaram-na para os ingleses.
**
Entregue por meio de traidores, ultrajada pela soldadesca, tentada pelo sinédrio improvisado, cujos fariseus revividos tentavam enredá-la com seus ardis maliciosos, ela resiste a tudo neste derradeiro combate, eleva-se acima de si mesma...

Abandonada por seu rei e por seu povo, cuja coroa e nação foram salvos por ela mesma, retorna para Deus pelo cruel caminho das chamas; faz do cadafalso sua única glória, e em meio ao fogo expira, olhando o crucifixo que havia pedido a um sacerdote que o segurasse em sua frente, gritando em alta voz reiteradas vezes “Jesus!, Jesus!, Jesus!” 
E entre as chamas, pouco antes de render a alma, confirmou mais uma vez: “as vozes não mentiram!”.

*            *            *

(Leitura da saga de Santa Joana D'Arc em "JOANA D’ARC" de Jules Michelet,  tradução Plínio Augusto Coelho)

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Um filme esquisito: "A Dama de Ferro"


Entendo pouquíssimo de política em geral e menos ainda de política internacional;  assisti a esse filme com o olhar direcionado para a questão do envelhecimento humano, seja de alguém comum ou de uma pessoa importante para o mundo.
No final das contas, todos passamos pelos mesmos problemas existenciais.  Ao humano o que é do humano, sabe?

A Dama de Ferro (em inglês, The Iron Lady) é um filme biográfico do Reino Unido, de 2011, baseado na vida de Margaret Thatcher (1925-2013). 
Dirigido por Phyllida Lloyd,  Thatcher é retratada principalmente por Meryl Streep, e, em sua formação precoce de política, por Alexandra Roach
O marido de Thatcher, Denis Thatcher, é interpretado por Jim Broadbent, e Harry Lloyd como o mais jovem Denis.  (fonte: Wikipédia)

O filme conta a trajetória política de Margaret Thatcher, ex-primeira ministra da Grã-Bretanha e única mulher a assumir o cargo até então, traçando um registro sobre sua ascensão política em meio a um ambiente amplamente dominado por homens. Da infância humilde até os dias atuais, em que se encontra reclusa em sua casa após indicação médica.

 

Uma espécie de  autobiografia, (ponto de vista da própria Margaret) relembrando o passado difícil da infância e da adolescência.
Enquanto ela luta com as dificuldades do envelhecimento e da viuvez, as lembranças a levam a rever seu passado: o trabalho duro no pequeno comércio de seu pai, as muitas horas de estudo com a meta de ir para a universidade,  as pressões sofridas, o preconceito (uma mulher em meio a conjuntos sociais bastante machistas), as decisões dolorosas que ousou tomar, enfim, seus sonhos e aspirações.

Segundo vários críticos de cinema, há muitas questões a serem debatidas no filme sobre a visão dessa mulher tão importante.
Não posso me aprofundar pelas razões que aleguei no início. Entendo nada de política internacional.

O que ficou, para mim, é o alerta do cuidado que precisamos ter com a nossa vida.
Ao envelhecermos, as recordações estão sempre presentes e o que foi vivido parece "colar-se" ao nosso cotidiano, numa análise inútil de como procedemos ou deveríamos ter procedido na época.

Confesso que o filme não me fez bem, embora tenha a interpretação como sempre magistral de Meryl Streep, atriz que admiro muito.

*               *               *

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Angélica - Chico Buarque (1981)


NESTE MOMENTO EM QUE UM GOLPE RONDA UM PAÍS VIZINHO, É MEU DEVER DIZER AOS JOVENS O QUE É UM GOLPE DE ESTADO

Neste momento extremamente grave em que vemos um golpe caminhar célere rumo a um país vizinho, com o noticiário chegando a nós de modo distorcido, utilizando-se de imagens fictícias, exibindo fotos de procissões religiosas em Caracas como se fosse do povo venezuelano revoltoso nas ruas; mostrando vídeos antigos como se atuais fossem; e quando, pelo próprio visual próspero e “coxinha” dos manifestantes, podemos bem avaliar os interesses de sua sofreguidão, que os impedem de respeitar os valores democráticos e esperar nova eleição para mudar o governo que os desagrada, vejo como meu dever abrir a boca e falar.

Dizer a vocês, jovens de 20, 30, 40 anos de meu Brasil, o que é de fato uma ditadura.

Se a Ditadura Militar tivesse sido contada na escola, como são a Inconfidência Mineira e outros episódios pontuais de usurpação da liberdade em nosso país, eu não estaria me vendo hoje obrigada a passar sal em minhas tão raladas feridas, que jamais pararam de sangrar.

Fazer as feridas sangrarem é obrigação de cada um dos que sofreram naquele período e ainda têm voz para falar.

Alguns já se calaram para sempre. Outros, agora se calam por vontade própria. Terceiros, por cansaço. Muitos, por desânimo. O coração tem razões…

Eu falo e eu choro e eu me sinto um bagaço. Talvez porque a minha consciência do sofrimento tenha pegado meio no tranco, como se eu vivesse durante um certo tempo assim catatônica, sem prestar atenção, caminhando como cabra cega num cenário de terror e desolação, apalpando o ar, me guiando pela brisa. E quando, finalmente, caiu-me a venda, só vi o vazio de minha própria cegueira.

Meu irmão, meu irmão, onde estás? Sequer o corpo jamais tivemos.

Outro dia, jantei com um casal de leais companheiros dele. Bronzeados, risonhos, felizes. Quando falei do sofrimento que passávamos em casa, na expectativa de saber se Tuti estaria morto ou vivo, se havia corpo ou não, ouvi: “Ah, mas se soubessem como éramos felizes… Dormíamos de mãos dadas e com o revólver ao lado, e éramos completamente felizes”. E se olharam, um ao outro, completamente felizes.
Ah, meu deus, e como nós, as famílias dos que morreram, éramos e somos completamente infelizes!

A ditadura militar aboletou-se no Brasil, assentada sobre um colchão de mentiras ardilosamente costuradas para iludir a boa fé de uma classe média desinformada, aterrorizada por perversa lavagem cerebral da mídia, que antevia uma “invasão vermelha”, quando o que, de fato, hoje se sabe, navegava célere em nossa direção, era uma frota americana.

Deu-se o golpe! Os jovens universitários liberais e de esquerda não precisavam de motivação mais convincente para reagir. Como armas, tinham sua ideologia, os argumentos, os livros. Foram afugentados do mundo acadêmico, proibidos de estudar, de frequentar as escolas, o saber entrou para o índex nacional engendrado pela prepotência.
As pessoas tinham as casas invadidas, gavetas reviradas, papéis e livros confiscados. Pessoas eram levadas na calada da noite ou sob o sol brilhante, aos olhos da vizinhança, sem explicações nem motivo, bastava uma denúncia, sabe-se lá por que razão ou partindo de quem, muitas para nunca mais serem vistas ou sabidas. Ou mesmo eram mortas à luz do dia. Ra-ta-ta-ta-tá e pronto.

E todos se calavam. A grande escuridão do Brasil. Assim são as ditaduras. Hoje ouvimos falar dos horrores praticados na Coreia do Norte. Aqui não foi muito diferente. O medo era igual. O obscurantismo igual. As torturas iguais. A hipocrisia idêntica. A aceitação da sobrevivência. Ame-me ou deixe-me. O dedurismo. Tudo igual. Em número menor de indivíduos massacrados, mas a mesma consistência de terror, a mesma impotência.
Falam na corrupção dos dias de hoje. Esquecem-se de falar nas de ontem. Quando cochichavam sobre “as malas do Golbery” ou “as comissões das turbinas”, “as compras de armamento”. Falavam, falavam, mas nada se apurava, nada se publicava, nada se confirmava, pois não havia CPI, não havia um Congresso de verdade, uma imprensa de verdade, uma Justiça de verdade, um país de verdade.

E qualquer empresa, grande, média ou mínima, para conseguir se manter, precisava obrigatoriamente ter na diretoria um militar. De qualquer patente. Para impor respeito, abrir portas, estar imune a perseguições. Se isso não é um tipo de aparelhamento, o que é, então? Um Brasil de mentirinha, ao som da trilha sonora ufanista de Miguel Gustavo.

Minha família se dilacerou. Meu irmão torturado, morto, corpo não sabido. Minha mãe assassinada, numa pantomima de acidente, só desmascarada 22 anos depois, pelo empenho do ministro José Gregory, com a instalação da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos no governo Fernando Henrique Cardoso.

Meu pai, quatro infartos e a decepção de saber que ele, estrangeiro, que dedicou vida, esforço e economias a manter um orfanato em Minas, criando 50 meninos brasileiros e lhes dando ofício, via o Brasil roubar-lhe o primogênito, Stuart Edgar, somando no nome homenagens aos seus pai e irmão, ambos pastores protestantes americanos – o irmão, assassinado por membro louco da Ku Klux Klan. Tragédia que se repetia.

Minha irmã, enviada repentinamente para estudar nos Estados Unidos, quando minha mãe teve a informação de que sua sala de aula, no curso de Ciências Sociais, na PUC, seria invadida pelos militares, e foi, e os alunos seriam presos, e foram. Até hoje, ela vive no exterior.

Barata tonta, fiquei por aí, vagando feito mariposa, em volta da fosforescência da luz magnífica de minha profissão de colunista social, que só me somou aplausos e muitos queridos amigos, mas também uma insolente incompreensão de quem se arbitrou o insano direito de me julgar por ter sobrevivido.

Outra morte dolorida foi a da atriz, minha verdadeira e apaixonada vocação, que, logo após o assassinato de minha mãe, precisei abdicar de ser, apesar de me ter preparado desde a infância para tal e já ter então alcançado o espaço próprio. Intuitivamente, sabia que prosseguir significaria uma contagem regressiva para meu próprio fim.

Hoje, vivo catando os retalhos daquele passado, como acumuladora, sem espaço para tantos papéis, vestidos, rabiscos, memórias, tentando me entender, encontrar, reencontrar e viver apesar de tudo, e promover nessa plantação tosca de sofrimentos uma bela colheita: lembrar os meus mártires e tudo de bom e de belo que fizeram pelo meu país, quer na moda, na arte, na política, nos exemplos deixados, na História, através do maior número de ações produtivas, efetivas e criativas que eu consiga multiplicar.

E ainda há quem me pergunte em quê a Ditadura Militar modificou minha vida!
Hildegard Angel
***

Publicado em 20/02/2014, Coluna da Hilde, por Hildegard Angel. 




Angélica
Chico Buarque & Miltinho MPB4

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar

Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar

Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino?
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar

*            *            *

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Filme da tarde - "Intocáveis"

"Intocáveis"
("Amigos improváveis" - título do filme em Portugal) 
Na minha opinião, mais apropriado

Produção francesa (comédia dramática), de 2011, escrita e realizada por Olivier Nakache e Éric Toledano, com François Cluzet e Omar Sy nos principais papéis.
O filme aborda a relação de um multimilionário tetraplégico e do seu peculiar auxiliar de enfermagem, baseado no livro autobiográfico (portanto, partindo de fatos reais) de Philippe Pozzo di Borgo, Le Second souffle.

Philippe é um homem extremamente rico, culto, apreciador de arte, que devido a um acidente ficou tetraplégico.
Driss, um jovem ex-detento senegalês de temperamento explosivo, mora nos subúrbios de Paris, tendo cometido atos que o levaram preso por seis meses.
Duas pessoas de mundos diferentes, de educação diferentes, que se encontram e fazem desse encontro algo enriquecedor para a vida de ambos.

Com uma atuação muito focada em olhares, Sy também anda em cena de maneira forte, maciça, aumentando ainda mais a diferença para com o personagem de Cluzet, centrado em sombrias expressões faciais
É interessante perceber que a postura dos dois vai se moldando ao longo do filme, na medida em que Driss começa a ganhar movimentos cada vez mais leves para demonstrar a sua mudança de temperamento e Philippe adquire expressões mais leves e sorridentes.
Entretanto, o personagem Philippe fica meio sem história - além da deficiência. Por intermédio das ações de Driss é que se vai construindo a trama.

Driss é contratado por Philippe para ser seu assistente pessoal, cuidando de suas necessidades básicas e o ajudando em determinadas tarefas impossíveis para um tetraplégico.

Apesar de inicialmente Driss nem estar interessado nesse trabalho e não ser nada indicado para cuidar de alguém com uma condição tão frágil, Philippe decide dar uma chance ao rapaz, não porque tenha visto potencial no jovem ou por razões humanísticas, mas simplesmente porque estava cansado de ser tratado de forma tecnicamente cuidadosa, como se fosse quebrar a qualquer momento.

Driss o trata normalmente, fala com ele fazendo piadas e muitas vezes até esquece a real condição física do patrão. Isso faz com que Philippe se sinta mais humano e mais vivo.
Além disso, o auxiliar é espontâneo e, em certos momentos, se mostra até inocente no jogo social, o que contribui para conquistar seu empregador e as outras pessoas da casa.
Antes, Driss se encontrava perdido - talvez pela própria história de vida - colocando-se frequentemente em risco. A partir da convivência com Philippe ele aprende a ver o mundo de outra maneira.

Os diálogos são divertidíssimos até pela diferença cultural e preferências de cada um.
Cena chave do filme em que Driss 'incrementa' a festa de aniversário de Philippe
Alguns críticos acham exagerada a tendência atual desses filmes em minimizar ou camuflar problemas reais de doente terminal, como em Antes de partir (com Jack Nicholson e Morgan Freeman).
Argumentam que a vida não é essa festa toda e já estão classificando-os como clichê.
Eu discordo.
Penso ser muito importante ter um outro olhar para as dificuldades que todos, em algum momento da vida, precisamos atravessar.
O bom humor, a humildade em aceitar ajuda nos momentos difíceis, são valores importantes para quem se encontra em situação de inferioridade física.

Gostei do filme e recomendo.

*            *            *

Na bronca geral...

*
Paulo Leminski

Copiei novamente o quadrinho (está também do lado esquerdo da página) porque achei pertinente.

Tenho me sentido mal fisicamente há uns dois dias e hoje acordei bem ruinzinha. Bebi um chá purinho, sem pão ou biscoito, nada. Não sinto a menor vontade de comer.
Não consigo definir exatamente o que sinto - um mal estar geral, dor no estômago, dor de cabeça, tonteira, dores no corpo.
Fiquei bastante agitada ontem e suponho que esse nervosismo tem a ver com alguns problemas - nem tão grandes - que estão incomodando. 
A culpa é minha mesmo que venho relegando e adiando as possíveis soluções. Ando de medida cheia com um monte de coisas; fico parada, sem ação, tentando resolver primeiro mentalmente, daí...
**
Enfim, estou aqui para me distrair e jogar fora o que me incomoda. 
Vamos lá: não é que, "do nada" (essa linguagem muderna pega mesmo...), apareceram alguns fantasmas na minha página do facebook?
Estranho... Gente que havia sumido, ficado sem se comunicar há muito, muito tempo, de repente está lá, dando o ar da graça (ou da falta de...). 
Uma dessas pessoas eu até considerava, tinha um certo apreço; as outras nem tanto.
Estou falando de pessoas que conheço pessoalmente desde muito tempo e que se confundiam com amigos. Não eram, nunca foram, percebo agora. O que será que pretendem?  Por não saber, ignorei completamente. E vou continuar ignorando.
Estou começando a por um ponto final em coisas e pessoas que me aborrecem. Antes tarde do que nunca...

O fato é que não me preocupo mais - não mesmo, de verdade - com quem não se importa comigo. Rotulem como quiserem, falem o que lhes vier à telha que, para mim, não faz a menor diferença.
**
Depois do 'mimimi", devo dizer que, por outro lado, alguns acontecimentos têm me trazido alegria e conforto. A vida é assim mesmo, vem em altos e baixos: um dia de salto quinze, no outro de sandália rasteirinha.  Aprendendo a lidar com isso, vai-se vivendo.

*       *       *

Refresco...
Foto: #COMPARTILHE com seus amigos do #Facebook .          Eu te conhecia antes de você nascer
Pude ouvir a tua voz quando foste formado 
Embora não me viste bem perto eu estava
E agora quero que ouça esta palavra
Será sempre uma criança aos meus olhos.
Eu de pronto atenderei quando clamares
Em meio às lutas e na dor contigo estarei
Será sempre uma criança aos meus olhos
Eu te vi no momento em que me buscastes
E ouvi todas as promessas que me fizeste 
E quando a mim disseste: Oh pai!! Tenho pecado.
Te perdoei e em meus braços te tomei
Será sempre uma criança aos meus olhos
Eu de pronto atenderei quando clamares
Em meio as lutas e na dor contigo estarei 
Será sempre uma criança aos meus olhos.
Uma das recordações mais bonitas da minha infância: meu pai me ensinando a "dançar"...
E não é que me tornei um "pé de valsa'?

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Filme da tarde - "Peggy Sue - seu passado...


Um calor sufocante, manhã de muitas tarefas em casa, almoço apenas para mim e... descanso à tarde.
Foi assim ontem.
Organizei as coisas e liguei a TV para tirar uma soneca. Estranho? Nada demais. Não gosto da maioria dos programas, mas adoro cochilar ao som da TV  que deixo quase sempre nos canais a cabo.
Com isto, em lugar do cochilo da tarde, às vezes sou surpreendida com a reprise de alguns filmes interessantes.
O de ontem foi "Peggy Sue - seu passado a espera", produção americana de 1986, tendo como protagonistas Kathleen Turner e  Nicolas Cage, dirigido por ninguém menos que Francis Ford Copola ("Apocalypse Now", lembram?).

Peggy Sue, aos quarenta e poucos anos está prestes a se divorciar de Charlie Bodell; em uma festa de encontro com a sua turma de formatura nos anos 60 sente-se mal e desmaia.
É levada para a enfermaria do colégio onde, desacordada, "revive" o próprio passado tendo recuperada sua aparência de adolescente. Revê seus parentes e amigos e apenas ela tem consciência do acontecimento inexplicável para os demais.
É a oportunidade de - conscientemente adulta - alterar o próprio destino.
Decide que não se casará com o namorado amoroso e cheio de sonhos em trilhar uma carreira de sucesso na música. Ela sabe que são apenas sonhos e que a vida os levará para outros caminhos.

O filme nos traz uma bonita nostalgia da juventude, num tempo de incertezas quanto ao futuro, de relacionamentos familiares, amorosos, as  amizades da adolescência e nos leva a uma retrospectiva em nossas próprias vidas.  Pelo menos, foi o que aconteceu comigo.

Repassando e relembrando os acontecimentos importantes em nossa vida, muitas vezes chegamos à conclusão de que tudo está como deveria estar. É assim mesmo.
Acredito que a vida tem sempre razão e é de uma inutilidade enorme ficarmos remoendo "o que poderia ter sido e que não foi", não é mesmo, Manuel Bandeira?
Olha aí o poema do qual me lembrei (recortes de versos de vários poemas)

Antologia

A vida não vale a pena e a dor de ser vivida.
Os corpos se entendem mas as almas não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

 Vou-me embora pra Pasárgada!
Aqui não sou feliz.

Quero esquecer tudo:
- A dor de ser homem...
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.

Quero descansar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei...
Na vida inteira que podia ter sido e que não foi.

 Quero descansar.
Morrer.
Morrer de corpo e alma.
Completamente.

(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir)

 Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

(Manuel Bandeira)

Aos mais místicos penso em dizer que talvez seja mesmo uma questão de merecimento. Cada um, talvez tenhamos o que merecemos.

Pode parecer crença no Determinismo, teoria já descartada para outras questões mas que, se pensarmos bem, em relação ao nosso destino está tudo em seu devido lugar. Questão de escolhas, do livre arbítrio, sei lá, que não sou muito versada nessas coisas.

Quantos sonhos deixamos para trás, quantas atitudes poderíamos ter tomado e nos enveredamos por atalhos ou, ao contrário, tomamos o caminho mais longo...

Na esteira destas lembranças, vale também ouvir a música "A lista", de Oswaldo Montenegro:


Valeu pela oportunidade de reflexão.

*            *            *

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Livros, livros...



Sabendo como gostei - e gosto - da série americana de TV "House", minha filha Liliane me emprestou um livro comprado recentemente: "A filosofia em House".
Comecei a lê-lo imediatamente após chegar em casa - ontem, por volta de 22 horas! Estou achando fascinante. Pois é... leitura, para mim, é "a coisa", evidentemente guardadas as devidas proporções do que está no livro. Explico:

"Em 'Me deixe morrer' (1ª temporada, episódio 9), House pergunta a John Henry Giles, um trompetista de jazz que lhe confessa preferir morrer por não ter mais fôlego para tocar seu instrumento: "E você é só isso,um músico?" Giles responde:
"Só tenho uma coisa, exatamente como você (...)
Você não se arrisca a ser preso ou perder a profissão para salvar alguém que não quer ser salvo se não for instigado por alguma coisa, aquela coisa.  
O motivo pelo qual as pessoas normais têm filhos, família, passatempos e tudo mais é que elas não conhecem aquela coisa especial que nos atinge de verdade. Para mim é a música, para você é isto. A coisa que ocupa a sua mente, que o coloca fora do círculo dos normais." 
(A filosofia em House, p.13-14).

Já nas primeiras páginas, o livro se mostra tão instigante que me levou a buscar na memória e na wikipédia (ainda bem!)  um grande clássico - "Moby Dick" - a propósito da epígrafe deste primeiro capítulo intitulado "A hiperética de House", de Simone Regazzoni:  Apenas um idiota fica entre Ahab e sua baleia. (Gregory House).

Como é simples perceber, estou achando o máximo esse livro. Ao longo da leitura, talvez tenha que trazer mais citações.  Até lá.
Vou continuar lendo...

**


Moby Dick, de Herman Melville , publicado em 1851, nos Estados Unidos

Um longo livro cujos capítulos grandes e pequenos se alternam como ondas, como o próprio mar.

Sinopse:
Na cidade de New Bedford, em Massachusetts, o marinheiro Ishmael conhece o arpoador Queequeg e, juntos, partem para a ilha de Nantucket em busca de trabalho no mercado de caça às baleias.
Lá, eles embarcam no baleeiro Pequod para uma viagem de três anos aos mares do sul.
Entre eles, tripulantes de diversas nacionalidades: os imediatos Starbuck, Stubb e Flask; os arpoadores Tashtego e Daggoo, além de Ahab, o sombrio capitão que ostenta uma enorme cicatriz do rosto ao pescoço e uma perna artificial, feita do osso de cachalote.
Obcecado por encontrar a fera responsável por seus ferimentos e que nenhum arpoador jamais conseguiu abater - a temível "Moby Dick" -, o capitão Ahab conduz o baleeiro e toda a sua tripulação por uma rota de perigos e incertezas. Deseja apenas vingar-se da baleia que no passado o atacou e destruiu sua perna; não se importa com o destino de seu navio e sua tripulação.

Personagens:
Os outros personagens são igualmente marcantes: Queequeg, o arpoeiro asiático de corpo tatuado; o primeiro imediato Starbuck, um Quacker relutante quando tem de enfrentar seu irascível capitão; o arpoeiro Tashtego, que renasce das entranhas de uma baleia; o bem humorado segundo imediato Stubb; o misterioso arpoeiro pessoal de Ahab, Fedallah, que profetiza o destino funesto de todos por causa da perseguição à baleia.

Há vários livros neste livro: uma considerável parte dele dá ao leitor os vários aspectos técnicos do que é uma baleia (mais especificamente um cachalote, uma baleia que tem dentes) e de como e porque se caçava uma baleia no século XIX.
Em uma outra parte - talvez menos de um terço do livro - um marinheiro letrado, Ishmael, relata a última viagem do navio baleeiro de Nantucket,  que parte da costa leste dos Estados Unidos - com sua tripulação multiétnica - rumo ao Pacífico Sul.
Por fim, a terceira parte que envolve as reflexões do narrador Ishmael analisando a alma humana e sua relação com a deidade.

Ao longo de 135 capítulos, Herman Melville (1819-1891) explora brilhante e ironicamente  os mais variados gêneros literários: da narrativa de viagens ao teatro shakespeareano, do sermão à poesia popular, passando pela descrição científica e a meditação filosófica.

Pelo que me lembro, esta foi, para mim,  uma leitura difícil e demorada mas que valeu a pena.

*            *            *

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Anoitecendo...

Anoitecer em Resende
03 fevereiro 2014

Foto de Willian Ferreira

Eduardo Coutinho - "Edifício Master"


Às vezes, acontecem comigo coisas muito esquisitas. Aparentemente coincidência, mas não é a primeira vez.  Sei não... 

Há apenas alguns dias - precisamente dia 21 de janeiro - publiquei aqui textos sobre um documentário muito interessante que havia assistido no Canal Brasil, "Edifício Master", produzido em 2002, de Eduardo Coutinho. Título da postagem no blog: "Filme da tarde - Um documentário".

Nunca tinha visto nada desse cineasta e fiquei impressionada com a qualidade do trabalho demonstrando técnica e sensibilidade. 
Procurei, então, saber mais sobre ele e sua obra.
Jamais poderia imaginar a tragédia que se abateria sobre sua família.

Notícia de ontem, Folha UOL:

Cineasta Eduardo Coutinho é assassinado no Rio; 
filho é suspeito
DO RIO
02/02/2014  16h38 - Atualizado às 16h51

O cineasta Eduardo Coutinho, de 80 anos, foi assassinado a facadas neste domingo por volta das 11h50 dentro de casa, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio. O filho, Daniel Coutinho, é tido como o principal suspeito, segundo a polícia.

De acordo informações da Divisão de Homicídios, ele também seria o responsável por esfaquear a mãe e, em seguida, teria tentado se matar.

A mulher do cineasta, Maria Oliveira Coutinho, 62, foi socorrida pelos bombeiros no apartamento onde mora a família, e internada em estado grave no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul.

O filho também foi levado para lá, com ferimentos menos graves, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil. Segundo vizinhos do cineasta, Daniel, que morava com os pais, sofria de esquizofrenia.
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