sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Filme da tarde - "Peggy Sue - seu passado...


Um calor sufocante, manhã de muitas tarefas em casa, almoço apenas para mim e... descanso à tarde.
Foi assim ontem.
Organizei as coisas e liguei a TV para tirar uma soneca. Estranho? Nada demais. Não gosto da maioria dos programas, mas adoro cochilar ao som da TV  que deixo quase sempre nos canais a cabo.
Com isto, em lugar do cochilo da tarde, às vezes sou surpreendida com a reprise de alguns filmes interessantes.
O de ontem foi "Peggy Sue - seu passado a espera", produção americana de 1986, tendo como protagonistas Kathleen Turner e  Nicolas Cage, dirigido por ninguém menos que Francis Ford Copola ("Apocalypse Now", lembram?).

Peggy Sue, aos quarenta e poucos anos está prestes a se divorciar de Charlie Bodell; em uma festa de encontro com a sua turma de formatura nos anos 60 sente-se mal e desmaia.
É levada para a enfermaria do colégio onde, desacordada, "revive" o próprio passado tendo recuperada sua aparência de adolescente. Revê seus parentes e amigos e apenas ela tem consciência do acontecimento inexplicável para os demais.
É a oportunidade de - conscientemente adulta - alterar o próprio destino.
Decide que não se casará com o namorado amoroso e cheio de sonhos em trilhar uma carreira de sucesso na música. Ela sabe que são apenas sonhos e que a vida os levará para outros caminhos.

O filme nos traz uma bonita nostalgia da juventude, num tempo de incertezas quanto ao futuro, de relacionamentos familiares, amorosos, as  amizades da adolescência e nos leva a uma retrospectiva em nossas próprias vidas.  Pelo menos, foi o que aconteceu comigo.

Repassando e relembrando os acontecimentos importantes em nossa vida, muitas vezes chegamos à conclusão de que tudo está como deveria estar. É assim mesmo.
Acredito que a vida tem sempre razão e é de uma inutilidade enorme ficarmos remoendo "o que poderia ter sido e que não foi", não é mesmo, Manuel Bandeira?
Olha aí o poema do qual me lembrei (recortes de versos de vários poemas)

Antologia

A vida não vale a pena e a dor de ser vivida.
Os corpos se entendem mas as almas não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

 Vou-me embora pra Pasárgada!
Aqui não sou feliz.

Quero esquecer tudo:
- A dor de ser homem...
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.

Quero descansar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei...
Na vida inteira que podia ter sido e que não foi.

 Quero descansar.
Morrer.
Morrer de corpo e alma.
Completamente.

(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir)

 Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

(Manuel Bandeira)

Aos mais místicos penso em dizer que talvez seja mesmo uma questão de merecimento. Cada um, talvez tenhamos o que merecemos.

Pode parecer crença no Determinismo, teoria já descartada para outras questões mas que, se pensarmos bem, em relação ao nosso destino está tudo em seu devido lugar. Questão de escolhas, do livre arbítrio, sei lá, que não sou muito versada nessas coisas.

Quantos sonhos deixamos para trás, quantas atitudes poderíamos ter tomado e nos enveredamos por atalhos ou, ao contrário, tomamos o caminho mais longo...

Na esteira destas lembranças, vale também ouvir a música "A lista", de Oswaldo Montenegro:


Valeu pela oportunidade de reflexão.

*            *            *

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