Ontem foi um dia estranho...e para encerrar a estranheza assisti à reprise de um filme que, não sendo do meu gênero preferido, considero um dos clássicos no tema.
Dirigido por Marin Scorcese, "Taxi Driver" (1976) tem no elenco dois nomes que se tornariam estrelas maiores em Hollywood: Robert De Niro e Jodie Foster.
Travis Bickle (De Niro) é um jovem de 26 anos, de origem simples, rude, sem instrução e demonstra ser um pouco perturbado. Sua família é do meio-oeste dos Estados Unidos.
Diz ter pertencido ao Corpo de Fuzileiros Navais e agora se encontra em Nova Iorque.
Como sofre de insônia, busca e consegue emprego de taxista para trabalhar durante a madrugada.
Em seus momentos de folga perambula pelos piores lugares da cidade, a periferia de Manhattan, as zonas de prostituição, frequentando bordéis e salas de cinema onde assiste a filmes pornográficos. É tudo o que conhece do mundo de uma cidade grande.
De seu táxi observa a movimentação noturna e isso o enraivece.
Não gosta do modo como as pessoas se comportam, tenta ficar à margem das cenas que costuma presenciar e pensa que aquilo tem que parar, alguma coisa deve ser feita por alguém.
Nessas suas observações acaba conhecendo uma moça que trabalha no comitê de um político e a tentativa frustrada de iniciar um namoro o deixa ainda mais revoltado com a vida.
Decide, então, ele mesmo, agir como 'justiceiro' e livrar a cidade dos tipos mais abjetos. Compra armas, treina, faz um corte de cabelo no estilo moicano (símbolo de situação de comando na Guerra do Vietnã) e sai para as ruas.
Depois de muito observar determinado ponto de prostituição resolve proteger uma menina (Jodie Foster, aos 14 anos) tirando-a daquela vida e enviando-a de volta à família, o que consegue após uma cena de extermínio violentíssima em um dos mafuás que alugava quartos.
Uma Nova York sombria, suja, ameaçadora na década de 70, mostrada em tons de vermelho, o vermelho do ódio, do sangue, da exacerbação.
Pessoas solitárias preocupadas apenas em ganhar a vida em termos materiais, tornando-se cada vez mais isoladas. Usam a frieza e distanciamento uns dos outros como uma couraça para se proteger do mal que exala das ruas.
Retrato cruel - mas realista - das grandes cidades. As pessoas se introvertem, se escondem pela descrença no ser humano, pela maldade implícita no simples olhar do semelhante, pelo desrespeito da sociedade.
Daí a atualidade do filme, infelizmente.
Lembrei-me, então, de outros dois grandes filmes na mesma linha: "Um dia de fúria" com Michael Douglas e "Um dia de cão" (com Al Pacino dirigido por Sidney Lumet).
Na verdade, são filmes cujo tema vai além da violência física. O grito da solidão, do desamor da falta de sentido na vida que leva as pessoas à loucura.
Mas, sem dúvida, grandes filmes realizados por nomes respeitados na indústria do cinema.
É... foi mesmo um dia esquisito.
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