sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

LEMBRETES DA VIDA

Estou fazendo um tratamento dentário doloroso (fisica e financeiramente, rssrs) e ontem, depois de mais uma ida ao consultório, ao sair - minha irmã Stela estava comigo - ainda meio tonta da anestesia e sentindo os efeitos dos procedimentos, estávamos tomando sorvete (criança, depois da consulta ao dentista merece sorvete, né?hehehe) em frente ao shopping, quando um ônibus parou no ponto e ouvimos um barulho de queda. 
Olhamos e vimos não se tratar de alguém que tivesse caído, mas de um senhor que se jogou ao chão para descer do ônibus. Ele tinha as duas pernas amputadas na altura dos joelhos. Conseguiu "descer" do ônibus, sozinho, aprumou-se e, com a ajuda de uma bengalinha adaptada, entrou todo sorridente no shopping como quem vai às compras, de maneira absolutamente natural.
Eu, ali, até então pensando em como nossos dentes afetam nossa saúde e nosso humor...
E a vida vem com aqueles lembretes que tira do bolso da doutrina, sabe? 'Então, está deprimida por causa dos seus dentinhos, é?'
Envergonhada, fiquei pensando em como tenho sido protegida e abençoada toda a minha vida.
Mesmo para ir ao dentista conto com a companhia de um familiar - essa minha irmã é a solidariedade em pessoa (acho até que ela sente a dor com a gente...).
Posso contar também com ajuda de outras pessoas; minha saúde - considerando a passagem do tempo e tudo o mais - me permite ainda usufruir o lado bom de tudo. Então? Só posso agradecer à vida. Não tenho o direito de me sentir aborrecida, por nada.
**

Saindo de lá, decidimos ir ao supermercado - onde ainda posso comprar o que desejo e preciso - e depois à casa das minhas filhas (moro numa cidadezinha próxima).
Meu netinho mais novo, agora com 2 meses, estava deitadinho, sossegado, tranquilo e fui brincar um pouquinho com ele. Coisa mais engraçadinha: ele está começando a perceber a presença das pessoas. Virou a cabecinha para o meu lado e ensaiou aquele beicinho de susto (ou medo, sei lá) que os bebês costumam fazer ao se sentirem inseguros.  Rimos muito e eu dizia, brincando: 'o que é isso, rapazinho? É a vovó, que ficou com você um bom tempo logo que chegou a este mundo doido! É a vovó, querido...' 
Ele não quis saber. O negócio era abrir o berreiro, mesmo, e se refugiar no colo sempre mais confiável da mamãe.
A vida é linda quando não fazemos dela um peso.
Pode parecer bobagem trazer para o blog acontecimentos aparentemente tão banais, mas gosto de registrar esses flashes. Temos pouca memória quando se trata de agradecer por tudo isso.

***

2 comentários:

  1. A-do-rei!!!
    E te vejo conversando comigo enquanto leio suas reflexões.

    Ótima noite, amiga!

    Beijos :)

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, querida amiga
    Fico feliz em saber que as minhas divagações a distraem. Você sabe que escrevo por hábito, por isso, não leve muito a sério, tá?
    Bjim

    ResponderExcluir