São tantos os assuntos numa mesma página de jornal! Tudo misturado, como um caleidoscópio - apenas não tão bonito e colorido.
Nossas emoções fazem malabarismo para corresponder... fica triste, fica alegre, fica surpreso, fica entediado, fica irritado, fica indiferente... ufa! Não dou conta...
Outra coisa que me perturba um pouco são as frases e adágios populares que se opõem:
Afinal o segredo é a alma do negócio? ou a propaganda é a alma do negócio?
É o que me veio à lembrança com essa história de um programa de TV a que eu não assisto - por opção - mas do qual tenho conhecimento todo dia, todo dia. Está em toda mídia.
Agora, mais uma campanha para que o tal programa seja extinto.
Coisa chata essa de campanha para tudo. Quanto mais se fala na tal coisa, maior a curiosidade e o interesse das pessoas. Basta não assistir, ora..
No Brasil, a concessão para a radiodifusão é dada pelo Estado a determinadas empresas de comunicação. A outorga é renovada a cada 15 anos pelo Congresso Nacional e nesse ínterim, a emissora deve seguir alguns preceitos ditados pela Constituição Federal.
Destaco aqui o artigo 221 da nossa Carta Magna, que acho particularmente elucidativo:
“A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.” (o destaque é meu)
Não é uma hipocrisia? A não ser, é claro, que os tais valores éticos e sociais tenham caráter individual ou de grupo e que sua interpretação seja variável e adaptável à conveniência e poder das outras instituições. Sei, não...
Por que, então, manter tal Artigo na Constituição Federal? Dura lex, sed lex? Tá bom...
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Quantas vezes já ouvi que é preciso discutir, falar sobre temas difíceis, esgotar a informação para acabar com o tabu , isto a respeito de vários comportamentos.
Por exemplo, a questão da gravidez na adolescência (que encheu e enche o saco até hoje, porque só aumenta o número de meninas grávidas);
a questão da violência em todas as suas formas (que continua aumentando e nada dá jeito).
E por aí vamos. Há mais, há muito mais...
Claro que muitas coisas mudaram por persistência e trabalho duro de ALGUNS - geralmente estes não fazem barulho, trabalham e lutam por aquilo em que acreditam sem ficar infernizando ninguém com campanhas ilusórias e que acabam beneficiando uns poucos.
Sinto que sou considerada bem radical, às vezes... . Assumo e pronto.
O problema é que as campanhas atraem.
Vejam as eleições políticas: aquele que tiver mais dinheiro, ou seja, aquele que repetir, repetir - ad infinitum - o seu nome e número de candidatura, certamente será eleito, sem questionamentos sobre sua plataforma, seu passado político, seu caráter (ainda existe isso?)
Isto me faz lembrar de um trecho da peça Gota D'água, de Paulo Pontes e Chico Buarque, quando o personagem Creonte diz:
"(...) Aprende meu filho,
dessa lição você vai precisar:
se você repete um estribilho
no coco do povo, e bate e martela,
o povo acredita naquilo só.
Acaba engolindo qualquer balela,
acaba comendo sabão em pó."
Evidentemente trata-se de outro contexto histórico e social mas acredito que os versos caibam muito bem aqui, dentro deste assunto.
Como a minha cabeça é delirante, acabo de me lembrar da letra - do Chico Buarque, quem mais? - de Bom conselho, também da mesma época de Gota D'água.
Como a minha cabeça é delirante, acabo de me lembrar da letra - do Chico Buarque, quem mais? - de Bom conselho, também da mesma época de Gota D'água.
Fico pensando também nesse povo coitado, incapaz de entender uma ironia. Credo...
Já se vão quarenta e tantos anos, hein? Ô país demoradinho...
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