“Tirei esta foto em um dos dias de filmagem do grande Cláudio.
Ele sempre ficava no fundo do corredor que levava ao camarim; concentrado, estudando seu texto minuciosamente.
Um empenho notável, ele se debruçava sobre o trabalho com uma vitalidade que nos comovia diariamente.
Na altura de sua linda trajetória ele não estava ali fazendo mais um trabalho, ele tinha aquela paixão, aquele brilho nos olhos de um menino.
Para ele era como uma reestreia, viva, cheia de novas descobertas e tesão pela profissão.
Estava inteiro, vibrante, com uma saúde e uma memória invejáveis, um companheiro de trabalho adorável.
Ele estava muito feliz de estar ali fazendo um trabalho que o motivava, que o instigava.
Vendo os episódios prontos, depois que ele nos deixou, ficamos todos impressionados com as “coincidências” do que dizia e vivia como Otávio.
Vida e arte se misturando sempre.
Quando fui preparar a cena final do Theo nesse episódio de hoje, fui até a porta, olhei o quadro e então vi o sofá vazio.
Achei então que esse deveria ser o fim do episódio que não estava nos planos.
O sofá vazio, representando a perda do pai de Theo, Otavio representando a figura paterna do personagem do Zécarlos.
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E agora a cena tomou outra dimensão à nossa revelia. Muitos outros significados se sobrepuseram ali.
Por fim, sinto que Cláudio teve a oportunidade de se despedir com a grandeza que merecia, teve a fortuna de viver sua última expressão.
Como grande ator que foi, viveu sua última grande aventura emocional.
Perdemos um grande ator, e mais, uma grande pessoa.
Nobre de espírito.
A elegância que sempre permeou seus personagens vinha do homem elegante que era.
Obrigado Cláudio, foi inesquecível para todos nós que convivemos com você nesse trabalho que você fez de uma forma memorável.
Nossa saudade e nossos aplausos”
Selton Mello
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