Sinto-me desencorajada a enfrentar a rua, as pessoas desconhecidas, a falta de educação geral, o caos do trânsito, enfim, a dificuldade que sempre tive - e que agora aumentou consideravelmente - em alimentar meu ser 'social'.
Prefiro ficar cuidando da minha vida, das minhas coisas - materiais inclusive - e tenho me sentido agradavelmente ocupada.
A preocupação - já que tenho tão poucas, graças a Deus - veio pela análise do uso do meu tempo no tal do facebook que já pensei em descartar, mas, por outro lado, sinto que gosto bastante de muitos dos contatos ali presentes. Alguns até já se tornaram amigos, devidamente guardadas as proporções que esta palavra - amigos - possa representar para mim.
Verdade.
Há pessoas que conheço pessoalmente há anos, e que apenas na rede social se revelaram, para mais e para menos nas minhas expectativas.
Em alguns casos, encontrei no ambiente virtual as mesmas coisas de que gosto ou desgosto. Gente inteligente e simples, arrogante e prepotente, bem educadas e nem tanto, enfim, acabam se revelando. 'Converso' com algumas de vez em quando, mas mantenho um maior contato mesmo é com os membros da família.
Agora, por exemplo - mais precisamente nesta semana passada, soube da adoção de uma cachorrinha para os meus netinhos mais novos, a Manuela e o Francisco.
Minha filha enviou-me, pelo facebook, fotos do acontecimento que me emocionou e divertiu muito. Francisco, o netinho de um ano e meio, levadinho pra caramba, independente e engraçado, apossou-se da casinha da Brisa, a cachorrinha. Manuela está cheia de cuidados, como uma mamãe zelosa. Uma graça os dois, vejam aí:
Hoje, sábado, foram viajar e deixaram a cachorrinha comigo.
Ela é uma gracinha, mas ainda é evidente a síndrome do animalzinho abandonado (parece que seu dono mudou-se de cidade e deixou-a com uma vizinha para que a doasse).
Estamos acolhendo com amor e logo, logo, ela estará acostumada com a gente. As crianças adoraram a novidade. Já está tratadinha, alimenta-se bem embora esteja magrinha e se mostre um pouco arredia, às vezes tremidinha; enfim, necessita de muito carinho.
Eu fico olhando para ela com o coração apertado: é aquele serzinho humilde, quieto, como se temesse incomodar - quase não late, é discretíssima. Os olhinhos são de uma doçura impressionante. O pelo ainda está ralo, mas eu sei que vai melhorar. Bonitinha demais!
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Por hoje, é isso.
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Pensei que fosse apenas isso por hoje, mas ainda é cedo e tem sempre algo que mexe com a cabeça da gente.
Estive lendo um artigo da Revista Bula - "Está todo mundo nu", de Graça Taguti - , um texto meio clichê sobre a falta de privacidade desse nosso mundo tecnológico.
Assunto que já está ficando repetitivo e chato.
Geralmente leio essa colunista e gosto muito.
Hoje, entretanto, o que me chamou a atenção foi a referência a um filme tcheco, muito antigo (assisti na década de 60!) e muito bonito: o título é "Um dia, um gato" e que ficou na minha memória por vários motivos.
Diz a articulista:
É impossível esquecer um surreal filme tcheco de 1963, “Um dia, Um Gato” dirigido por Vojtech Jasný.
O enredo gira em torno de um gato mágico que usa óculos.
Quando lhe tiram este acessório, as pessoas à sua volta começam a mudar de cor, conforme o caráter delas. Os mentirosos ficam roxos, os apaixonados amarelos e assim por diante.
Os adultos da vila onde o animal mora o consideram uma ameaça, mas as crianças o adoram. Incrível.
Também fico imaginando se, nos dias atuais, surgisse um circo na cidade que tivesse um gato como o do filme...(é assim o início do filme: um circo chegando à cidade).
Pensando bem, nem é mais necessário nada disso.
Nesse ponto, concordo com a autora do texto - está todo mundo nu mesmo - porque raro é quem se reserva um tempo para si mesmo, para reflexão, para olhar-se por dentro.
A vida está de tal modo barulhenta e solicitante com tanto chamado para inclusões e campanhas de todos os tipos que a chegada de um circo à cidade talvez não tenha magia nenhuma, pelo contrário, talvez seja considerada cafona, fora de moda, nada demais.
Ainda que o circo traga um gato que não pode ficar sem os óculos sob risco de desnudar a alma das pessoas.
É ... "Está todo mundo nu".
Até mais, caso alguma coisa desperte ainda essa minha mania de dar palpite.
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