segunda-feira, 12 de março de 2012

SOBRE GATOS...


Tenho alguns amigos que gostam muito de gatos.

Confesso não ser indiferente à graça, beleza e peculiaridades de qualquer animal mas não tenho preferências. Considero-os merecedores da mesma atenção, cuidado e respeito que devemos a toda a Natureza.

Por diversas circunstâncias não tenho animais. Entretanto sou sensível ao sofrimento de qualquer um deles e, em caso de necessidade, posso, sim, tratá-los e cuidar para que sejam respeitados.

Mantenho um olhar admirado e agradecido por toda a Criação e repudio os maus tratos, abandono e exploração desses seres, pelo chamado gênero humano.

É inegável que, no chamado gênero humano, encontramos aqueles dotados de uma sensibilidade maior e de talento para descrever e expor seus sentimentos em relação aos animais.  E os admiro – a esses humanos.

Penso que o que me fascina, mesmo, é a magia da palavra – privilégio humano tantas vezes  mal aproveitado.

Cultivo o hábito de recolher e compartilhar o que me agrada ouvir, ler, conhecer. Por isso, aí estão alguns exemplos escritos com propriedade, beleza e sabedoria sobre os lindos felinos.


“…Ele fixaria em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.”
(Lygia Fagundes Telles, em “A Disciplina do Amor”)

“O gato possui beleza sem vaidade, força sem insolência, coragem sem ferocidade, todas as virtudes do homem sem vícios”.
(Lord Byron)

“Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece”.
(Ártur da Távola)

“Se fosse possível cruzar o homem com o gato, melhoraria o homem, mas pioraria o gato.”
(Mark Twain)

“Quem pode acreditar que não há uma alma atrás daqueles olhos luminosos?”
(Theóphile Gauthier)

“É preciso absolutamente pintar gatos!”
(Renoir)

 “Existem dois modos de se refugiar das misérias da vida: música e gatos.”
(Albert Schweitzer – filósofo e médico)

“São distantes, discretos, impecavelmente limpos e sabem calar. Falta mais alguma coisa para considerá-los uma excelente companhia?”
(Rainha Maria Leszczynska – esposa de Luís XV)

"O gato Sossõe, certa hora, entrava. Ele vinha sutil para o paiol, para a tulha, censeando os ratos, entrava com o jeito de que já estivesse se despedindo, sem bulir com o ar. Mas, daí, rodeando como quem não quer, o gato Sossõe principiava a se esfregar em Miguilim, depois deitava perto, se prazia de ser, com aquela ronqueirinha que era a alegria dele, e olhava, olhava, engrossava o ronco, os olhos de um verde tão menos vazio – era uma luz dentro de outra, dentro doutra, dentro doutra, até não ter fim”.
(Guimarães Rosa, in: 'Campo Geral')



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