O verbo Amar
J. G. de Araujo Jorge
J. G. de Araujo Jorge
Te amei: era de longe que te olhava
e de longe me olhavas vagamente.
e de longe me olhavas vagamente.
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente
sente que a alma da gente faz escrava.
Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.
Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.
Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida vivendo e eu vou te amando
Te amar: é mais que um verbo, é a minha lei.
E é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei.
Te amar: é mais que um verbo, é a minha lei.
E é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei.
* * *
Esse post - texto e ilustração - é da página 'Lua de Proverbia ', no Facebook. Trouxe para cá, e não para o Ouriço, porque tem a ver com história pessoal. Verdade.
Lá pelos idos da adolescência formamos um grupinho mais ou menos seleto daqueles que liam muito, conversávamos sobre o que líamos e falávamos de nossas preferências pelos escritores.
Pois bem, o autor do poema acima, com esse nome aliterado (j.g., além de Araújo e Jorge!) não era dos mais apreciados, talvez por ser simples, direto e apaixonado. Estávamos naquela fase de esnobismo intelectual, hahaha!
Gostávamos das aulas de Português mais pelos textos literários que nos levavam ao mundo 'dos adultos'; Machado de Assis imperava com suas histórias de traição, descrença, cinismo e amores mal resolvidos; Álvares de Azevedo com seus poemas de amor desesperado e irrealizado, e por aí....
Nosso grupinho era um pouco fechado: rapazes e moças que haviam brincado e crescido juntos.
E agora? "E agora, José?" Estávamos na fase dos namoricos, das paquerinhas e todos nos sentíamos um pouco traidores quando nos interessávamos por alguém de fora do grupo.
É claro que isso não impediu ninguém de namorar os 'de fora'. Aliás, só se formou um único casal dentro do grupo. E não foi para sempre.
Aconteceu de uma das meninas receber um bilhetinho com esse poema - exatamente esse - e o mais interessante: de alguém do grupo, que dizia não gostar do sentimentalismo do poeta.
Não, não fui eu a contemplada... ficamos todos sabendo porque o tal bilhete passou de mão em mão... Ô juventude cruel!... O rapaz se declarando tão timidamente e a garota malvada rindo e mostrando a declaração pro resto do mundo...
O que houve depois? Nada... nem briga dentro do grupo. Na-da! Ficou o dito pelo não dito. Virou só uma brincadeira de mau gosto. E nunca mais se tocou no assunto.
Ao encontrar o poema no facebook lembrei-me do episódio, só isso... (hehehe...)
* * *