sexta-feira, 23 de novembro de 2012

DE NOVO... - Graciliano Ramos na berlinda


G.Ramos - por Hugo Braz

Garranchos raciais de Graciliano Ramos  (trechos)
Ivan Cláudio – Revista Isto É, 2241, 24/10/2012


Pensamentos e visões de mundo têm como limite o horizonte cultural de sua época. Por isso, não são eternos, mudam.

O perigo, ao se fazer uma leitura contemporânea das ideias tornadas públicas por um autor no passado, é esquecer que o contexto em que ele opinou sobre determinado assunto era outro.

Após a polêmica em torno do possível racismo de Monteiro Lobato, um risco semelhante paira agora sobre outro escritor, entre os menos visados: o alagoano Graciliano Ramos, cuja obra sempre se pautou pela denúncia e pelo combate das mazelas sociais.

(...)

Ao assumir a defesa dos negros, Graciliano desanca o mulato, pintado como traidor das origens. Condena o seu “embranquecimento” e estende a pena ferina também aos índios:

“Quando não se julgavam suficientemente clareados, os mulatos sempre se disseram caboclos, descendentes de uma raça de civilização inferior à de seus pais, mas que não tinha suportado a escravidão. Numa época em que a mania nacionalista fazia toda a gente se orgulhar de ter sangue índio, isso os aproximava dos brancos.”

A leitura atenta desse ensaio, contudo, alinha elementos de sobra contra a acusação apressada de racismo por parte do autor de “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”.

Esse é o limite de nossa época politicamente correta: grandes polemistas como Graciliano ou férteis ficcionistas como Lobato são hoje lidos com a lupa paranoica do policiamento.

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Postagem "Monteiro Lobato sempre", neste blog

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