sábado, 10 de novembro de 2012

ATÉ QUE ENFIM...

Gostei muito deste artigo (transcrito abaixo)  encontrado em "Blog Profissão Jornalista", de Ana Magal. Ela escreve com simplicidade e esse texto vem corroborar o que penso.

Quando criei o primeiro blog - Ouriço Elegante - foi por incentivo de uma amiga, que já tinha um, ao saber que eu também colecionava textos que me chamavam a atenção. 
Aliás, comentei isso nas primeiras postagens do Ouriço. 
O título veio por causa de um livro que estava lendo na época: "A elegância do ouriço", de Muriel Barbery, e do qual gostei muito. 
Este segundo blog, como também já expliquei nas primeiras postagens, foi apenas para separar um pouco a vivência prática cotidiana, das leituras que faço de outros escritos.

Nunca tive a pretensão de ser lida por milhares, centenas ou mesmo dezenas de pessoas. 
Agradeço, sim, a quem se interessa em ler o que escrevo porque essa escritura reflete um pouco da pessoa que sou, do que penso, do que vivo e o reconhecimento como criatura existente em algum lugar do planeta é alentador para qualquer ser humano. Sempre nos preocupamos em não estar sozinhos, não é mesmo?

Além disso, com todas as coisas deste complicado mundo tecnológico, muitas vezes me embaralho com as tais configurações. 
Descobri, por exemplo e por acaso, que meus blogs estão com problemas para que as pessoas se cadastrem - aquela história de 'seguidores' (não concordo com este nome, prefiro 'amigos').  Segui o indicado e enviei e-mail - vários - para o blogger support, que não me deu a menor atenção. Desisti de pedir ajuda mas continuei a postar.

Quanto ao artigo citado, tenho apenas uma ressalva quando a articulista diz: "Pego como exemplo uma pessoa de terceira idade que quer apenas dividir histórias, dar dicas de passeios ou artesanato."

Sou uma pessoa "de terceira idade" (acho também esse termo bem preconceituoso), nada contra passeios e artesanato, mas penso que tenho outros temas para expor, comentar, compartilhar, sei lá... o que me mantém um pouco mais ocupada, além dos cuidados pessoais e com a família, que no meu caso não é pequena.
Minhas filhas, genros e netos me incluem em suas vidas sim; acredito não representar um 'peso' para eles, ainda, graças a Deus.

É claro que na 'terceira idade' os amigos vão rareando por muitos motivos: alguns envelhecem mal, não querem mais visitar nem receber visitas, não se animam a nada; outros, continuam na lida, ocupados em ganhar (?) a vida; sem falar nos que morrem - óbvio - e nos que morreram sem saber quando abandonaram o interesse pelo mundo, que embora não seja lá grande coisa, ainda é o que temos.

Dito isso, vamos ao artigo, que é interessante.


Os blogs nossos de cada dia



Nos últimos dias estive lendo alguns blogs voltados ao próprio tema, esses que “ensinam fazer blog”, e alguns pensamentos me vieram à cabeça. Um deles foi o querer saber quando que escrever um blog deixou de ser divertido para ser algo obrigatoriamente regrado, vendido, tabelado e muitas vezes chato. Isso ficou martelando em minha mente e hoje ao ler um post no blog Dinheiro Mais percebi o quanto o mundo virtual mudou e muitas vezes me pego achando que para pior.

No texto intitulado “Os pecados de um blogueiro sem experiência”, o autor Mirko Filipovic (que digo de passagem: não o conheço e não estou falando da pessoa e sim da opinião dada) fala sobre os erros que os blogueiros iniciantes cometem. A parte que mais me chamou a atenção (e confesso, me incomodou) foi quando ele falou sobre “começar um blog com estratégias erradas”. Pensei comigo mesma: “Estratégias erradas? Mas para quê eu preciso de estratégias para montar um blog?”.

Ele falava que o mais importante era ter um visual atraente e boa visitação. Completou dizendo que por ser iniciante não teria “conhecimento” e que isso seria o grande problema fadando o blog a um fracasso. Choquei quando li isso. O meu choque foi perceber que assim como o autor muitas pessoas por aí transformam algo que começou há quase 13 anos como uma forma de expressar seus pensamentos em algo completamente comercial.

Não estou aqui fazendo demagogia e dizendo que é errado “ganhar dinheiro com blog”. O que quero dizer é que hoje em dia todo mundo só quer um blog para ter dinheiro e nada mais. O prazer de escrever, de se expressar, de dar uma opinião, de colocar a cara a tapa, ficaram em segundo plano.

Quando comecei nesse mundo blogueiro, há 12 anos, a maioria de nós queria se divertir, dividir um pouco do seu dia-a-dia com os amigos, que muitas vezes moravam longe, e que aquele era o espaço de libertação de pensamentos. Para algumas pessoas, como eu, uma forma de terapia. Para outros, um jeito de mostrar seu trabalho ainda desconhecido. Mas no final, todos tinham como base de importância a mesma coisa: divertir-se.

É claro que não sou nenhuma idiota e sei que o hoje é a era da tecnologia e que a internet é a principal fonte de renda de muitas pessoas no mundo inteiro. A cada dia que passa mais empresas nascem exclusivamente com serviços online. Mas estipular regras do porquê você é ou não um bom blogueiro, classificar em ranking os conteúdos e tentar impor parâmetros a algo que foi criado para entreter é difícil de aceitar em minha mente.



Ok, ok! Devo estar “ficando velha” e tenho que começar a entender que a nova geração é em velocidade cinco, “tudo prá ontem”. Mas não consigo ainda conceber em minha cabeça porque essa “obrigação” de que aqueles que possuem um blog tem que necessariamente ter muitos visitantes, ganhar pontos de visibilidade, crescer no ranking do Google e ganhar milhares de dindins no Ad-Sense. Cadê o escrever por escrever? Cadê o “simplesmente por para fora”?

Entendo que os blogs corporativos necessitam de uma estratégia para se iniciar, mas um blog pessoal? Fico lembrando do meu primeiro blog (Kero Kollinho) e tento captar uma imagem mental onde ele se encaixaria hoje nesse novo contexto de “blogs profissional”. É isso que não consigo aceitar.

Antigamente os blogs que falavam de blogs eram para ajudar a mantê-los mais bonitinhos, colocar formulários de mensagens eficientes e tal. Hoje, os chamados “metablogs” dão verdadeiras aulas de marketing, iniciação em gestão de negócios e outras inutilidades que para a “pessoa comum” não faz a menor diferença.

Pego como exemplo uma pessoa da terceira idade que quer apenas dividir histórias, dar dicas de passeios ou artesanato. Será que ela estaria interessada em discussões intermináveis de “quem não usa WordPress não é visto” ou “você precisa se organizar para postar”? Claro que não. Eles querem apenas escrever, dividir, serem ouvidos por qualquer um e não por um “bam bam bam” da empresa X ou Y que estariam interessados em “patrociná-los”.



Mas aí você poderia vir dizer: “'Mas Ana, você coloca anúncio do Ad-Sense em seu blog’ ou ‘você já ganhou/ou foi indicada a prêmios por conta dele’ e agora está aí reclamando?”. Não é bem por aí. Quando comecei a blogar fiz como terapia porque precisa colocar para fora coisas que me incomodavam e não conseguia expressar em palavras. E sim, se esses desabafos me levaram a ganhar ou ser indicada a prêmios foi por mérito da minha exposição como pessoa e não por “estratégias de venda”.

Quando escrevo um texto para um cliente é óbvio que uso estratégia e técnicas, mas quando venho aqui ou no meu outro blog, o Feminina Plural, é para colocar para fora algo que quero dividir, mas que na maioria das vezes transformar em palavras audíveis se torna impossível. Por isso, me incomoda quando leio os “metablogueiros” dizendo que eu “sou obrigada” a escrever N posts por semana, pesquisar profundamente o que vou falar, usar táticas estratégicas para subir em rankings de visibilidades. Não, eu não sou obrigada a nada disso.

Gosto de escrever nos meus blogs quando estou com vontade. Se não tenho, não escrevo e ponto final. Não me importa se eu tenho somente 100 leitores fixos ou 10 mil. Se eu não tivesse nenhum (como já foi o caso há 12 anos) eu continuaria escrevendo da mesma forma que escrevo hoje: com o coração. Não gosto de ser “obrigada” a exercer um prazer. Porque se eu fizer isso ele se tornará um dever e não foi com esse intuito que eu e milhares de outros blogueiros começamos a escrever há mais de uma década atrás.

Nada contra nenhum dos metabloggers, principalmente o citado. Até porque, acompanho o trabalho de muitos deles. Mas gosto de pensar que cada pessoa tem seu ritmo de evolução e não é somente de “números” que vivemos, seja no mundo on ou off-line. Não somos “iguais”. E essa desigualdade de pensamento é que faz cada blogueiro, a seu modo, ser especial.

Fico imaginando se a Rosana Hermann ficasse seguindo cegamente “regras bloguísticas” o Querido Leitor seria o sucesso que é. Claro que não. O que fez do QL um sucesso é a simplicidade como ela fala aquilo que sente, o “contar o dia-a-dia” e fazer daquele leitor anônimo parte da vida dela. E nessa escola de simplicidade blogueira outros seguiram o caminho e conseguiram unir a expressão ao mundo atual sem forçar barra das exigências atuais, como a Samantha Shiraishi, do A Vida Como a Vida quer, que escreve textos patrocionados e textos inspirativos com a mesma emoção, como se tivesse sentada na sala com as amigas em um gostoso bate-papo.



Por isso, o único “conselho” que dou aos blogueiros novatos é: escreva com o coração. Não importa sobre o quê, nem quantas vezes por semana e muito menos em que plataforma, só escreva com sinceridade e você será reconhecido por sua forma natural de mostrar quem você é e o que pensa. Quebre esse paradigma de que “temos que seguir regras”. A única “regra” que você deve seguir para seu blog ser um sucesso é a ortográfica e o resto fica por conta da sua imaginação.


Divirta-se blogando, porque só assim os outros se interessarão em ler você!

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