Obrigado
Carlos Drummond de Andrade
Aos que me dão
lugar no bonde
E que conheço não
sei de onde,
Aos que me dizem
terno adeus
Sem que lhes
saiba os nomes seus,
Aos que me chamam
de deputado
Quando nem mesmo
sou jurado,
Aos que, de bons,
se babam: mestre!
Inda se escrevo o
que não preste,
Aos que me julgam
primo-irmão
Do rei da fava ou
do hindustão,
Aos que me pensam
milionário
Se pego aumento
de salário
- e aos que me
negam cumprimento
Sem o mais mínimo
argumento,
Aos que não sabem
que eu existo,
Até mesmo quando
os assisto.
Aos que me
trancam sua cara
De carinho
alérgica e avara,
Aos que me tacham
de ultrabeócia
A pretensão de
vir da escócia,
Aos que vomitam
(sic) meus poemas
Nos mais simples
vendo problemas,
Aos que,
sabendo-me mais pobre,
Me negariam pano
ou cobre
- eu agradeço
humildemente
Gesto assim vário
e divergente,
Graças ao qual,
em dois minutos,
Tal como o fumo
dos charutos,
já subo aos céus,
já volvo ao chão,
Pois tudo e nada
nada são.
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Post da página do facebook 'A louca da biblioteca'
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