sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Arrumação do baú...



Pois é... cada dia é um dia. Frase mais filosófica para começar uma conversinha, né? Nnhéé...

O chato é que a internet hoje tá com preguiça. E que preguiça... caraaaca!

Esse negócio de teclado acabou de vez com a minha agilidade para escrever manualmente. Além disso, a idade traz um tremor esquisito, a letra vai se deteriorando.  Uma pena, porque todos diziam que eu tinha uma "caligrafia" bonita (só mais tarde um pouco vim a saber que isso é pleonasmo; cali, prefixo que significa bem feito, bonito, ).
O mérito dessa caligrafia vai para aquelas freiras do internato; eu era bem levadinha (embora fosse ótima aluna, viu?) e atormentava o colégio inteiro. Assim, na maioria das vezes acabava de castigo.
O castigo eram as infindáveis cópias de frases "motivadoras" ou "disciplinares" como queriam aquelas mulheres com roupas de pinguim  - hábito preto, antigão, que impunha o maior respeito (ou não? hahaha). As garotinhas eram enviadas por seus pais aos colégios de freiras para se tornarem moças respeitáveis e senhoras de classe. Ô tempos, viu? Maior sacanagem com a gente...
Eu copiava, copiava... parecia um monge beneditino! Se alguma colega participava da travessura, iam todas para o tal castigo; sempre havia uma chorona que não dava conta de fazer as cópias e eu ajudava, não por solidariedade, antes por egoísmo: quanto mais demorássemos para terminar, o castigo se estenderia. Então...

Enfim, essa conversa mole aí é resultado da arrumação dos livros, das minhas coisas inúteis mas queridas e que guardo com carinho.
Parece o meu caderno...hahaha!!
Encontrei um caderno - esse já do tempo da Faculdade - com tanta coisa bonita... registros e anotações de aulas interessantíssimas, impressões sobre as aulas, poemas, recortes,  textos sobre os autores, tudo muito organizado e com a tal letra bonita. Eu era mesmo aplicada...
O papel está um pouco amarelado pelo tempo, o que tem seu charme...

Entre as muitas frases que encontrei, essa de S. Freud (sim, ele, o psicanalista), endereçada a uma de suas discípulas, a senhorita Lou Salomé:  "Você tem um olhar como se fosse Natal."
Uma preciosidade, hein?! rsrsrs

Aliás, esse é um dos registros sobre a importância dos olhos (ou olhar) na construção de personagens, no discurso do eu-lírico. Há outros exemplos:

"Os olhos de Capitu, quando recebeu o mimo, não se descrevem; não eram oblíquos, nem de ressaca, eram direitos, claros, lúcidos..." (Machado de Assis em "Dom Casmurro")

"Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar / Ai, que bom que isso é, meu Deus / Que frio que me dá o encontro desse olhar..." (Tom Jobim, "Pela luz dos teus olhos")

"Teus olhos são duas contas pequeninas / são duas pedras preciosas / que brilham mais que o luar..." (Garoto, "Duas Contas")

Coisas assim, que há muito tempo não lemos nem vemos em lugar nenhum e que trazem mais poesia ao nosso cotidiano.

Estou gostando dessa arrumação. Vou continuar...

*            *             *

Nenhum comentário:

Postar um comentário