Importante não esquecer o contexto da época em que foi escrito, há alguns anos.
Halloween é o c...!
João Ubaldo Ribeiro in "Viva o povo brasileiro"
Agora é mais do que a hora de dizer um basta, de gerar uma contra-resposta a esse geracionismo babaca de comercialização mundana. Juremos, a partir desse momento, que não viremos mais a corroborar com esses atos falhos de nossa população e mostrar sinceramente o que somos, o que devemos ser. Se continuarmos assim, que palavras terei de usar daqui para frente para poder me mostrar e dizer o que quero? Fashion ou não. Ainda sou eu. Bumba-meu-boi.
Nas grandes proporcionalidades brasileiras, aceitar tal fato é ferir a genética básica de nossa identidade mais simplória.
O grande fato de, nós, brasileiros mais do que natos e fatos de sermos sangue latino, virmos a comemorar halloween – que p...– o dia das bruxas dos americanos, é uma falta de respeito com o que meu avô foi para a grande segunda guerra, para o sotaque da minha avó na minha educação e para o que nós todos somos para a festa dos caipiras, das formas típicas, das nossas datas e do que somos. Latinos brasileiros que dançam o candomblé, buscamos Deus ou uma entidade do bem, nunca poderíamos pensar em conceber tal comemoração em nosso outubro. Nosso outubro tem a comemoração do vestibular, o desespero das praias, o rubro gosto das decisões de futebol e nada mais do que isso. E se vier algo a mais, que fervorecemos o que somos na prática.
Não senti tão grande pesar na minha vida quando, ao chegar do trabalho pesado do dia-a-dia e me deparar com uma propaganda que mostra nada mais nada menos do que fantasias para o dia das bruxas. Que a comemoração seja feita em cursos de cultura americana, mas mesmo assim, que estes cursos não extrapolem além de seu espaço. O mundo não precisa de vocês, carnicentos da vulgarização de si próprios. Por isso mesmo eu fui totalmente a favor do que aconteceu às Torres Gêmeas.
Fiquei triste ao ver pessoas morrendo por um ato de crueldade, mas pensemos bem. A cultura daqueles foi massacrada por filmes e questionamentos. Hoje em dia, falar que alguém come carne de cachorro ou que as mulheres são tratadas do jeito que são, para nós, os portentosos ocidentais, isso é uma crueldade. Mas já parou para pensar que o grande fato da Fraternidade, o ponto desse questionamento, não foi posto em prática, que o fato de que devemos ajudar independentemente de raça, credo, cor, saúde, status não foi feito!?
Que recebemos mensagens sobre as Florestas Brasileiras serem mal cuidadas por esse povo brasileiro irresponsável, de que somos inferiores e de que não devemos nunca, em momento algum, deixar que a nossa idiossincrasia seja questionada, posta à prova por um povo que se diz, por mera ignorância, superior, posto que não temos condições financeiras e por isso somos menos favorecidos de inteligência e capacidade de pura administração até mesmo pessoal de cultura e arte?
Por que, mas por que, somos tão estúpidos em aceitar tal fato?! Não e nunca são bons advérbios de negação que combinam com a pergunta.
Respiremos.
Não consegui nenhum índice de pesquisa sobre as vendagens daquelas fantasias – babaquices seria a palavra mais correta para tal –, mas temos que ser sinceros, essa cópia boba e idiota dessa marca da cultura americana não nos levará a nada.
Somos frevo e carnaval – que esse sim, tentaram levar lá para fora, mas não levaram a nossa essência – somos pelourinho e rock maracatu. Somos nós. E em nenhum momento podemos levar em consideração o que se vê à frente da televisão.
Já sou contra de carteirinha (não somente de professor de português por diploma, mas por carioca de certidão) o fato de repórteres da Globo falarem a palavra recorde - sem acento e paroxítona - tal qual estivessem falando gravação em inglês – récorde, em questão – pois não podemos aceitar nem mesmo a fonética estrangeira se nós já temos uma palavra que supre o nosso significado e pronto.
Shopping center, até mesmo na deturpação do significado deles, deveria ser modificado. É aceitável, mas agora, insight, por que não átimo?! O que temos de tão errado nas nossas palavras? São feias! São estranhas! São cafonas ou não são fashion? O que é ser fashion? É um ato hitleriano tudo isso. Estendamos as mãos (à moda hitleriana).
Devemos seguir os bons exemplos sempre. Enquanto que babacamente estamos fundindo-nos a uma contracepção de nós mesmos, deveríamos era realmente dizer o que somos - vide site MV - Brasil. Ora, esses caras sabem muito bem do que eu tô falando . Deixar um pouco da vergonha de lado, a mesma vergonha que esquecemos nos nossos bons carnavais e parar em frente ao espelho e dizer : nos vendemos. Nos vendemos por ninharia.
Mas eu ainda acredito que temos volta. Que ainda somos uma nação que pode crescer e buscar a sua essência. Temos mesmo é que combater o mal pela raiz.
A priori, mandar email desaforado não basta. Temos é que incutir na mentalidade de nossa nação, principalmente daqueles que serão massa pensante – ou vulgarmente reprodutora de conceito – dessa nova juventude, que não viu os males da aids como doença assassina, que não viu a guerra do Golfo ou que ainda acha que boa música é o grunge americano – nada contra o grunge, mas contra o que ele fez à cabeça dessa molecada de 14 anos de agora – e que devemos, mesmo, parar e analisar o que se está acontecendo.
Que estamos vivendo uma era de pura aceitação, isso é real. Que estamos vivendo uma era de gente molenga, isso é verdade. Mas ainda temos um pouco do espírito revolucionário dentro de nós e o que falta mesmo é um pensamento mais norteador. Isso está faltando ao povo e à juventude brasileira.
Nossos pais estacionaram no tempo da violência. Nossos irmãos deitaram-se no travesseiro e dele não tiraram mais os fones do rádio do ouvido e nossa juventude está se esvaindo em mídia de resposta feita. Temos mesmo é que mostrar a esses nossos moleques e molecas, massa pensante do futuro – ou simplesmente reprodutor de idéias de mídia, já pré-fabricadas – que estarão no poder ou onde for, acima do bem e do mal, o que sinceramente somos, pois estes estão se perdendo em lutas e combates cotidianos, racionalização do homem de crommaignon, o homem das cavernas. Pura reprodução de detalhes. Somos um povo de idéias fashion. Nos falta um bom líder. Será que um dia teremos um bom líder para isso?
Yes, nós temos Banana? Certo, toda e qualquer forma de divulgação de nossa cultura, sim, devemos aceitar. Porém temos que tomar todo o cuidado para não sofrermos com as nossas próprias razões.
Um ícone pode sempre nos mostrar algum caminho. Mas há sempre que tomar um cuidado peculiar antes de tudo.
Quando se chega e se fala de Brasil, pensa-se em terra de bananas, sempre. Penso que desde aquela época, se tem a certeza de que somos uma nação de bananas mesmo. Falsificação pura de nós mesmos. Imaginem só, daqui a alguns anos, ao invés de cantar uma música de Tieta, falarmos doçura ou travessura!?
Sinceramente, ainda não acredito que Lula da Silva possa vir a ser o ideal, mas, agora, tenho fé que ele possa vir a endereçar um bom gosto por essa nação desacreditada e burocratizada na Simpsonização – ato de ver o mundo como Homer, achar que a Marge faz tudo, enquanto tem alguém nos comendo pelas beiradas – dos pensares, que ele possa realmente indicar um bom caminho para as coisas! Mas, como disse, ainda tenho somente fé. Espero ver mesmo.
O que precisamos, mesmo, em princípio, é nos conhecer. Saber quem somos na base de nossa construção, do que viemos e de que fomos feito. Precisamos de uma Darwinização da nossa ideologia, e criar um caminho para chegarmos e entender que somos bumba-meu-boi sim, que temos escritores como Antônio Torres e Afonso Romano de Sant´Anna, que já escreveram sobre "Essa Terra" e "Que País é Esse?", que temos aqui tudo que nós precisamos. Tudo que quisermos está aqui.
Leiam, e leiam bem. Temos que entender o verdadeiro gosto por essa terra brasileira, leiam "Essa Terra" e sua continuação com "O Cachorro e o Lobo", de Antônio, e depois "Meu Querido Canibal", do mesmo autor, para saberem o que é ser realmente um brasileiro.
Precisamos, então, saber do que realmente todo esse continente Brasil é feito para criar esse verdadeiro sentimento de Brasil – terra de gigantes.
Um grande povo se faz não com suas grandes proporções, mas com as suas bases, as suas preconizações. Aí sim, seremos brasileiros mesmos. E dos bons.
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