segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ANO NOVO - 2013


DICAS PARA O NOVO ANO
André Lima 
EFT - Emotional Freedom Techniques


1: Decida que a paz interior é o mais importante para sua vida. Afirme pra você mesmo: "Sentir-me em paz é o que mais importa pra mim, eu escolho a paz interior". Repita essa frase muitas e muitas vezes até que essa ideia se torne parte do seu ser, refletindo-se nos seus pensamentos e ações.
Se a paz interior é o mais importante, você irá escolher viver o agora, pois viver no futuro e ficar em paz é incompatível. Você poderá fazer o planejamento para atingir um objetivo. Poderá pensar no futuro para concretizar algo, mas assim que terminar de planejar, você voltará ao presente. Gradualmente você viverá a ordem natural das coisas: viver o agora a maior parte do tempo e fazer breves visitas ao futuro por meio dos seus pensamentos.

2: A segunda dica para ficar em paz é aceitar cada momento que surge do jeito que ele é. Indubitavelmente muitos momentos se apresentarão de uma forma que você não deseja.Observe a sua reação. Você sente a contrariedade tomar conta de você? Lembre-se novamente da afirmação: "Sentir-me em paz é o que mais importa, eu escolho a paz interior". Você pode ainda completar: "Eu escolho a aceitação". Aceite o agora como ele se apresenta.
Não confundir aceitação com conformismo ou falta de atitude. Se é possível fazer algo para mudar a situação para melhor, faça. Mas escolha se sentir em paz primeiro, e depois aja. Dessa forma, suas ações serão muito mais eficazes. Não condicione o seu bem-estar à resolução da situação. Caso não seja mesmo possível fazer nada para mudar, apenas aceite total e incondicionalmente e fique em paz. Aceitar significa não criar uma resistência interior àquilo que já é. Brigar com aquilo que já é, é insanidade, coisa do ego. A mente egóica irá tentar convencê-lo a brigar mentalmente com a situação tirando a sua tranquilidade.

3: Tenha muita paciência com você mesmo. Viver no agora e praticar a aceitação exige treino. A mente vem sendo condicionada há muitas gerações a funcionar de determinada maneira. O impulso da não-aceitação e de viver no futuro será forte no início. Mas, gradativamente, com persistência e paciência o padrão vai mudando. Vale a pena insistir.

4: Pare de reclamar de qualquer coisa que seja: governo, marido, filhos, fila do banco, engarrafamento, impostos, funcionários, de você mesmo, dos homens, das mulheres, do seu corpo...
A reclamação é a manifestação mais clara da não-aceitação. Qual é a sensação interior que surge quando começamos a reclamar? É algo agradável? Traz paz interior? Claro que não. Do ponto de vista prático, reclamar não muda em nada a situação e nos faz sentir mal.
Um esclarecimento. Parar de reclamar não significa ficar cego ou deixar de reconhecer o mau funcionamento de alguma coisa e as atitudes negativas de alguém. Continuamos vendo tudo, mas sem gerarmos a negatividade no nosso interior que apenas nos prejudica. Podemos tomar atitudes caso esteja a nosso alcance. Mas primeiro lembre-se que ficar em paz é seu maior objetivo, e depois aja.

5: Afaste-se cada vez mais do noticiário da televisão, jornais, revista e internet. Muita ansiedade, pessimismo, medo e outros sentimentos são causados ou alimentados pela pesada carga de negatividade que as pessoas absorvem. As sociedades e a sua própria mente tentarão convencê-lo de que é preciso estar informado para não ficar "alienado". Mas o que observamos é que cada vez mais as pessoas ficam alienadas por consumirem informação demais. Se tornam negativas e cheias de crenças limitantes, mas pensam que são pessoas realistas e bem informadas.

6: Busque autoconhecimento e ferramentas que podem ajudá-lo. Existem inúmeras técnicas e tratamentos: Pratique meditação ou alguma forma de arte (dançar, pintar, cantar...); invista em cursos de autoconhecimento livros e etc..

7: Observe a sua mente tentando tirar a sua paz interior. De repente, você se pega relembrando de uma situação do passado e dizendo "eu deveria ter feito isso e aquilo", "foi muito desrespeito de fulano", "quem ele pensa que é". Às vezes, surgem lembranças de situações desagradáveis do passado e as alimentamos de forma automática com comentários e pensamentos. E outras vezes surgem discussões mentais que nem aconteceram. Imaginamos o que deveríamos ter dito e também coisas que e o outro nem disse, mas que supomos que ele deve ter pensado. É muita viagem mental. As frases de paz interior o ajudarão novamente a manter o foco.

Tenha um 2013 de muita paz!


*            *            *

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

APÓS O NATAL

27/12/2012 - quinta feira (escrita à mão, na Agenda)


O ano terminando...
Natal devidamente comemorado na casa da Lívia.
O de sempre: família reunida, oração, mesa farta, presentes para todos - graças a Deus -, enfim, cumpriu-se o ritual.

Dia exaustivo hoje. Calor absurdo.
Agora há pouco, aquela chuva que me põe feito barata tonta: relâmpagos, trovoadas fortes, queda de luz, um escândalo.  ODEIO O VERÃO!

À luz de velas, tentativa de organizar um pouco meus papéis (os úteis - contas pagas, recibos, etc - e os 'inúteis').
A internet torna ainda mais anacrônica essa minha mania de guardar - 'arquivar', por favor - as notícias, os artigos, as matérias publicadas sobre acontecimentos relevantes (?) do ano.
E que ano este 2012!! Ca...cilda! Teve de tudo.
A humanidade, melhor dizendo, as pessoas, cada vez mais ensandecidas.

Particularmente, nada mudou e não acredito que mude. Está bom assim.

Minha vida agora é cumprir as tarefas que me dizem respeito e observar o resto.
Se, para mim, algo merece um comentário ou uma reflexão, prefiro escrever.

"Eu quero o silêncio das línguas cansadas."  (Belchior)

*            *            *

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

JAMELÃO - ESSES MOÇOS

UMA LINDA CANÇÃO - LUPICÍNIO RODRIGUES




Esses moços
Composição: Lupicínio Rodrigues

Esses moços, pobres moços...
Ah! Se soubessem o que sei...
Não amavam, não passavam
aquilo que eu já passei.

Por meu olhos, por meus sonhos,
por meu sangue, tudo enfim
é que eu peço a esses moços
que acreditem em mim.

Se eles julgam que a um lindo futuro
só o amor nesta vida conduz, 
saibam que deixam o céu por ser escuro
e vão ao inferno à procura de luz

Eu também tive nos meus belos dias
essa mania e muito me custou,
pois só há mágoas que eu trago no peito
e estas rugas que o amor me deixou.

*          *          *

SAIDINHA...


Uns dias chatos, com alguns probleminhas, mas tudo passou.
Precisei ir a Resende resolver algumas coisas. Assuntos resolvidos, entrei num táxi e fui até a casa de uma das filhas visitar os netinhos.
O taxista, um senhor de idade e muito falante contou estar com 63 anos esperando viver, "pelo menos uns sete anos mais... 70 está bom para ir embora".  Fiquei ouvindo, sendo solidária com alguns "é... é mesmo...".
Já disse que a última coisa de que preciso é discussão com quem quer que seja...

Passei a tarde brincando com os netos - estava com saudades mesmo - e à noite meu genro teve a gentileza de me trazer em casa.  Ah, aproveitou para consertar o modem da Sky (depois de uma dessas chuvas fortes, o aparelhinho pifou e fiquei só com os canais da TV aberta);  agradeci demais, porque teria que chamar o técnico da Sky, uma pessoa muito grosseira e mal humorada.

Em casa, fiquei pensando no que disse o taxista. É mesmo... pouco tempo.
O Niemeyer (Oscar, o arquiteto que partiu há alguns dias) disse que 'a vida é um sopro'. E olha que ele viveu 104-105 anos...

Fim de ano, fechamento das contas - as metafóricas também -, cabe uma reflexãozinha, né?

Enfim, desta vez foi bom ter saído um pouco 'da toca', ou 'caixinha', como diz a minha filha caçula.

*           *            *

domingo, 16 de dezembro de 2012

'CASA DE AREIA' - Impressões


15/12/2012

‘CASA DE AREIA’ - Impressões
Sueli Madeira

Por falta de opção – mesmo a TV paga consegue ser pior nos fins de semana – assisti ao filme ‘Casa de areia’ (de 2005) e, para me distrair, venho aqui comentar.

Apesar de muito elogiado pela crítica  e de receber alguns prêmios, na minha opinião apresenta os mesmos problemas de outros filmes nacionais: lento, denso, poucos diálogos, chato.

Vale pela atuação das duas Fernandas – Montenegro e Torres - (mãe e filha na realidade, mãe e filha, filha e mãe nesta ficção, uma loucura) que seguram com seu talento o arrastar de uma trama sem graça, inverossímil e esquisita.

Fotografia linda em locação maravilhosa (Maranhão).

Não falo da direção porque nada havia para dirigir. Talvez algumas cenas apelativas sem um contexto que as justificasse.
Desculpem, acredito até na intenção de se produzir algo poético, mas isso ficou por conta das  atrizes protagonistas que dominam o ofício.

Consegui ver até o fim e a última cena quase compensou a perda de tempo.

**
Em 1910, tendo adquirido algumas terras em região considerada promissora, casal se muda definitivamente para o lugar, buscando realizar um sonho dele.
A mulher, grávida, se sente frustrada e assustada ao perceber que, embora lindo, o local é triste, deserto e afastado de tudo. Só se veem dunas.

Na representação da passagem do tempo, o vento agita constantemente as dunas e a vida das personagens.

O marido morre e as duas mulheres ali permanecem, numa casa de madeira, frágil, sob a ameaça de serem soterradas pela areia em movimento e pela vida inóspita.

Não muito próximos, um vilarejo (na verdade, um quilombo)  e um acampamento militar.

A vida segue exigindo o surgimento do amor sob diversas formas.
A mulher não consegue ir embora dali mas providencia para que a filha tome outro rumo na vida.

Passam-se muitos anos e a filha volta em visita à mãe, esta já bem idosa.

(Aqui, Fernanda Montenegro sozinha – no duplo papel de mãe e filha, dá um ‘banho’  de interpretação. Emocionante.)

A conversa das duas é nostálgica, melancólica. A filha diz que o homem pisara na lua e a mãe pergunta, espantada, se voltaram mais jovens. A resposta é ‘não, talvez até mais velhos’. Novamente a mãe, então com olhar cético, pergunta:
- “E o que encontraram lá?”
- “Nada... só areia.”
- “Ah... areia...
Fim.

Detalhe: durante a conversa, a filha liga um aparelho toca-fitas a pilha – década de 70 – que reproduz ao piano uma peça de Chopin. (?!)
**
Quem sabe e fala muito bem da falta de sentido das coisas deste mundo é Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa: “O único sentido íntimo das coisas é as coisas não terem sentido íntimo nenhum.”

Tanto investimento para chegar à lua e não encontrar nada por lá além de pedra e areia.
Uma vida inteira de sacrifício em busca de um sonho, uma ilusão e terminar na areia, metáfora mais lugar-comum para o correr do tempo.

Bem, estão aí as minhas impressões. Opinião pessoal, repito.

O filme foi muito elogiado pelos críticos e, acredito, pela maioria dos espectadores.

Mas tem aquele ditado, não é? Gosto não se discute.
Admito a minha má vontade.

*            *            *


sábado, 15 de dezembro de 2012

MULHERES DE HOLLANDA - Sr Brasil 11/08/2011



Programa 'Sr. Brasil', com Rolando Boldrin - TV Cultura

A Banda
Chico Buarque de Holanda

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

LUCIANA SADDI - Autoestima





AUTOESTIMA

O termo significa: amor próprio. E, se já era difícil gostar de si mesmo quando a gente não precisava ser perfeito em tantas coisas ao mesmo tempo, imagine agora, em que vivemos oprimidos por exigências cada vez mais complexas e quase impossíveis de realizar. Gostar de si mesmo nos dias de hoje se tornou algo mais difícil ainda de ser alcançado.

**

Eis um diálogo entre 2 personagens com autoestimas opostas, e que termina mal para um deles . 
Ao ironizar  o mundo dos negócios e a linguagem metida e ridícula,  a autoestima se fez presente! 

Crônica do livro 'Equívoco', de Jean-Michel Lartigue.



Aguinaldo pacientava na fila da Caixa Econômica Federal. Tinha sido dispensado do seu trabalho no mês anterior, depois de quinze anos de bons e leais serviços, como fizera questão de frisar o diretor de recursos humanos ao anunciar-lhe a notícia.
O diretor, coitado, estava desolado e Aguinaldo não pudera deixar de sentir pena dele enquanto escutava as suas explicações sem saída, permeadas de termos americanamente corretos.
O ‘bizeness’  o business!  parecia não estar indo tão mal, mas uma firma de consulting internacional concluíra de que era imprescindível operar um ‘daônzaizingue’ urgente sem o qual, os números não mentiam, a própria sobrevivência da empresa estaria comprometida.
Downsizing, Aguinaldo o sabia, era para administração das empresas o que os atos tribais dos temidos Jivaros eram para a antropologia, a ilustração derradeira da redução de tamanho, no caso pelo exercício burocrático do corte de cabeças.
Aguinaldo fazia parte dos reduzidos e se sentira muito pequeno, mesmo, quando limpara suas gavetas e pegara pela última vez o elevador panorâmico do edifício-sede, um prédio novo, pago a vista com recursos próprios da empresa.
Na fila para receber o seu FGTS, Aguinaldo se perguntava melancolicamente porque haviam adquirido um ‘bíldingue’ ¾ como dizia o diretor dos Jivaros ¾ de vinte andares de vidro e mármore, se era para dispensar um terço do pessoal e ficar com oito andares vazios um ano mais tarde apenas.
Estava no meio dessa reflexão quando avistou um amigo com quem não cruzava havia anos, o metidinho Roberto.

- Betão!! Quanto tempo! Como você está? Por onde você andou?

- Oi Naldo, tudo bem? Faz a long time, mesmo, my friend!

- ‘Longui taimi’? Ah, sim, claro, muito tempo. E aí cara, meu velho Betão, por onde você andou?

- Naldo, ninguém me chama mais de Betão, sabia? Agora todo mundo me chama de Bob.

- Bôbi? Virou ianque no nome, hein? Beleza, cara! Mas aí, ninguém tira sarro? Sabe? Bob, bobinho, bobão, essas coisas?

- Oh, my God, no! Claro que não! Eu arrebento quem se atrever!

- Ótimo! Mas e aí? Onde você estava todo esse tempo?

- Nos States, my friend!

- Não me diga? Fazendo o quê?

- Money, claro! Muito money, aliás.

- Me conta!

- Bom, primeiro fui fazer minha pós em Èlé.

- Você fez pose, onde?

- Oh, my God! No, eu fiz é: pós, pós-graduação, em Èlé, L.A, Los Angeles!

- Ah? Sim, L.A., claro.

- Um ‘èmibiè’, sabe? MBA, pós-graduação em administração.

- Sei, sei, já ouvi falar.

- Bom, depois fiquei na Califórnia, entrei num grupo de ‘praiveti bânkingue’, adquiri uma baita experiência, boom da web, success-story, foi um show, sabe? Me tornei um ‘sirioul-wíner’, um vencedor em série.

- Puxa, que beleza! Fico feliz de ver que tudo deu tão certo para você.

- Olha, nem sempre foi fácil, viu? Sabe como é o business, não é? Cheio de up-and-down.

 ?

- Sabe? Apendáon?

- Hum, desculpe, não, não ‘capitei’.

- Altos e baixos. Pois vou te dizer, é preciso muita garra para aguentar os trancos. Certa vez fiquei em baixa no conceito do chairman, mas graças a Deus consegui fazer um come-back daqueles!

- ‘Comibaque’?

- Volta por cima! Por cima dos outros, é claro! Entrei no board e por pouco não me nomearam CEO.

- ‘Cihihô’? Ah! Deixa pra lá, eu desisto!

- Bom, mas, e você, Naldo? Tudo allright?

- Xi! Infelizmente, não. A minha vida inteira foi pras cucuias! Paguei mico! Bobeei e dancei! Entrei pelo ralo! Também, eu devia ter aberto o bico mais cedo, chutado o balde, o pau da barraca, posto a boca no trombone, espalhado merda no ventilador, teriam visto o que é bom para cachorro!
Em vez disso fiquei na dúvida, e aí sabe como é, né? Nem caguei nem saí da moita, fiquei coçando a cuca, quando acordei era tarde. Dei nó em pingo d’água, resultado, entrei na dança das cadeiras e minha cabeça rolou. Agora tô na pindaíba, com pires na mão da Caixa, mais perdido que cachorro em dia de mudança. Entende?

- Euh… quero dizer, mais ou menos.

- Deixa pra lá…

- Sorry…

- Claro, sorri. Mas do quê? (suspiro). Peraí, só agora é que estou me tocando; o que você, Bob, está fazendo aqui na fila do FGTS????

- Oh, my God, nothing, nada! Uma peripécia de percurso, apenas. Coisa boba. Ocorreu que eu tinha sido encarregado de uma big consultoria numa firma daqui e, digamos, acabei exagerando nas recomendações finais.

- Como assim?

-  Bem, a firma era pra lá de sólida e saudável  acabavam de comprar cash um building novinho de vinte andares  mas errei um tiquinho na análise das contas da empresa e recomendei um downsizing radical, com corte de 33% do pessoal.
Na realidade, poderiam ter contratado e não demitido. Ficou um pouco chato, claro, mas conseguimos abafar as coisas. Para não criar ondas, negociei minha saída da empresa de consulting que me empregava. Para mim, acaba sendo legal, pois eu recupero meu fundo de garantia e vou abrir um business pessoal. Great, no?

Aguinaldo teve de pacientar na fila do pronto-socorro. O raio-x mais tarde revelou a ausência de fratura. O soco havia sido forte, mas seu punho era sólido e os ossos superiores da mão direita resistiram ao impacto. Aguinaldo foi liberado e voltou para casa.
Bob continua internado até hoje, recuperando-se lentamente da tripla fratura do maxilar inferior. Dizem que repete convulsivamente as mesmas palavras, o rosto marcado por dor e pavor: “Oh, my God, no! Oh, my God, no!”.

*            *            *

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ALGUNS CONTRATEMPOS... NADA DEMAIS



11 de dezembro de 2012

Problemas com o computador... parece que agora é a máquina...
Liguei para o técnico e ele disse que virá à tarde. Vamos aguardar...
O netbook também não conecta... então, o jeito é registar no Word até que os reparos sejam feitos. Ainda bem que não tenho mais compromissos de trabalho...

A diarista caiu fora... telefonou dizendo que não pode continuar. Tudo bem, eu não estava gostando mesmo do trabalho dela... já vai tarde!  Vam'bora trabalhar!

Limpeza da casa e da área externa, passar a roupa lavada, fazer o almoço... (leh,leh... leh,leh...lembra da Escrava Isaura? A que sabia francês?  Então... hahaha!)

Mais tarde, aula de "socorro" para o neto Marcos e um amigo dele. Todo fim de ano  letivo é isso: eles dizem para os pais que só precisam de Um (1) ... Um milagre...para passar de ano... É mole?

Enquanto as panelas estão no fogo - tomara que não queime nada - venho jogar conversa fora e registrar os acontecimentos desta vida 'agitada'.

Ontem precisei sair para ir a Resende. Banco - tô sem dinheiro 'vivo' e o 'morto' também não é lá essas coisas -, Farmácia - gente velha tá sempre na farmácia, tentando se manter em pé por mais algum tempinho (ô vida...).

Enquanto aguardava atendimento no Banco, um senhor mais velho iniciou uma 'conversa de espera'... Pareceu-me alguém confiável e os assuntos fluíam com leveza e boa educação.
Em certo momento, ele falou o próprio nome. Juntando trechos da conversa e olhando mais atentamente, percebi que nos conhecíamos de longa data. A esposa dele - cujo nome perguntei - é parente da minha sogra (!) .  Nós nos conhecemos - rapidamente - logo em seguida ao meu casamento e não nos vemos há, pelo menos, uns 35 anos... vejam que coisa: Resende nem é uma grande cidade, uma metrópole, mas as pessoas se afastam como se fosse...
Nos reapresentamos e nos despedimos com recomendações mútuas aos familiares.
E foi isso...

*            *            *

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

BLOG DO NOBLAT - Jornal O GLOBO




"Curvas e Retas"
Por Elton Simões 

Parece que foi Galileu o primeiro a sugerir que a natureza não gosta de linhas retas. Não sou capaz de avalizar a verdade histórica ou mesmo científica deste pensamento. Sou apenas capaz de reconhecer sua beleza.

Linhas retas são diretas, frias, eficientes. Espelham a necessidade ou desejo de alcançar um objetivo consumindo a menor quantidade de tempo, espaço e recursos. São instrumentos úteis na ciência e na tecnologia. Mas falta poesia em suas esquinas.

A vida não cabe na linha reta. Não é percurso linear. Se coubesse, seria caminho previsível, seguro. Seria apenas uma corrida onde só a velocidade importa. Não haveria aventuras, surpresas, aprendizados, decepções, e descobertas.

A natureza, como a vida, parece se mover com regras próprias, em padrões complexos, imprevisíveis de serem antecipados, onde o espaço para ângulos retos e caminhos retilíneos parece reduzido.

A vida está nas curvas. Curvas tornam impossível ver e prever o futuro com precisão. Adiciona o acaso a existência. Amplia a possibilidade para além do que a razão pode antecipar. Permitem o encontro e reencontro com aqueles cujos nomes ficam eternamente escritos na alma e na memoria. É no vai-e-vem dos caminhos que mora a poesia, o imprevisto, a descoberta e a arte.

Curvas são belas, sensuais e intrigantes. Emprestam o mistério que instiga a curiosidade. São ingredientes da arte. O artista dela extrai beleza e captura leveza. Transforma estruturas em poesia. Faz concreto o belo. Faz o belo, concreto.

Felicidade é contar com um poeta da curva. Poder admirar e dividir o belo. Poder testemunhar todos os dias à materialização da poesia em cada curva, em cada estrutura. Para sempre.


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ANIVERSÁRIO (S) de CLARICE


Clarice Lispector, criança
nascida Haia Pinkhasovna Lispector
Tchetchelnik, Ucrânia, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977

domingo, 9 de dezembro de 2012

COMEMORAÇÕES



Na minha família, sempre comemoramos o advento do Natal. Crescemos e nos educamos em ambiente cristão, estudamos em colégios católicos também e por isso adotamos sem muitos questionamentos os rituais, as celebrações, os símbolos.

Pois bem, com o passar dos anos - acredito que seja assim com muitas pessoas - nosso modo de observar a vida vai se modificando, nem sempre para melhor, segundo alguns.

Este ano, por exemplo, não me sinto movida para as tais comemorações.
Talvez seja overdose de autoanálise ou seja lá por que motivo for, o fato é que tenho me incomodado com o que vejo à minha volta.

Pode ser chavão, lugar comum, clichê, e os mais nomes que queiram dar a esta falta do 'espírito Natalino' mas a verdade é que estou enjoada dessa época e, mais ainda, do cinismo de determinadas piadinhas ou brincadeiras disfarçadas de consciência social.
As mesmas pessoas que se empenham em demonstrar seu repúdio às injustiças e às desigualdades do mundo são as que se esquecem do propósito religioso (portanto, de religação, de olhar o outro como realmente o seu semelhante) ao menos nessa data.

Inútil ficar rebatendo a mesma tecla, tentando alcançar o dispositivo da sensibilidade alheia. Tem quem tem.

Melhor deixar como está, porque, no fim das contas, talvez seja eu que não esteja para brincadeiras...

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

DRUMMOND



Obrigado
Carlos Drummond de Andrade

Aos que me dão lugar no bonde
E que conheço não sei de onde,

Aos que me dizem terno adeus
Sem que lhes saiba os nomes seus,

Aos que me chamam de deputado
Quando nem mesmo sou jurado,

Aos que, de bons, se babam: mestre!
Inda se escrevo o que não preste,

Aos que me julgam primo-irmão
Do rei da fava ou do hindustão,

Aos que me pensam milionário
Se pego aumento de salário

- e aos que me negam cumprimento
Sem o mais mínimo argumento,

Aos que não sabem que eu existo,
Até mesmo quando os assisto.

Aos que me trancam sua cara
De carinho alérgica e avara,

Aos que me tacham de ultrabeócia
A pretensão de vir da escócia,

Aos que vomitam (sic) meus poemas
Nos mais simples vendo problemas,

Aos que, sabendo-me mais pobre,
Me negariam pano ou cobre

- eu agradeço humildemente
Gesto assim vário e divergente,

Graças ao qual, em dois minutos,
Tal como o fumo dos charutos,

já subo aos céus, já volvo ao chão,
Pois tudo e nada nada são.

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Post da página do facebook 'A louca da biblioteca' 

ESTÃO EM FALTA...



Hoje estive pensando - só por alguns minutos - em como algumas pessoas estão grosseiras, sem o mínimo de civilidade.

Se eu já não era muito de frequentar grupos disso ou daquilo, agora mesmo é que prefiro me isolar. Não tenho mais idade nem paciência nem necessidade de suportar estupidez.

Dirão alguns: 'Mas você já teve 'necessidade' disso?'  Desculpem, frase mal construída, sei lá, não encontrei outro modo de dizer que, às vezes, engolimos os sapos por necessidade, sim, de sobrevivência até.

Quando somos mais jovens, por interesses vários - mesmo o de não se sentir fora do grupo - , ou se temos pessoas que dependem de nós, ou quando temos mais paciência e nosso alvo é determinado, decidimos ignorar  certas coisas.

Quando amadurecemos - em idade e experiência de vida - deixam de existir os componentes citados. Verdade.
O mais interessante é que essa experiência de vida é que costuma nos fazer entender o que há por trás de uma frase aparentemente sem intenção de constranger ou diminuir o outro.

Tenho presenciado cenas e diálogos ridículos de gente da minha geração tentando parecer 'moderna' e se expondo da maneira mais deprimente.

Enfim, só o fato de ter consciência disso, obriga os que mantêm valores considerados 'caretas' a entender e até justificar (?) essa velharada mal educada.

Pois é... escrevi, escrevi e não disse o que me trouxe a isto.  Nem vou dizer.  É só observar o mundo; é só notar o que está acontecendo por aí...

Que se juntem, que se esfolem os que me considerarem 'sensível demais'; eu é que não vou bater palmas para maluco nenhum dançar. Tô fora!



*               *               *

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

TEXTO PUBLICITÁRIO


Folheando revistas para selecionar o que deveria ser conservado e o que iria para reciclagem, encontro em algumas páginas uma campanha publicitária muito interessante. Devo dizer que gosto muito de textos publicitários - manias, manias... - e esses me chamaram a atenção.
Fui então buscar mais informações sobre a autoria da campanha, nome dos autores (texto e arte gráfica) porque penso que certas coisas merecem destaque aqui no meu bloguinho. Aí está:


"(...)A Editora Três lança agora a sua primeira campanha institucional em um momento histórico para a companhia — quando ela completa 40 anos de história. Criada pela GNova, agência de publicidade do Grupo TV1, o trabalho estreou na mídia neste final de semana e teve em seu briefing conceitos como princípios jornalísticos e independência editorial.

A estratégia de comunicação partiu da história que a empresa construiu ao longo dessas quatro décadas — a forma de praticar jornalismo, a diversidade dos títulos disponíveis aos leitores, a busca por inovações. O mote da campanha é “Ler. Entender. Opinar”, e contempla anúncios em jornais de grande circulação, veículos dirigidos, rádio e em todas as plataformas — impressa e mobile — das 11 revistas do grupo editorial que forma a Três.

Nos três anúncios impressos criados pela GNova, são ressaltados um olho, uma orelha e uma boca, que abordam a necessidade de enxergar corretamente as informações, ouvir com discernimento e falar com embasamento e reflexão.
O primeiro traz consigo o título “Visão não é só a capacidade de enxergar. É entender o que está vendo”.
Já a orelha vem acompanhada da frase “Saber ouvir é uma arte. Que nem todo mundo domina”.
E o anúncio que destaca a figura da boca diz que “Bom de papo não é quem fala muito. É quem tem o que falar”.
Todos vêm seguidos de um texto um pouco mais longo, a partir da frase principal de cada anúncio.

(...) A criação é de Alexis Leiria (redação), Ademir Costa e Bruno Salgueiro (direção de arte), com direção de arte online de Takae Takahashi, planejamento de Fabio Tramontano, atendimento de Vera Sousa e Claudia Razzé, fotografia de Pedro Dias e produção gráfica de Silvio Olivieri. A direção executiva é de Flávio Nara."

1.
Visão não é só a capacidade de enxergar. É entender o que está vendo
E, para isso, não bastam olhos saudáveis ou óculos de grau.
É preciso informação. Mas não qualquer informação.
Não aquela mastigada de forma tendenciosa.
Ela necessita ser independente, precisa, imparcial.
Apurada, antes de noticiada e, por isso, carregada de credibilidade.
HÁ 40 ANOS, NÓS, DA EDITORA TRÊS,
REZAMOS ESSA CARTILHA
Noticiando com pressa, mas sem precipitação.
Falando de assuntos sem tabus.
Sendo isentos para investigar e expor os fatos.
Sem deixar, também, de manifestar nossa opinião.
E seguindo sempre o princípio da pluralidade.
Pluralidade de assuntos, de informações, de opiniões.
Que dá a você, leitor, não apenas a capacidade
de enxergar o nosso ponto de vista.
Mas de desvendar o seu.
**
2.
Saber ouvir é uma arte. Que nem todo mundo domina.
Mas se engana quem pensa que a culpa é do ouvido.
É da mente.
Uma mente bem treinada entende o que os ouvidos escutam.
Desenvolve a capacidade de discernir.
Absorve a informação para depois interpretá-la.
E isto é o mais importante: o tipo de informação.
Se for imparcial, isenta e correta, é combustível.
Se for tendenciosa, é veneno.
Uma mente bem treinada é uma mente aberta.
Capaz de ouvir outras opiniões.
E é assim, ouvindo, que se constrói um espírito crítico.
É assim, ouvindo, que se faz uma democracia.
HÁ 40 ANOS, NÓS DA EDITORA TRÊS,
FALAMOS PARA QUEM SABE OUVIR.
Oferecendo, sempre, um conteúdo plural.
Que, em vez de definir um caminho, abre muitos.
E deixa os próprios leitores escolherem o seu.
**
3.
Bom de papo não é quem fala muito. É quem tem o que falar.
E sempre que se encontra alguém assim, o tempo voa.
E as horas se perdem em meio aos mais interessantes assuntos.
Acima de tudo, o bom de papo tem opinião.
A sua, própria, formada a partir da informação e da reflexão.
Porque, antes de ser um bom conversador,
o bom de papo é um ótimo leitor. Que sabe o que quer ler.
Que sabe onde encontrar a informação e opinião.
Porque o bom de papo sabe que o papel de uma publicação
não é fazer sua cabeça. É abri-la
É PARA OS BONS DE PAPO QUE NÓS,
DA EDITORA TRÊS, ESCREVEMOS HÁ 40 ANOS.
Para eles e, principalmente, para que sejam mais deles.
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domingo, 2 de dezembro de 2012

PASSEIO E FIGURINO...

Restaurante Vernissage
Foto tirada pela minha filha Liliane, da janela próxima à nossa mesa

Convite para sair e passear um pouco. Minhas filhas são assim generosas e amigas.

Depois de alguma confusão - kkk! (tentarei me lembrar para contar como foi. A família é meio doida) - finalmente decidiram que almoçaríamos no Vernissage, restaurante situado em meio à Mata Atlântica, construção simples, preocupação em preservar a floresta da qual tiraram o maior proveito mantendo um  jardim lindíssimo com muitas espécies de plantas, algumas já extintas em outras regiões.

Os riachos descem da Serra trazendo mais beleza à paisagem - o som da água é extremamente repousante;  em ambiente assim, a fauna também é riquíssima: vários pássaros - na foto aparece um dos muitos beija-flores. Enfim, um lugar paradisíaco.

Almoçamos bem, conversamos, rimos como sempre (ô família pra rir de tudo!...) e continuamos nosso passeio. Tudo muito, muito bom. Ai, como agradeço o tempo todo por isso...

A confusão foi, mais ou menos, o seguinte:
Inicialmente, o convite era para  um almoço comemorativo, festa da irmã do meu genro, em outra cidade. Decidi por uma roupinha casual, sapatinho social, essas coisas.

Logo em seguida a esse convite, minha filha liga de novo dizendo que havia se confundido e a festa seria à noite, portanto, não iriam por motivo de trabalho - plantão do genro, médico.
Convidei-os, então, para almoçar  aqui em casa, mas resolveram ir para um restaurante aqui perto.
Tudo bem, para mim, sem problema.

Quando vieram me buscar, a decisão havia mudado para subir a Serra e me disseram ser melhor usar calça comprida, tênis, de novo essas coisas...
Tudo bem e lá vou eu trocar a roupa...

Já estava calçando o tênis quando me avisaram que o primeiro neto preferia ir a um lugar mais próximo, portanto, eu deveria mesmo manter a roupinha anterior...
Tudo bem, o que importa a roupa? Lá vou eu trocar... (sou muito obediente).
Detalhe: um calor, daqueles!!

Finalmente, vestida 'de acordo', quando pego a bolsa para sairmos, um dos botões que segurava uma parte importante da indumentária... isso, despregou-se.  Pregar o botão iria levar alguns minutinhos... então, vamos mudar de roupa novamente... (eu me sentindo aquelas modelos em desfile apressado, que ilusão! kkk!)

O vestido seguinte - graças a elas, as filhas, tenho bastante - foi considerado muito sério, muito simples, 'ficaria melhor com aquele colarzinho...'

Quer saber? Peguei minha bolsa e acelerei a turma...
- "Vam'bora", gente!  Que colarzinho o quê!...

Caramba! Depois dos sessenta a gente se torna invisível.
Quem repararia no meu figurino?! E se reparassem, qual o problema?
Imaginem se isso é o meu foco... tsc,tsc,tsc...

Pois bem, fiquei muito confortável, passeamos muito, foi uma delícia...

Mas todas elas - as filhas - são assim. Gostam de ver a mãe arrumada, bonita. Não é uma bênção?

*            *            *


Família 'INCRÍVEL'



Festa de aniversário, oba!! Bom demais celebrar a vida...

Aniversário de criança é muito divertido!  Minha neta completou 8 anos no dia 03 de novembro e o irmãozinho fez 1 ano no dia 21 do mesmo mês.  Festa única e 'a caráter' : a família Incrível.  Ficou linda!

Muito bom encontrar amigos e familiares que, por várias circunstâncias, não vemos com frequência. Melhor ainda quando esse encontro acontece em momentos de alegria, de comemoração.

Bom também saber que nossos filhos e netos são muito queridos e merecem esse agrado.

O pequenininho foi simpático o tempo todo, não chorou, não dormiu (comum em 1º aniversário) e a carinha desconfiada na foto é porque todo mundo estava pulando com a música.... e ele 'seguro' no colo do papai, hahahahaha!!!!!!!

A de 8 anos se esbaldou! Conversou com todos, aceitou participar de todas as brincadeiras do animador, enfim, uma celebração mesmo! Ela adorou estar vestida igual à mamãe. Muito lindas!

Que Deus continue nos abençoando.

*            *            *

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

J.G.de ARAÚJO JORGE não foi esquecido...


O verbo Amar
J. G. de Araujo Jorge

Te amei: era de longe que te olhava
e de longe me olhavas vagamente. 
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente
sente que a alma da gente faz escrava.

Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.

Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida vivendo e eu vou te amando

Te amar: é mais que um verbo, é a minha lei.
E é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei.

*            *            *

Esse post - texto e ilustração - é da página 'Lua de Proverbia ', no Facebook. Trouxe para cá, e não para o Ouriço, porque tem a ver com história pessoal.  Verdade.

Lá pelos idos da adolescência formamos um grupinho mais ou menos seleto daqueles que liam muito, conversávamos sobre o que líamos e falávamos de nossas preferências pelos escritores.

Pois bem, o autor do poema acima, com esse nome aliterado (j.g., além de Araújo e Jorge!) não era dos mais apreciados, talvez por ser simples, direto e apaixonado.  Estávamos naquela fase de esnobismo intelectual, hahaha!

Gostávamos das aulas de Português mais pelos textos literários que nos levavam ao mundo 'dos adultos'; Machado de Assis imperava com suas histórias de traição, descrença, cinismo e amores mal resolvidos; Álvares de Azevedo com seus poemas de amor desesperado e irrealizado, e por aí....

Nosso grupinho era um pouco fechado: rapazes e moças que haviam brincado e crescido juntos.
E agora? "E agora, José?"  Estávamos na fase dos namoricos, das paquerinhas e todos nos sentíamos um pouco  traidores quando nos interessávamos por alguém  de fora  do grupo.
É claro que isso não impediu ninguém de namorar os 'de fora'. Aliás, só se formou um único casal dentro do grupo. E não foi para sempre.

Aconteceu de uma das meninas receber um bilhetinho com esse poema - exatamente esse - e o mais interessante: de alguém do grupo, que dizia não gostar do sentimentalismo do poeta.
Não, não fui eu a contemplada... ficamos todos sabendo porque o tal bilhete passou de mão em mão... Ô juventude cruel!... O rapaz se declarando tão timidamente e a garota malvada rindo e mostrando a declaração pro resto do mundo...

O que houve depois?  Nada... nem briga dentro do grupo. Na-da! Ficou o dito pelo não dito. Virou só uma brincadeira de mau gosto. E nunca mais se tocou no assunto.

Ao encontrar o poema no facebook lembrei-me do episódio, só isso... (hehehe...)



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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

DE NOVO... - Graciliano Ramos na berlinda


G.Ramos - por Hugo Braz

Garranchos raciais de Graciliano Ramos  (trechos)
Ivan Cláudio – Revista Isto É, 2241, 24/10/2012


Pensamentos e visões de mundo têm como limite o horizonte cultural de sua época. Por isso, não são eternos, mudam.

O perigo, ao se fazer uma leitura contemporânea das ideias tornadas públicas por um autor no passado, é esquecer que o contexto em que ele opinou sobre determinado assunto era outro.

Após a polêmica em torno do possível racismo de Monteiro Lobato, um risco semelhante paira agora sobre outro escritor, entre os menos visados: o alagoano Graciliano Ramos, cuja obra sempre se pautou pela denúncia e pelo combate das mazelas sociais.

(...)

Ao assumir a defesa dos negros, Graciliano desanca o mulato, pintado como traidor das origens. Condena o seu “embranquecimento” e estende a pena ferina também aos índios:

“Quando não se julgavam suficientemente clareados, os mulatos sempre se disseram caboclos, descendentes de uma raça de civilização inferior à de seus pais, mas que não tinha suportado a escravidão. Numa época em que a mania nacionalista fazia toda a gente se orgulhar de ter sangue índio, isso os aproximava dos brancos.”

A leitura atenta desse ensaio, contudo, alinha elementos de sobra contra a acusação apressada de racismo por parte do autor de “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”.

Esse é o limite de nossa época politicamente correta: grandes polemistas como Graciliano ou férteis ficcionistas como Lobato são hoje lidos com a lupa paranoica do policiamento.

*            *            *

Postagem "Monteiro Lobato sempre", neste blog

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Pensando sobre "O mágico de OZ"



"O mágico de Oz"

Do escritor norte-americano L. Frank Baum um livro meio esquecido, e eu aqui a vasculhar as memórias do que já li há tanto tempo...

Esse livro deu origem a um lindo filme de 1939, com Judy Garland (mãe de Liza Minelli) no papel principal.
A música desse filme é muito conhecida e muito bonita também: “Over the Rainbow” (gravada, na época, pela própria Judy Garland)



É a história de Dorothy uma garotinha órfã que vive com seus tios no estado do Kansas (EUA). Sua casa é atingida por um furacão e tudo se vai: a casa, o cachorrinho Totó e a menina, que fica sem os seus sapatinhos.
Quando cessa o furacão, Dorothy e seu cãozinho se vêem num mundo de criaturas fantásticas, em lugares lindos e inconcebíveis.
Aparecem, então, personagens incríveis e simpáticos que logo se tornam amigos de Dorothy: um Espantalho, um Homem de Lata e um Leão covarde.  Cada um fala de seus sonhos, de seus desejos. Ficam sabendo de um mágico que poderá ajudá-los e resolvem empreender uma longa viagem para encontrá-lo.
Dorothy deseja voltar para casa e não sabe o que fazer; o Espantalho deseja ter um cérebro; o Homem de Lata quer ter um coração e o Leão quer se tornar corajoso.
A história se desenvolve com muita aventura, muita coisa estranha acontecendo e prendendo a atenção do leitor. É muito interessante.

A intenção é nos fazer valorizar o que recebemos da vida e saber que quando olhamos para dentro de nós mesmos percebemos que podemos pensar, sentir  e sonhar.

Eu, volto a lembrar Guimarães Rosa: “... o que a vida quer da gente é coragem.”

Basta-me saber o motivo de ter escrito isso aí. Coragem, sempre tive. O que me falta - confesso - para 'me dar bem' no mundo de hoje é cara-de-pau.

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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES..." (Camões)




Num encontro casual, dia desses, uma sobrinha  me trouxe notícias de um amigo. Moramos em cidades muito próximas, mas não nos vemos - esse amigo e eu - há muito tempo. Fiquei contente em saber que ele está bem e se lembra de mim com carinho.

Tenho uma trajetória esquisita : encontros e afastamentos sem despedidas. Deixo-me levar pelas circunstâncias, não questiono o motivo de várias, várias vezes, a roda girar e eu me encontrar em lugares e situações sempre novas, tendo que me adaptar a essas mudanças. E me adapto bem.

É um exercício e tanto e me prendo às palavras de Cecília Meireles numa possível explicação: "A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade." 

Verdade, só não sou capaz de definir com essa agudeza de espírito, com esse toque refinado da poesia. Talvez por isso eu goste tanto dos poetas e escritores; talvez por isso eu passe tanto tempo em companhia deles.
Ali encontro "não a explicação (duvidosa) da vida, / mas a poesia (inexplicável) da vida...." (Drummond).



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terça-feira, 20 de novembro de 2012

'CONSCIÊNCIA'...SÓ




Quer saber? Nem entrei no Facebook ainda, porque sei que estará 'recheado' de post sobre o assunto.

Sinceramente, não vejo a menor diferença - qualquer diferença - entre os humanos. Formamos uma sociedade esquisitíssima em relação às do mundo animal - aquele considerado irracional.

Somos, isso sim, arrogantes, insensatos quando pensamos nos diferenciar - entre nós mesmos, olha que loucura - por uma questão científica: a pigmentação, a melanina, sei lá como se chama essa coisa que colore a nossa pele e descolore a nossa percepção;  por essa coisa - acho que também pertence ao ramo da ciência - que define nosso gênero (GÊNERO, viu?) ;  por essa coisa que nós mesmos inventamos - qual o nome mesmo? educação? instrução? - e que traz em seu bojo aquela outra coisa inominável correspondente a endeusamento ou desprezo por uns ou por outros.

Se pretendemos 'evoluir' - ai, que termo chavão! - talvez devêssemos aprimorar nossa "Consciência", só.
Atenção para a palavra "Consciência" - a ciência compartilhada (compartilhar não é só no 'face' , não); a Consciência de que viemos todos de um mesmo lugar e - a única certeza dos humanos, haha! - iremos todos também para o mesmo lugar.

No intervalo que nos foi concedido, poderíamos tentar algo melhor, não? Viver EM PAZ, por exemplo.


domingo, 18 de novembro de 2012

VOCABULÁRIO NA FAMÍLIA


Manuela

Ontem, sábado, minha filha caçula e sua família vieram para um lanchinho com a vovó. Adoro receber minha família. Brincamos, rimos, dançamos e conversamos.

Gosto de comentar esses momentos, porque eles passam, são aparentemente comuns na vida de qualquer avó, mas ao mesmo tempo sempre são únicos para cada uma de nós.

Os genros sempre me apresentam a novidades tecnológicas e embora eu não entenda ou demore para aprender a lidar com elas, fico feliz em ter tempo de conhecer essas geringoncinhas.
Foi a vez de um aparelhinho - HD qualquer coisa - que possibilita ver fotos do arquivo do computador na tela da TV.

Pois bem, estávamos curtindo as fotos mais recentes com os netos Manuela (8 anos) e Francisco (1 ano agora, no próximo dia 21), quando a Manuela, como toda garota esperta (e será uma mulher esperta, aposto!) começa a se "depreciar" nas fotos, em busca de mais elogios:
- Olha, vovó, como estou feia...

(Eu, incentivando seu charme e aguçando seu senso de ironia - não sou mesmo avó convencional, hahaha!!!), retruquei: - Huumm... é mesmo, está horrível, né, minha linda?

E ela, implacável:
- Eu sou PATÉTICA!

Rimos muito, os pais surpresos com a nova aquisição vocabular.

Mantenho registrado esse tipo de gracinhas dos meus netos desde o primeiro (Henrique, hoje com 22 anos); algum dia, trarei para o blog uns escritos antigos.


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sábado, 17 de novembro de 2012

"CUMA?! "


Recebido por e-mail, pode?  O senso de humor dessas minhas 'colegas'... (hahaha!!!)




Avisos paroquiais

AVISO AOS PAROQUIANOS
Para todos os que têm filhos e não sabem, temos na paróquia uma área especial para crianças.


O torneio de basquete das paróquias vai continuar com o jogo da próxima quarta-feira. Venham nos aplaudir, vamos tentar derrotar o Cristo Rei!

Quinta-feira que vem, às cinco da tarde, haverá uma reunião do grupo de mães. Todas as senhoras que desejem formar parte das mães, devem dirigir-se ao escritório do pároco.

Na sexta-feira às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra Hamlet, de Shakespeare, no salão da igreja. Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia.



Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa. Tragam seus maridos!


Assunto da catequese de hoje: Jesus caminha sobre as águas.
Assunto da catequese de amanhã: Em busca de Jesus.


O coro dos maiores de sessenta anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia.

O mês de novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia
.

O preço do curso sobre Oração e Jejum não inclui as refeições.

Por favor, coloquem suas esmolas no envelope, junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados
.

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LEITURA - autora contemporânea Fal Azevedo




Iniciei a leitura de um dos livros da Fal Azevedo. Nossa amiga Claudia me enviou - conforme o prometido (viva! promessa cumpridíssima) - os quatro livros: 'Crônicas de quase amor', 'O nome da cousa' (crônicas e textos avulsos), 'Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite' (romance), 'Sonhei que a neve fervia' (romance).

Decidi começar pelo primeiro romance que traz uma técnica interessante de duas narrativas se entrecruzando num mesmo enredo, graficamente apresentadas com letras menores e maiores codificando tempo passado e tempo presente. Não se trata, entretanto, de 'flashes-back'; funcionam mesmo como duas histórias; são compartimentos estanques, independendo uma da outra ou em certos momentos se completando.
É preciso uma certa habilidade de leitura (prática, mesmo), infelizmente não muito comum nestes tempos de absorção de informações  sempre rápidas e objetivas.

Devo dizer que esse meu comentário nada tem a ver com resenha ou resumo ou sinopse de nada. Não me atreveria a tanto. Por isso, nada de revelar a trama, nada de falar de personagens, nada disso.

Aqui no blog escrevo para mim, mania esquisita cultivada desde menina, quando nem se sonhava internet.
São os meus velhos cadernos, anotações, observações, considerações que fazia enquanto era construída minha individualidade. Apenas de um jeito mais fácil, graças à tecnologia que, como digo sempre, em alguns momentos me ajuda e em outros me confunde.
É só a minha visão de mundo.

Estou terminando de ler - falta só um pouquinho, mas gostaria de destacar alguns trechos:

..."Tudo nos assusta e imobiliza, o insondável nos habita, o inominável nos cerca, o inexorável nos governa, então que tal inventarmos uma teoria que dê a ilusão de manter o caos afastado, que desvie nosso olhar? Se a teoria puder ser chamada de "ciência", ótimo.  Se a teoria puder ser chamada de "religião", "astrologia" ou "terapia holística", tanto melhor."  p.118

"A cada 100, 200 anos, surge um novo gênio que muda os paradigmas.  Pode demorar, mas acabamos acreditando nele, no que ele diz e nas coisas que ele prova. Qualquer coisa que nos salve deste espanto, deste susto que é estar vivo, nos atrai."  p.119

Pode-se encontrar também o humor gostoso que defino como aquele que "arde mas não fere", nos acontecimentos mais corriqueiros do cotidiano simples, por exemplo:

"E-mail da Lucila: 'Oi, querida. Até a semana passada eu tinha uma máquina de lavar que pensava que era um helicóptero, fui lá nas Casas Bahia e fiz um carnê (que apesar dessa minha pose, sou pobre e adoro um carnê).  Agora tenho uma máquina que pensa que é um criado mudo, silenciosa de tudo, eu fico lá, igual mãe recém-parida, toda hora vou checar se a bichinha tá funcionando.  Dona-de-casa não tem sossego., Beijos, amore. Te amo. Lucila.' "  p.127

A ironia contundente:

"Dei uma entrevista na TV para divulgar o vernissage.  Em pânico, atordoada, fui maquiada e solta debaixo de umas luzes furiosas.  A entrevistadora transformou todos os meus defeitos em atrações especiais.  Depois de ser entrevistada por ela, não moro mais no bairro pobre de uma cidade pequena.  Moro num 'refúgio à beira-mar'. Não sou mais esculhambada, sou 'despojada, blasé e chique'.  Meu alcoolismo, meu ostracismo profissional, a morte da minha filha e todas as merdas pelas quais já passei foram 'experiências marcantes, que me ajudaram a amadurecer 'enquanto artista e enquanto ser humano a nível emocional '. Eu juro por Deus.  Enfrentarei a exposição tentando me sentir não esquisita, mas 'excêntrica'.


Em algumas passagens, o texto é composto com os chamados clichês, provérbios, partes de textos publicitários, ditados populares, tudo aparentemente  sem nexo.
Há um turbilhão na mente da personagem que tenta se entender e se completar para se recompor existencialmente.
Esses chavões enfileirados remetem a sua infância, sua adolescência, seu aprendizado social, os amores vividos, enfim, toda a sua formação e - por que não? - a de todos nós. Em algum momento de nossa vida, todos já ouvimos ou dissemos essas frases:

"O mundo vai acabar. Eu nunca mais falo sobre isso. Quem te viu quem te vê. Contém flúor. Diz obrigada pra tia. Seu cabelo ficou uma seda. Siga as instruções. Se você não fizer, alguém fará. Ouça a voz da razão. Faça bom proveito. Ela tem cabelos naturalmente encaracolados. Ele é bom n que faz. Só faço isso porque te amo. Caiu como uma luva." p.111
(...)
"Somos apenas bons amigos. Você deu sorte. Eu estou me acostumando aos poucos. Dá licença, por favor. Quebra um galho aqui pra mim? Eu não aguento mais. Não fale comigo nesse tom. Queria que você se lembrasse de tudo como eu me lembro. Tudo o que é meu é seu. Foi a melhor ideia que você já teve. Vamos para um lugar mais calmo? Foi um golpe de sorte.  p. 111

Essa tempestade cerebral continua em trechos das páginas 112, 113 e 114.

Para mim, lembranças das aulas na faculdade quando estudávamos as classificações do discurso ( o 'indireto livre', o monólogo interior...).
Um excelente e agradável exercício de leitura, ao qual me proponho com muita satisfação. 
Talvez eu esteja precisando desse distanciamento da realidade que só a boa literatura ficcional pode, com talento e sensibilidade, nos proporcionar.

Há momentos também de profundo lirismo, de profunda dor, sempre descritos em perfeita comunhão com o desencanto e desespero da pesonagem.

Uma frase pequena, mas que dói:  "Um dia eu vou fazer sentido."

De todo modo, o que pretendo é registrar a boa surpresa e a admiração por essa autora.

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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ALBERT EINSTEIN



"Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à nossa humanidade: o mundo terá apenas uma geração de idiotas". 
Albert Einstein


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